O PSTU, basta um governo do PT estar ameaçado pela direita, começa a fazer sua campanha de sabotagem, como agora, em editorial publicado em seu sítio, no dia 2, sob o curioso título “Começar 2023 com o pé esquerdo, construindo a independência política da classe trabalhadora”.
Realidade paralela
Segundo o editorial, “Infelizmente, enquanto as ruas e o povo exigem que os envolvidos no golpismo sejam punidos “Sem Anistia” e, ao contrário do que a situação exige, a orientação do governo Lula passa por negociação com a cúpula das Forças Armadas e com peixes grandes do Bolsonarismo”. O autor do editorial, talvez, frequente ruas que a esmagadora dos brasileiros não frequenta. Pois não se vê o povo e as ruas exigindo o ‘sem anistia’, que, como todos sabemos, é uma palavra de ordem inócua que não tem relação com as necessidades concretas da classe trabalhadora.
O PSTU critica Lula por negociar com as Forças Armadas, apenas omitindo o fato de que o governo está enfraquecido e precisa manobrar. Depois dos distúrbios do 8 de janeiro, acha “inadmissível deixar as Forças Armadas intactas. Tanto a cúpula quanto sua formação”. E quem esse grupo acredita que tenha poder para punir os militares? No papel, todas as batalhas já estão ganhas.
É muito simples fazer insinuações sobre as reuniões que o governo tem feito e que seja “difícil acreditar que seja algo de interesse para os trabalhadores” que estão “passando pano para golpista”. O PSTU é um dos partidos que não perdem a oportunidade de enfraquecer o governo. Depois, quando esse governo enfraquecido é obrigado a manobrar, critica a manobra.
Esquerdices
Em vez de levar adiante uma luta real, com base na situação política, o PSTU recorre a chavões, como, por exemplo: “A única coisa que podemos constatar, com certeza, é que, apesar de ter gente que defende ditadura militar e outros que defendem esta democracia dos ricos, todos têm acordo em defender o capitalismo e os interesses das grandes empresas (…) Enquanto isso, o povo segue sofrendo”. Esse partido agora esconde a mão, mas apoiou o golpe que jogou milhões e milhões de brasileiros na pobreza e no sofrimento. E, é bom lembrar, se houver um novo golpe de Estado, será ainda pior do que o de 2016.
O PSTU não pode deixar de pegar carona nos assuntos da moda, principalmente os identitários, para ver se fatura algum dividendo político. Por isso diz que “enquanto acordões são costurados com os ricos e poderosos, em Brasília, o garimpo ilegal segue devastando a Amazônia e os povos indígenas, gerando uma situação de genocídio e calamidade dentre os Yanomamis”.
Os ianomâmis vêm sofrendo desde os tempos da ditadura, mas até isso tem de ser colocado na conta de Lula e do PT.
Em seguida, o editorial aproveita para fazer coro com o imperialismo para alertar sobre as ‘mudanças climáticas’ afirmando que “os efeitos perversos do capitalismo na destruição do meio ambiente foram impulsionados por Bolsonaro, mas isso vem de muito tempo atrás e envolve vários governos”. E, ‘vários governos’, claro, é mais uma forma de indireta de responsabilizar os governos Lula e Dilma.
Golpismo
Após criticar a composição do governo, o PSTU diz que “os trabalhadores têm que ficar de olho. É preciso repudiar qualquer ameaça golpista. Mas também não é possível apoiar este novo governo de Lula”. Ora, quem o PSTU acha que engana? Quem não apoia o governo diante de uma possibilidade de golpe está do lado dos golpistas. A mesmíssima política de 2016, quando tentou disfarçar sua adesão ao golpe com a palavra de ordem “Fora todos eles” (grifo nosso).
O editorial aproveita para repetir uma mentira que tem se tornado comum em alguns setores da esquerda, de “As alianças e as políticas que vêm sendo implementadas, a despeito das expectativas dos trabalhadores, estão em consonância com tudo que defendem Biden e os países imperialistas”. Estranha acusação, pois Lula vetou o envio de munição de tanques para a Ucrânia, contrariando Biden. Sem mencionar o fato de que existem estudos para uma moeda comum para o Brics e América Latina. Isso, seguramente, está em total dissonância com o capitalismo, que baseia a economia no dólar.
Como esse partido é obrigado a reconhecer “o governo chamou as centrais sindicais e os movimentos sociais para reuniões”. E, mesmo assim, aproveita para criticar, afirmando que “longe de apresentar alguma medida para atacar os lucros dos capitalistas ou atender as reivindicações dos trabalhadores, na verdade, quer apenas que os movimentos apoiem o governo”. O que mostra que o PSTU não entendeu que o governo precisa de apoio para poder atender as reivindicações dos trabalhadores.
O golpismo vai ficando cada vez mais explícito conforme o artigo caminha para o final. Diz que “Os trabalhadores devem ser independentes do governo e construir uma oposição de esquerda, diferente do bolsonarismo. Para enfrentar o sistema e também a ultradireita é preciso que os trabalhadores confiem nas suas próprias forças. Não é possível que sejam prisioneiros dos capitalistas e do governo Lula-Alckmin”. O ‘truque’ do PSTU é tentar se colocar à esquerda de todo mundo, no entanto, diante da possibilidade de golpe não existe terceira via. Mais uma vez estará na mesma trincheira que a direita.
Como não pode faltar nos textos do PSTU, sempre vem o recheio ‘super esquerdistas’ para tentar mascarar sua política direitista: “nossa luta se choca com o próprio sistema capitalista”, “é preciso mudar esse sistema”, “projeto de país construído pelos trabalhadores”, e blá-blá-blá.
Essa política precisa ser denunciada. Em nome ‘construção de um programa socialista’, o PSTU tem defendido todo tipo de golpismo, o que tem de ser constantemente denunciado e combatido.