Honduras

Xiomara Castro denuncia mobilização golpista organizada pelos EUA

A denúncia de Xiomara Castro não é um mero alerta sobre a possibilidade de um golpe futuro, mas a constatação de que o golpe já está em andamento

A presidenta de Honduras, Xiomara Castro, denunciou no úlitmo dia 4 uma tentativa de golpe de Estado semelhante ao que derrubou seu marido Manuel Zelaya, em 2009. Ao fazê-lo, Castro expôs mais uma vez a constante intervenção do imperialismo norte-americano nos assuntos internos da América Latina. Em cadeia nacional de rádio e televisão, Castro informou a existência de um plano “para destruir meu governo socialista-democrático e o próximo processo eleitoral”, alertou criticando também a participação dos EUA no golpe:

“Como eu disse nos dias anteriores, depois das ameaças feitas pela embaixadora dos EUA, acusando o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e o ministro da Defesa de serem traficantes de drogas, reafirmo que a paz e a segurança interna da República estão em risco”.

A presidente acusa a embaixadora dos EUA Laura Dogu de estar ativamente participando do plano em marcha para desestabilizar o governo hondurenho. No início do mês, Dogu causou uma celeuma ao caracterizar uma reunião entre membros dos governos hondurenho e venezuelano como um encontro das autoridades do país caribenho com “membros de um cartel”.

“Foi surpreendente ver autoridades do governo [hondurenho] sentadas com eles porque sei que a presidente [Xiomara Castro] está em uma luta constante contra os traficantes de drogas. E foi surpreendente ver autoridades do governo sentadas [ao lado de] membros de um cartel com sede na Venezuela”, disse a diplomata a jornalistas. Ela acrescentou que o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, que se reuniu com o secretário de Defesa de Honduras, José Manuel Zelaya Rosales, é uma das autoridades que já foram sancionadas pelo governo dos EUA.

O objetivo é claro: desmoralizar o governo e, com isso, qualquer resistência ao controle imperialista, pavimentando o caminho para a instalação de um governo submisso aos interesses norte-americanos. “Depois das ameaças da embaixadora dos Estados Unidos (EUA), acusando o chefe de Estado Maior conjunto das Forças Armadas e o ex-ministro da Defesa de narcotraficantes, ratifico que a paz e a segurança interior da República estão em risco”, reagiu Xiomara.

Além disso, os golpistas também publicaram um vídeo envolvendo narcotraficantes e políticos locais, incluindo Carlos Zelaya, cunhado da presidenta, o que foi considerado pelos nacionalistas hondurenhos como mais um exemplo das táticas sujas empregadas pelos golpistas. O vídeo em questão tem 11 anos, mas foi estrategicamente trazido à tona neste momento, para criar um escândalo contra o governo de Castro.

A história de golpes de Estado fomentados pelos Estados Unidos na América Latina é extensa, e o que ocorre em Honduras não é uma exceção. Em 2009, quando Zelaya foi deposto, o roteiro foi muito semelhante: uma campanha de desinformação, manipulação institucional e apoio silencioso, mas decisivo, de setores conservadores aliados ao imperialismo. Agora, em 2024, Xiomara Castro enfrenta uma situação similar, com forças opositoras, em conluio com os Estados Unidos, trabalhando para destruir seu governo.

Sob a máscara de “promoção da democracia”, os Estados Unidos têm acentuado a política intervencionista, de desestabilização de governos que não se submetem ao imperialismo. E não é diferente no caso de Xiomara Castro, que agora enfrenta uma conspiração para remover seu governo socialista-democrático e minar as eleições que se aproximam.

As declarações de Dogu, acusando membros do governo de envolvimento com o narcotráfico, são uma forma de legitimar uma intervenção imperialista em Honduras, sob o pretexto de “combate ao tráfico de drogas”. Esse tipo de retórica tem sido utilizado repetidamente pelo imperialismo para justificar sua presença militar e política na América Latina, sempre visando proteger seus próprios interesses econômicos e políticos, que passam, inevitavelmente, pela submissão total dos povos latino-americanos.

A presidente foi enfática ao afirmar que, embora seu governo esteja comprometido com o tratado de extradição vigente com os EUA como parte da luta contra o narcotráfico, não permitirá que o tratado seja instrumentalizado de forma seletiva para desmantelar as Forças Armadas e abrir caminho para um golpe. Esse tipo de manipulação seletiva é uma tática comum usada pelo imperialismo para atacar governos que não seguem sua agenda. Assim como ocorre com Xiomara Castro, essas acusações de narcotráfico são convenientemente dirigidas contra líderes que ousam desafiar o domínio norte-americano.

Essa postura firme da presidente é uma tentativa de manter a soberania de Honduras diante das investidas imperialistas. Contudo, o maior obstáculo para Castro é o fato de que seu partido, o Libre, enfrenta uma oposição majoritária no Congresso, composta por forças políticas que têm muito a ganhar com o enfraquecimento do governo. 

O momento em que essas acusações surgem é crucial para entender a gravidade da situação. A denúncia de Xiomara Castro não é um mero alerta sobre a possibilidade de um golpe futuro, mas a constatação de que o golpe já está em andamento. A presença dos EUA no processo, através de sua embaixadora, é a confirmação de que o imperialismo está, mais uma vez, por trás de uma tentativa de desestabilização de um governo popular na América Latina.

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