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Rússia

Nord Stream vira sinuca de bico para as grandes seguradoras

Empresas são pressionadas a não pagar o seguro pelo atentado contra o gasoduto russo, mas enfrentam uma situação que pode comprometer a credibilidade das mesmas

O Nord Stream é um gasoduto que liga a Rússia à Alemanha, passando pelo fundo do mar Báltico; percorre 1.224 km, iniciando na cidade russa de Viburgo e chegando ao norte industrial da Alemanha, na cidade de Greifswald. Como toda obra de infraestrutura industrial desse porte, o gasoduto possui um seguro contra acidentes, nesse caso, fornecido pelas companhias inglesas de seguros Lloyd’s Insurance Company e Arch Insurance, gigantes do mercado de seguros mundial.

O contrato do seguro do Nord Stream com as seguradoras citadas, porém, possui uma cláusula que isenta as companhias seguradoras de pagar o seguro, caso o sinistro tenha sido provocado por um governo em uma situação de guerra. Essa cláusula tem sido usada pelas seguradoras para requerer na justiça o direito de não pagar o seguro à Nord Stream AG devido ao “acidente” com o gasoduto segurado.

Conforme reportagem do portal The Grayzone, que teve acesso aos documentos do processo, o argumento para não pagar os 400 milhões de euros relativos ao “prêmio” contratado foi que é “mais provável do que improvável que o ato de terrorismo e sabotagem industrial que destruiu parte do gasoduto Nord Stream tenha sido realizado por um governo.” Sediada na Suíça, a companhia Nord Stream AG abriu um processo no tribunal de Londres contra as seguradoras, para que elas paguem os 400 milhões de euros para cobrir os prejuízos da recuperação do gasoduto.

As seguradoras também argumentam para não pagar o seguro devido, que poderão ser sancionadas pelos EUA por estarem pagando a uma empresa que tem capital russo, país que está sob forte sanção econômica da OTAN e dos EUA, devido à guerra da Ucrânia.

Além disso, Lloyd’s e Arch foram ameaçadas com sanções, em 2021, pelo governo dos EUA, para que não pagassem os danos ocasionados ao gasoduto Nord Stream 2, que ainda não foi inaugurado, mas corre em paralelo ao Nord Stream original e também foi afetado pelas explosões.

Por outro lado, a recusa das seguradoras Lloyd’s e Arch de fazer o seguro dos navios petroleiros do Irã, devido às sanções dos EUA, também compromete sua reputação de alegada independência dos Estados. O que as companhias de seguro enfrentam agora é o risco de perder totalmente sua credibilidade e a confiança dos segurados, o que poderá ser um desastre para elas e significar a perda do domínio sobre o mercado mundial que essas empresas ainda detêm. 

Em setembro de 2022 foram detectadas explosões no Mar Báltico, exatamente onde o Nord Stream está instalado, e vazamentos de gás foram verificados. As hipóteses sobre a responsabilidade do atentado terrorista, talvez o maior da História, ocorrido em instalações industriais civis, são variadas. Lançaram-se suspeitas até sobre a própria Rússia, evidentemente uma hipótese bastante absurda. A empresa Nord Stream AG avaliou os prejuízos da sabotagem ao gasoduto em um 1,2 bilhões a 1,35 bilhões de euros.

O jornal norte-americano Washington Post (praticamente um porta-voz da CIA) concluiu que o violento ataque ao gasoduto, foi realizado por um grupo de bandidos ucranianos, sem ligações diretas com governos. Essa versão foi adotada pela quase totalidade dos meios de comunicação imperialistas.

Pelas dimensões do atentado, no entanto, pela estrutura da própria obra, com massivas proteções de aço e concreto para resistir a quase tudo, corrosão marinha, correntes, choques mecânicos, etc., fica difícil crer que um bando mal organizado e mal equipado possa ter descido a altas profundidades no gelado Mar Báltico e colocado uma quantidade suficiente de explosivos para destruir o gasoduto; a explosão submarina provocou uma “bolha” na superfície das águas de mais de 1 km de diâmetro. Um trabalho digno do Super Homem ou do país que criou o personagem que usa a cueca por cima das calças.

O veterano e premiado jornalista investigativo Seymour Hersh, entretanto, depois de uma profunda pesquisa sobre o ataque ao gasoduto Nord Stream, concluiu que o gigantesco ato de terrorismo contra uma instalação industrial civil, só pode ter sido cometido por um Estado forte e com grande poder militar para efetuar tal “proeza”: os EUA.

Tem capacidade de transportar até 55 bilhões de metros cúbicos de gás russo por ano, para movimentar a indústria alemã e aquecer os lares tedescos, a preços módicos. Sua construção foi iniciada em 2010 e concluída em abril de 2012. Atualmente o gasoduto é administrado pela empresa Nord Stream AG, uma parceria de iniciativa russa, alemã, francesa e holandesa (Gazprom, russa, com 51% do controle acionário, Wintershall Dea e E.ON, alemãs, Gasunie, holandesa e ENGIE, francesa, são as companhias que compõem a Nord Stream AG).

No ano de 2020, 43% das importações de gás natural da União Europeia provinham da Rússia. Em fevereiro de 2022, iniciou a Operação Militar Especial no Donbass, que deu origem à guerra de procuração do imperialismo contra a Rússia, com a Ucrânia como bucha de canhão; a partir daí o percentual de importações europeias do gás russo já havia caído para 35% do total. Ao final de 2022, esse percentual chegou a apenas 13%.

A sabotagem industrial – ato terrorista de Estado ou de indivíduos?

Interrompido o fornecimento de gás russo para a Alemanha, os EUA passaram gentilmente a fornecer o gás para a indústria alemã. Por um preço bem mais alto, naturalmente. Porém, a jogada norte-americana acabou saindo pela culatra geopolítica. Causou mal-estar profundo e inflação na Europa e ainda ajudou a aumentar a renda da Rússia com petróleo e gás, quando esta diversificou seu mercado e conseguiu obter novos clientes e ampliar suas exportações no oriente, para países como China e Índia, entre outros.

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