O Brasil vai receber, em 2025, a Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, a COP-30, evento que tem se notabilizado por reunir vários chefes de Estado, ONGs e toda a sorte de figuras relevantes ou não quanto ao tema: artistas, militantes, influencers, empresários. Mais precisamente, o evento será em Belém, no Pará, e foi apregoado, quando Lula proclamou o Brasil sede do encontro na edição de 2022, como acontecimento fundamental para a atenção aos problemas ambientais brasileiros.
No entanto, a verdade é que a COP-30, em que pese acontecer em território brasileiro, não será diferente do que sempre foi: um encontro de poderosos decidindo quase nada e fazendo muito lobby empresarial e de inteligência para os países imperialistas, a fim de dar as cartas sobre as políticas ambientais e de desenvolvimento dos países mais pobres. Políticas industriais, logísticas e infraestruturais proibitivas para países periféricos, que não são factíveis sequer para uma Alemanha (onde se discute rever a substituição obrigatória dos carros a combustível por elétricos, agendada para 2030) só podem existir em favor dos países imperialistas, e, portanto, dos grandes capitalistas, contra a classe trabalhadora até dos países ricos.
Quando à população, o evento também ignora problemas latentes para os moradores locais, como se o ser humano não fosse parte do meio ambiente. Ou não foi, naquele 2022 em que Lula esteve na COP, uma cidade egípcia da península do Sinai, a sede do evento. Ali, cem quilômetros a nordeste, estava a Faixa de Gaza, dois anos antes de estourar o principal massacre de um povo neste século, e a divisa do evento ficou sendo “o Brasil voltou”, quando, na verdade, o tema urgente para a região já era a Palestina.
Não há de se esperar nada de um evento da ONU para grupos pró-imperialismo discutirem suas platitudes regadas ao maniqueísmo contemporâneo sobre o meio ambiente. Na verdade, será repetida a essência da Eco-92, do Rio de Janeiro: muita gente famosa, muito chefe de Estado, e pouca mudança real no cotidiano. Ou, 32 anos depois, o Rio é uma cidade melhor e mais limpa?