Cuca não deveria ter se retratado. Assim começo essa argumentação, deixando tácita minha opinião sobre o tema. Para quem não sabe, o treinador Alexis Stival, Cuca, um dos mais vitoriosos do País, vem sendo atacado a cada novo emprego, em razão de uma suposta suruba feita, quando era jogador, com uma menor de idade num hotel na Suíça, quando o Grêmio fazia excursão em 1987. O caso é obscuro, com indícios de consensualidade por parte da garota e desconhecimento de sua idade, supostamente 13 anos, por parte dos jogadores.
Depois de perder um emprego no Corinthians em 2023 e, possivelmente, na seleção brasileira, ele foi buscar justiça na Suíça e conseguiu: ante o fato de ter sofrido um julgamento de exceção, ao não se defender, Cuca conseguiu a anulação do processo. Ato jurídico parecido com o que tirou o presidente Lula de sua prisão injusta, mas, no caso de Cuca, uma decisão juridicamente mais forte: Lula teve seu julgamento devolvido à primeira instância, passível de ser retomado; Cuca teve o julgamento anulado e ele jamais será reaberto.
Portanto, Cuca, assim como Lula, são inocentes, pois sem condenação judicial todos somos inocentes. E inocente não dá satisfação. Ao assumir o Athletico Paranaense, Cuca fez um pronunciamento regado a clichês feministas, a fim de assegurar seu trabalho. O que é um disparate. Sujeito inocentado (se lhe foi devolvido o estado de inocência, é inocentado) não presta mais contas de seu suposto crime (suposto, sim, já que para se falar em crime deve haver condenação).
O feminismo pequeno-burguês identitário pressiona os homens para além da justiça, condenando a priori, e, agora, a posteriori da anulação. E o feminismo operário, que se preocupa com as mulheres da Palestina, sequer pode tomar sua parte nas manifestações de 8 de março. E todo mundo trata esse movimento, neoliberal, vazio e persecutório, como uma corrente ideológica de esquerda, ainda que jamais tenha nascido das universidades de qualquer país socialista, e sim da França e dos Estados Unidos.