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PCB

 Stalinistas, adictos do golpismo de esquerda?

Igual fez em 2015-16 com Dilma, PCB caracteriza governo Lula como um governo do imperialismo

A esquerda pequeno burguesa, após a eleição de Lula, abriu sua gaveta onde deixou a sua política totalmente falida de 2016 para aplicá-la novamente. Parece que Dilma está novamente no governo e precisa ser combatida, não importa que a direita e o imperialismo estejam se organizando para desestabilizar e derrubar seu governo. É o caso do PCB, que determinou essa política, de forma tímida, em sua reunião de Comitê Central de fevereiro de 2023. A nota está pública no sítio do partido (“Os rumos da luta de classes sob o governo Lula-Alckmin”) e tenta argumentar o porquê de o PCB continuar mantendo sua posição de não apoiar as ações do governo Lula que vão ao encontro dos interesses dos trabalhadores.

O texto começa falando sobre a mudança da conjuntura política internacional, que adentrou um período de crise muito mais profunda. Depois ele descreve a situação brasileira abordando as manifestações bolsonaristas após as eleições, as categorizando como golpistas. De fato, as manifestações têm como objetivo derrubar o governo eleito, o bloco político que está detrás desses atos, os militares, certamente tem intuito de derrubar o governo Lula se possível, assim como fizeram com Dilma. O PCB, no entanto, erra em categorizar o ato do dia 8 de janeiro como uma tentativa de golpe quando, na verdade, era só um início de desestabilização do governo.

“No entanto, essa aventura golpista carecia ainda de respaldo consistente no conjunto da burguesia nacional e estrangeira, como foi evidenciado nos dias seguintes pelos posicionamentos condenatórios quase unívocos dos veículos da imprensa comercial e das associações de classes dos empresários de diversos ramos.” Não se pode confundir as declarações da imprensa burguesa, que nunca é confiável, com sua posição real. Se, por um lado, um golpe imediato dado pela ala bolsonarista da direita não é aceitável, por outro, para a burguesia e o imperialismo, a desestabilização do governo Lula é muito positiva, enfraquece um governo que não está submisso aos seus interesses.

Mas o grande erro do PCB é expresso quando analisam o governo Lula: “O motivo desse ‘voto de confiança’ instável da burguesia brasileira ao governo Lula-Alckmin não é nenhum mistério. Nessas primeiras semanas de governo, ficaram evidenciadas as tentativas de reeditar um novo ‘pacto social’, com a participação de diversos setores da sociedade, abrangendo pautas e reivindicações sociais tais como a defesa das terras indígenas e quilombolas, o fortalecimento da agricultura familiar e a retomada de projetos sociais; ao mesmo tempo em que mantém a obediência estrita aos interesses dos grandes capitalistas nas pautas econômicas e administrativas, negando a revogação das contrarreformas trabalhista, previdenciária e educacional e reiterando o compromisso com a reforma administrativa e a política fiscal.” Isto é, se considerarmos que o importante é a economia, o PCB aponta o governo Lula como um governo pró-imperialista, que “mantém a obediência estrita aos interesses dos grandes capitalistas”, o que não é comprovado pela realidade.

O PCB aqui se mostra totalmente desconectado da realidade, vale tudo para atacar Lula. O presidente de fato tenta costurar acordos para governar, que poderiam ser chamados de um “pacto social”, mas isso é algo que todo governante tem de fazer no regime em que o País se encontra, afinal o presidente não detém o poder absoluto. Os acordos, no entanto não significam que Lula está a serviço da direita, sua política é evidentemente diferente daquela do PSDB e da de Bolsonaro, esses, sim, representantes da burguesia. É um absurdo afirmar que Lula mantém obediência estrita aos interesses dos grandes capitalistas. Desde o momento em que se formou a equipe de transição se iniciou a luta entre Lula e o “mercado”, ou seja, os grandes capitalistas.

No Ministério de Economia e no BNDES, Lula indicou petistas de sua confiança para que ele tivesse um controle rígido sobre a questão da economia. Inclusive, sempre que o BNDES entra em cena, o discurso chega a ser radical contra o neoliberalismo. Na indicação de Mercadante, o presidente chegou a falar em reindustrializar o Brasil, agora em sua posse houve o discurso sobre o Banco Central e a taxa de juros absurda. A política de Lula tem sido de atrito com os capitalistas, o que acontece é que Lula não está conseguindo travar esse embate com afinco, algo que só é possível com a mobilização popular exigindo que suas necessidades sejam atendidas. Visto que o PCB não consegue conceber a mobilização em defesa dos interesses dos trabalhadores, que não se confunda com um apoio ao golpismo da direita, ele inverte o quadro e aponta que Lula, na verdade, está a serviço dos capitalistas.

Este ponto é muito importante, pois é repetido por um setor da esquerda pequeno-burguesa e até por um setor dito nacionalista. A timidez ou incapacidade da política de Lula de lutar contra o imperialismo, típica do nacionalismo burguês, é tachada como uma política pró-imperialista, um erro crasso. Primeiro que Lula já tomou medidas muito bem definidas, no primeiro dia de governo indicou a revogação de oito privatizações em andamento, foi à CELAC, impediu o envio de armas para a Ucrânia, voltou a financiar obras de infra estrutura na América Latina, reabriu as relações com a Venezuela, dentre outras. Medidas que desagradam os capitalistas internacionais.

Já onde ele não conseguiu, deu sinalizações do que pretende fazer. Lula já indicou que quer reverter a privatização da Eletrobrás, está contra a independência do Banco Central, quer o aumento do salário mínimo, dentre outros. O fato é que o que ele quer está no meio do caminho entre o que a burguesia poderia conceder e as verdadeiras necessidades dos trabalhadores. E no atual quadro ele não tem força para tomar essas medidas, a pressão do imperialismo é muito grande, o Congresso é totalmente contra, os militares são contra, a imprensa burguesa é contra e o STF é contra. Isso é ignorado pelo PCB, toda a sabotagem da direita contra o governo, assim como ignoraram a sabotagem que a direita fez com Dilma em 2015-16. Com essa tese, muitos tacharam Dilma de neoliberal e fizeram uma campanha golpista pela esquerda.

O PCB afirma que a política de Lula é contra “a revogação das contrarreformas trabalhista, previdenciária e educacional e reiterando o compromisso com a reforma administrativa e a política fiscal.” Isso também é absurdo, Dilma foi derrubada justamente para que essas reformas fossem feitas, ou seja, não são políticas do PT de 2016, quem dirá do Lula de 2023. A direita faz uma pressão para que o governo não consiga tomar políticas de esquerda, mesmo que ele queira. Só a classe trabalhadora mobilizada pode fazer uma pressão contrária e assim conquistar essas reivindicações. E aqui fica o ponto crucial que o PCB não consegue entender de forma alguma: com essa política, o PCB nunca irá influenciar a classe operária a lutar por suas necessidades.

A direita se unifica para impedir que Lula governe para os trabalhadores e obtendo sucesso para que Lula seja derrubado. A esquerda deve se unificar para defender as pautas dos trabalhadores de forma independente do governo, mas estando à frente deste sempre quando proponha medidas que vão ao encontro dos interesses dos trabalhadores. Não existe terceira posição, ficar isento nessa luta é apoiar o lado mais forte, ou seja, os opressores, a burguesia e o imperialismo. O PCB e um setor da esquerda repete a política “nem nem” golpista de 2016 em uma nova versão agora com o presidente Lula. A diferença é que um golpe de Estado contra Lula seria uma derrota mil vezes maior para os trabalhadores. Já o potencial do 3º mandato de Lula é mil vezes maior para os trabalhadores.

O PCB segue o mesmo caminho que adotou em 1954, apoiou o golpe contra Getúlio Vargas. Acusava o presidente, em sua fase mais nacionalista, de ser agente do imperialismo. No fim fizeram coro com o imperialismo para derrubar o presidente. Os trabalhadores, no dia seguinte após os suicídio de Vargas, não perdoaram o PCB, atearam fogo em tudo que era golpista, desde a embaixada dos EUA, até carros da Globo e também a sede do PCB.

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