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Carla Dórea Bartz

Jornalista, com 30 anos de experiência (boa parte deles em comunicação corporativa). Graduada em Letras e doutora pela USP. Filiou-se ao PCO em 2022.

Cinema e política

Sambizanga, um filme de Sarah Maldoror

Obra retrata fatos que antecederam a luta de libertação de Angola da colonização portuguesa

Sambizanga (1972) é um filme de produção angolana e francesa dirigido pela cineasta Sarah Maldoror. No momento de sua produção, Angola estava em plena guerra por sua independência de Portugal.

É considerado oficialmente o primeiro filme angolano e inaugura a cinematografia desse país. Angola foi colônia de Portugal por quatro séculos. O martírio acabou em 1974, quando foi substituído por uma guerra civil que só terminou em 2002.

Digno de nota é o fato de que o salazarismo, a ditadura fascista iniciada por Antonio Salazar em 1933 em Portugal, só acabaria em 1974, com a Revolução dos Cravos, ajudando os revolucionários angolanos.

O filme de Maldoror retrata um momento específico desse processo. O ano é 1961, data que começa a guerra pela independência, e o enredo conta a história de Domingos (Domingos Oliveira) e sua esposa Maria (Elisa Andrade). Baseia-se no livro “A Vida Verdadeira de Domingos Xavier”, escrito por José Luandino Vieira.

Domingos é um trabalhador, um operador de máquina em uma mina, e faz parte de movimentos subversivos pela libertação de Angola. Ele, Maria e o filho ainda bebê moram em um barraco de um cômodo em Sambizanga, um distrito da periferia de Luanda.

Um dia, a polícia repressiva comandada pelos portugueses prende Domingos e o leva para a capital. Maria vê tudo e, após o choque, começa uma peregrinação a pé para achar o marido injustamente preso.

O filme oscila em mostrar o que acontece com Domingos na prisão, a reação dos militantes e a jornada de Maria que carrega, o tempo todo, o seu bebê.

Um momento especial é o monólogo do líder revolucionário Mussunda (Lopes Rodrigues) sobre a luta de classes que ele faz aos militantes em uma belíssima cena. Diz ele:

“Vocês devem saber que não há branco, nem mulato, nem preto. O que há é o pobre e o rico. E o rico é inimigo do pobre. Ele faz de tudo para que o pobre seja sempre pobre. Ele dá trabalho para que o pobre fique sempre pobre. Se não houvesse rico, não haveria pobre”.

Ao final, Domingos é assassinado na prisão. Ele é vítima de tortura por se negar a revelar seus companheiros. A resistência armada em Luanda começaria pouco depois.

Impressionante notar que, em tempos identitários e nos quais a luta anticolonial legítima é chamada de “terrorismo”, seja necessário explicar para a esquerda esse be-a-bá. Aí está um filme que não deixa dúvidas. Quem não está do lado da luta de classes, está necessariamente do lado do rico, do capital, do imperialismo, enfim, do opressor. Nesse jogo perverso, não existe posição neutra.

O filme está no YouTube, neste link.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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