Nesta semana, após acordo com o Congresso e o Senado, o governo anunciou que vai destinar 46,3 bilhões de reais às chamadas emendas parlamentares, verbas repassadas pelo Executivo em troca de apoio político no Legislativo. Em outras palavras, Lula separou dezenas de bilhões de reais do orçamento federal para tentar aumentar o seu apoio no Congresso que, agora, é tímido e heterogêneo.
Essa não foi a única concessão do petista à direita golpista, que mantém o governo, desde o começo, em uma situação de extrema instabilidade. Mesmo com a crise envolvendo o União Brasil que, até o momento e apesar de compor o Executivo, não declarou apoio ao governo no Legislativo, Lula não demitiu Juscelino Filho, ministro das Comunicações. Simultaneamente, está fornecendo mais cargos de segundo escalão aos partidos de direita, como é o caso do MDB, que já possui 3 ministérios.
Até mesmo os ministros supostamente de esquerda do governo servem à direita. Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, por exemplo, defende com cada vez mais veemência a regulamentação das redes sociais, projeto que, justamente pela pressão da direita, não enfrenta grandes resistências por parte do presidente.
Lula está fazendo concessões à direita para tentar escapar da crise na qual se encontra e para conseguir efetivamente governar. Porém, nada disso vai adiantar, trata-se do caminho oposto da política que o presidente deve seguir frente à sua atual situação.
Finalmente, os partidos de direita dentro do governo o continuam sabotando apesar de suas ações à direita, algo que tende a se intensificar. Ao mesmo tempo, quanto mais concessões Lula fizer, mais o Congresso exigirá dele. Aqui, o presidente deve ter como máxima o dito popular “você dá a mão, já querem o braço”, pois é justamente essa a tática da direita dentro do Congresso e do próprio Executivo.
A imprensa burguesa, enquanto isso, se deleita com as concessões de Lula, uma vez que, por meio delas, pode continuar a atacar seus conchavos com os bandidos da direita. Algo que, principalmente quando consideramos o poder dos veículos de comunicação da burguesia, prejudica a sua imagem frente ao povo, desgastando, cada vez mais, o próprio governo.
No momento em que o governo está sendo atacado de dentro para fora, em que ele se configura como refém do centrão no Congresso e em que é atacado diariamente pela imprensa burguesa, Lula deve voltar-se para a única força política capaz de enfrentar a burguesia: a classe operária brasileira. Foi esta que o colocou no poder e ela que pode derrotar, mais uma vez, a direita, que fará de tudo para impôr um governo cada vez mais reacionário por parte de Lula, para que se ataque ainda mais os direitos fundamentais do povo.
Lula não deve negociar com a burguesia, mas, sim, se juntar aos trabalhadores e convocá-los às ruas em defesa de suas reivindicações e de seus interesses enquanto classe. No final, sua política vacilante arma os seus próprios inimigos, acelerando o que pode vir a ser a sua derrubada.