Os principais jornais do Partido da Imprensa Golpista (PIG) mostram os dentes novamente ao presidente Lula quando este toca em uma das maiores feridas dos capitalistas: a necessidade do País em controlar o Banco Central.
“O presidente da República esbraveja contra organizações de Estado que frustram seus desejos”, escreveu a Folha de S.Paulo em editorial de ontem (08). E completou: “a autonomia operacional do órgão, fixada em lei há quase dois anos, figura nas falas sem pé nem cabeça do petista como sabotadora do crescimento.” Também na Folha, e n’O Globo, o colunista Elio Gaspari disse algo parecido: “a autonomia do Banco deriva de um ato do Congresso.”
Os ataques se dão porque Lula, diante de um Banco Central comandado por um bolsonarista e agente dos EUA, sinalizou que é um entrave para a evolução positiva das políticas econômicas do novo governo, eleito pelos trabalhadores. Desde a semana passada, Lula vem dando mostras de que não quer Roberto Campos Neto na presidência do BC e que a instituição deveria deixar de ser controlada pelo parasitismo financeiro internacional.
A classe capitalista e sua imprensa sempre fizeram uma intensa propaganda a favor da “independência” do BC, conquista que foi alcançada em 2021 graças ao golpe de Estado e posterior eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro. Ficou claro, ali, que esse era um dos objetivos da derrubada do PT do governo. Logo, a “lei” sobre a autonomia do BC é ilegítima e deveria ser revogada por Lula, assim como todas as medidas antipopulares aprovadas durante a vigência do regime golpista.
A burguesia teme que os posicionamentos de Lula inflamem o debate sobre essa necessidade premente. Por isso a onda de ataques.
“Até agora, tudo que o presidente fez foi jogar contra si mesmo e contra o País”, comentou O Estado de S.Paulo. “Ao questionar a autonomia do BC e as metas de inflação, Lula hostiliza justamente os limites a seus devaneios populistas e desenvolvimentistas, sinalizando desprezo pela responsabilidade fiscal – o que tende a pressionar a inflação e, consequentemente, os juros futuros, com imenso prejuízo para o crescimento do País e para o poder de compra dos mais pobres.”
“O problema é que, ao manter a aposta na polarização contra a qual prometeu trabalhar quando foi eleito, Lula tem dado sinalizações muito ruins que trazem consequências, também, na área econômica”, disse ainda o editorial do jornal conservador de São Paulo. Aqui está claro e desnuda-se toda a demagogia do PIG: enquanto finge-se de progressista com questões identitárias e ultra-secundárias, mostra sua verdadeira face reacionária e antilulista no principal, que é a economia.
Uma das lobas em pele de cordeiro que passou a campanha eleitoral inteira se fingindo de progressista e mesmo de petista foi a jornalista Vera Magalhães. Ex-Jovem Pan, tendo feito campanha pelo golpe contra Dilma Rousseff, e entusiasta da frente ampla que sabotasse o PT, a colunista do jornal O Globo criticou a opinião de Lula sobre Campos Neto e a autonomia do Banco Central e disse que essa política será negativa para o País.
Quando Lula coloca o dedo na ferida da burguesia, os jornais gritam contra ele. É o sinal de que está correto e precisa seguir por esse caminho, chamando a sua base popular a se mobilizar em defesa de tais exigências. Vemos aqui mais um episódio de atrito do presidente da República com o capital imperialista, que quer continuar sugando de forma parasitária as riquezas do Brasil e para isso manter o controle do Banco Central – ao invés de ficar sob a alçada do Estado, como em qualquer país soberano – é fundamental para os banqueiros.
A esquerda precisa entender que ninguém está ao lado de Lula, senão unicamente o povo trabalhador. Os “amigos” que estão dentro do governo, como MDB, PSD e União Brasil, votaram em Rogério Marinho no Senado e se posicionaram contra a política de Lula para o BC. Os “amigos” da imprensa, que se passa por democrática, latem contra o petista porque os banqueiros não querem abrir mão de nada para encher a barriga do povo pobre. Somente esse povo pobre, organizado pela esquerda, pode combater a política que os golpistas (de fora e de dentro do governo) querem manter sobre os trabalhadores. Isto é, uma política de saque e empobrecimento constante da população.