O tal de naming rights está destruindo uma das coisas mais importantes do futebol: a identificação. O povo não se identifica apenas com uma camisa, um escudo, as cores, mas também com o nome dos estádios, dos campeonatos, dos jogadores. E, do dia pra noite, ou em dez anos, todos os lugares que conhecemos no futebol se tornaram nomes de empresas. Os campeonatos, igualmente, têm de levar nomes de patrocinadores junto ao nome de verdade.
Isso teve um estranho começo lá nos anos 1990, e ganhou mais notoriedade com a Allianz Arena, estádio do Bayern de Munique que foi o principal da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, onde a Itália se sagrou campeã. Aqui, foi tentada a Kyocera Arena, no lugar da Arena da Baixada. Não pegou. Era inimaginável que colasse, no Brasil, nome tão ridículo. Parecia ridícula a tentativa do Athetico Paranaense de vender o nome de seu estádio.
Pois… Anos mais tarde, quase todos os estados têm esses nomes. Corinthians não joga mais no Pacaembu, mudou-se para a NeoQuímica Arena. Atlético deixou o Mineirão e foi para a MRV Arena. O próximo homicídio é o nome do talvez segundo mais importante estádio brasileiro: o Morumbi, que teve o nome vendido pra fabricante de chocolates Mondelez e vai se chamar MorumBis, em referência ao biscoito coberto de chocolate. Só falta o Maracanã.
E os campeonatos também se foram. Brasileirão virou Brasileirão Assaí, Libertadores, Santander/Bridgestone/Toyota Libertadores, etc. Hoje, metade das ligas do mundo leva o nome de um patrocinador.
Agora… Pasmem, o Vitória da Bahia se chamará Fatal Model Vitória, e aí a criançada, ainda não sabemos, vai junto com os pais ao estádio, uniformizada sob o nome de um site de cafetinagem.
Esse é o Brasil, esse é o capitalismo. A marcha ao progresso nos desumaniza e nos faz garotos propagandas das empresas. Daqui pouco se falará: a “a torcida Chevrolet do Flamengo”.
Lugar de patrocinador é na placa. Na camisa, basta um. O futebol não é uma página de classificados.