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Esquerda pró-imperialista

“Armas para a Ucrânia!”, insanidade do morenismo

Passado quase um ano de guerra da Rússia contra o imperialismo, um setor da esquerda segue a reboque de Joe Biden pedindo alinhamento do Brasil com os EUA

Desde o início da guerra da Rússia contra a OTAN na Ucrânia, em fevereiro de 2022, o partido de esquerda que se colocou mais categoricamente ao lado do imperialismo foi o PSTU, que mantém a mesma posição até hoje. Há cerca de duas semanas, o governo Lula vetou o envio de munições para a Ucrânia, na prática, se colocando contra a intervenção imperialista contra a Rússia. Os morenistas então dispararam mais um ataque ao governo Lula, acham que ele deveria se alinhar com a OTAN contra a Rússia, um absurdo para um partido autoproclamado marxista. O texto em questão está no site do PSTU sendo intitulado: Lula repete Bolsonaro e veta munição para Ucrânia.

O texto começa igualando a política de Lula à de Bolsonaro usando o fato de que em abril de 2022 o ex-presidente não enviou armas para a Ucrânia:” Esta posição representa uma continuidade da posição do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro.” Este é o primeiro erro, Bolsonaro por ter uma relação mais forte com a burguesia nacional e com a ala de Trump nos EUA não se colocou ferozmente a favor da Ucrânia, mas também teve uma posição muito distante de Lula. O atual presidente já condenou a OTAN como uma das culpadas da guerra em mais de uma oportunidade. Além disso, em abril de 2022 a conjuntura era outra, os países da OTAN agora estão em crise, não conseguem mais suprir a Ucrânia com armamentos, a pressão em cima de Lula, portanto, é muito maior do que foi em cima de Bolsonaro no último ano.

O PSTU então cita outro caso como justificativa para a tese de que Lula, na verdade, não seria “pacifista”: “Apesar das declarações pacifistas, o presidente Lula permitiu o envio de US$ 500 mil em bombas de gás lacrimogêneo para o Peru em 18 de janeiro. Compradas da empresa brasileira Condor Indústria Química em 20 de dezembro, elas serão utilizadas para a repressão do levante camponês e popular peruano que exige a renúncia do governo, novas eleições para presidente e congresso, além de uma assembleia nacional constituinte.” De fato, o presidente Lula poderia ter vetado o envio das bombas de gás para o Peru se posicionando contra o golpe de Estado no país, contudo a venda foi feita em 20 de dezembro, colocar o envio das armas em sua conta é absurdo. Além disso, o Peru não está em guerra e não é possível comparar a venda de bombas de efeito moral com munição para tanques de guerra.

O texto então cita a grande indústria bélica brasileira, com exportações de mais de um bilhão de dólares para mostrar, ainda, que Lula não seria pacifista: “Ou seja, a decisão de Lula nada tem a ver com o suposto pacifismo do governo brasileiro, mas sim, da mesma forma que Bolsonaro, a motivação para esta decisão foi, além das relações amistosas com o ditador russo, o comércio de fertilizantes.” Aqui o PSTU adota a política do imperialismo de considerar Putin um ditador que deveria ser combatido pelo governo brasileiro que eles consideram estar a serviço do mercado de fertilizantes. Esquecem que o Brasil e a Rússia compõem o BRICS e que o fortalecimento da integração destes países é muito positivo na luta contra o imperialismo.

Para se entender o problema da análise do PSTU é preciso compreender a sua tese sobre a guerra na Ucrânia. O partido morenista considera que Putin é um agressor e que o povo ucraniano está resistindo heroicamente contra a invasão dos russos. Eles ignoram a existência do exército nazista ucraniano financiado pela OTAN, da agressão da OTAN a Rússia, dos laboratórios de armas biológicas financiados pelos EUA, do fato de que o governo da Ucrânia surgiu de um golpe de Estado organizado pelos EUA, da guerra de 8 anos em que os russos do Donbas foram massacrados pelos ucranianos etc. Para eles a guerra não se dá entre a OTAN e a Rússia, mas sim entre o ditador Putin e o povo ucraniano, um absurdo total.

Para justificar essa tese totalmente fora da realidade, é preciso de um malabarismo muito grande: “Este episódio demonstra, antes de mais nada, o que é o apoio dos países da OTAN à Ucrânia. O envio tardio de material bélico desatualizado e a conta-gotas para a Ucrânia expõe a verdadeira política do imperialismo americano e europeu: evitar uma derrota de Putin mas também evitar que Putin tome todo o território ucraniano, anexando suas terras e riquezas e impondo um governo subserviente a Moscou.” O PSTU considera que o financiamento de mais de 100bilhões de dólares dos EUA e todo o apoio dos governos europeus são um auxílio a “conta-gotas”. A Ucrânia hoje só existe devido a esse auxílio, são os países imperialistas a única sustentação que o regime possui, se as “gotas” de bilhões de dólares parecem hoje a Rússia venceria a guerra amanhã de manhã.

E, além disso, o PSTU considera que o imperialismo quer evitar a derrota de Putin! A Rússia é atualmente o país mais sancionado do mundo, até os músicos russos foram censurados, o futebol russo foi excluído da Copa do Mundo e do campeonato europeu, toda a imprensa russa está sendo censurada, isso sem contar o investimento bilionário na guerra contra ela citado acima. O maior desejo do imperialismo hoje é a derrota de Putin, algo quase impossível. Mas para sustentar a sua tese, o PSTU agora inventa que a Rússia e a OTAN estão do mesmo lado, contra o povo ucraniano e o PSTU, essa é a única “explicação” para se colocar ao lado da Ucrânia.

Outro argumento do PSTU é de que os russos estariam fazendo um acordo com a CIA: “O site de notícias russo VEDOMOSTI noticiou que o chefe da CIA, William Burns, ofereceu a Moscou e a Kiev um acordo de paz baseado na entrega de 20% do território ucraniano para a Rússia, que representa aproximadamente a área que as forças russas ocupam hoje na Criméia, Luhansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson. Esta proposta representa a partilha da Ucrânia e um belo presente para o agressor, o ditador russo Putin.” Ignorando o fato que o governo russo negou a existência dessa proposta, o que está descrito acima não é um acordo e sim uma rendição. Os russos já controlam as 5 regiões citadas, com a maioria da população russa que votou pela anexação à Rússia. Caso seja verdade, o chefe da CIA não ofereceu um acordo e sim aceitou a derrota, a exceção de Odessa, que não foi invadida, os russos anexariam todos os territórios que ocuparam e que são de maioria russa.

O PSTU por fim reafirma a sua posição de que Lula deveria mandar armas para o exército nazista da Ucrânia: “A posição do governo Lula de igualar a nação agressora com a nação agredida e de negar munição para a Ucrânia favorece o regime de Putin ao enfraquecer o direito de autodefesa das massas ucranianas frente ao poderio bélico muito superior dos agressores russos.” Aqui se ignora o poderio bélico da OTAN, superior a qualquer país do planeta e que estaria se fortalecendo ainda mais com munições brasileiras. A Ucrânia, por meio da OTAN, se tornou um dos países mais bem defendidos do planeta, conseguiu sustentar uma invasão russa por quase um ano, algo que só pode ser possível pelo auxílio gigantesco da OTAN.

Os morenistas então reivindicam o alinhamento de Lula com o imperialismo: “Exigimos do governo Lula a mudança de posição de neutralidade que só beneficia o ditador russo, para um apoio ativo à resistência ucraniana com entrega de armas e um posicionamento público em favor da retirada imediata das tropas russas de todo o território ucraniano, além do pagamento de reparações para o povo ucraniano.” É uma repetição da política tradicional do partido, apoiam o golpe no Egito, o golpe na Ucrânia, o golpe no Brasil, e muitos outros. O PSTU erra em quase tudo que afirma, mas algo que parece sempre acertar precisamente é a posição do imperialismo, a qual eles assumem rigorosamente.

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