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Roberto França

Militante do Partido da Causa Operária. Professor de Geografia da Unila. Redator e colunista do Diário Causa Operária e membro do Blog Internacionalismo.

Não é novidade

O voto de cabresto

No Brasil, a manipulação dos votos existe desde sempre

cabestro

Quando por fim as massas da população deixaram de ser meras coadjuvantes representando um papel mais ou menos apaixonado na contenda entre os heróis oficiais, dividindo-os em grupos, tumultuando, entregando-se a orgias bacantes na criação de divindades parlamentares, como os Curetes cretenses quando do nascimento de Júpiter, e recebendo pagamento e tratamento por essa participação em sua glória – quando os Cartistas envolveram com massas ameaçadoras todo o círculo no interior do qual a eleição oficial deveria se realizar e observaram com o escrutínio da desconfiança tudo o que acontecia em seu curso -, então uma eleição como a de 1852 não poderia deixar de exigir indignação universal e provocar até mesmo o conservador Times a proferir, pela primeira vez, algumas palavras a favor do sufrágio geral, fazendo toda a massa do proletariado britânico gritar como uma só voz. Os inimigos da reforma concederam aos reformadores os melhores argumentos; é assim uma eleição sob o sistema de classes; é assim uma Câmara dos Comuns com esse sistema eleitoral. (Karl Marx, Corrupção nas eleições. 16 de agosto de 1852. Publicado pela primeira vez no New York Daily Tribune, no 3552, de 4 de setembro de 1852)

Corrupção nas eleições?

Karl Marx também dedicou reflexões sobre o sistema eleitoral britânico. Em 1852 no Reino Unido, os legisladores dedicaram-se, na última legislatura, a criar leis draconianas que tentavam perseguir, intimidar e estabelecer práticas e artimanhas para visarem a própria permanência no poder, uma prática tão antiga como a política: “Pouco antes de se encerrarem os mandatos […] criaram dificuldades fossem possíveis para os seus sucessores […] Votou uma lei draconiana contra o suborno, a corrupção, a intimidação e outras práticas eleitorais astutas em geral”.

Aqui no Brasil ocorrem diversas mudanças eleitorais em cima da marca. A mais aberrante foi o golpe das federações partidárias, que pasteuriza partidos políticos em programa único; e a quebra do teto de gastos pelo parlamento, a fim de assegurar o voto de cabresto. Várias “inovações” são realizadas, são feitos acordos com observadores internacionais. Até mesmo membros da CIA fazem visitas “inesperadas”, como de Victória Nuland, que distribuía docinhos durante o golpe do Euromaidan, na Ucrânia em 2014.

As mudanças mais profundas nas eleições, que não são reformas políticas que beneficiam o conjunto da população, facilita a manutenção ou eleições dos membros da burguesia ao parlamento ou até mesmo eleva ao posto capital figuras como Jair Bolsonaro. Além das reformas eleitorais, a imprensa promove campanhas como “combate à corrupção”; voto feminino empoderado (e a pseudo-campanha pelo voto identitário de modo geral); “a urna é segura” (segundo Victória Nuland…); até mesmo passar 24 horas por dia analisando pesquisas de intenção de voto, recortando os aspectos estatísticos que mais interessam para a manipulação.

O voto de cabresto permanece

Com esse arsenal legislativo e propagandístico, as eleições ficam sob controle de quem faz a lei, e da imprensa, que por sua vez recorta o que quer sobre as informações; que cria as palavras de ordem; que produz “manifestos pela democracia“; que engendra a esquerda para dentro de suas bases, como no caso do identitarismo, doutrina capturada a partir da esquerda pequeno-burguesa, que fez com que os maiores vampiros da política, o MDB e o PSDB, utilizando-se de uma latifundiária e uma portadora de tetraplegia promotora do “terceiro setor” apareçam como alternativa democrática.

Nos vestibulares, os estudantes precisam escrever que o voto de cabresto representou uma forma eleitoral impositiva e arbitrária pelos coronéis, mas na realidade o voto de cabresto jamais acabou e se aprofunda. Antes a esquerda questionava os processos eleitorais, atualmente entra na rota dos barões eleitorais, que verticalizam leis e “práticas antidemocráticas a serviço da democracia”.

A urna eletrônica tem sido o maior diversionismo nestas eleições, algo que Lula já abordou e propôs a impressão do voto. Hoje, a urna eletrônica é o totem; o tabu é questionar qualquer coisa da considerada “deusa da democracia” nas eleições brasileiras. A imprensa burguesa tem interesse nas urnas eletrônicas por quê? E a CIA? Por que não se pode questionar?

O fim do questionamento por parte da esquerda, sobretudo, favorece o voto de cabresto tecnológico, em larga escala, por manipulação da imprensa, que também não explica como as urnas eletrônicas funcionam, como elas param em meio à apuração (de repente…), e o motivo de poucos países a adotarem.

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