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Eleições 2022

Candidatos indígenas do PSOL são financiados por bilionários

Financiamento eleitoral de importantes candidaturas do Psol revela que, mais uma vez, o identitarismo é uma política imperialista que faz demagogia com os povos oprimidos

No começo de setembro, seguindo uma série de denúncias acerca do financiamento de candidaturas supostamente de esquerda por parte de grandes empresários brasileiros, este Diário publicou um artigo que revela o financiamento de Sônia Guajajara, índia-propaganda do PSOL, durante as eleições deste ano. Então, ficou evidente que se trata de uma campanha burguesa, a serviço dos patrões. Finalmente, quando se recebe dinheiro, espera-se algo em troca, ainda mais quando estamos falando de campanhas eleitorais.

Além da denúncia em questão, baseada em dados do próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é preciso lembrar que Sônia Guajajara, em algumas ocasiões, nos últimos anos, deixou claro que é amicíssima do imperialismo, principalmente do americano. Algo, diga-se de passagem, completamente compatível com a política do PSOL. Afinal, ela não só levou adiante uma campanha golpista contra a Usina de Belo Monte, por exemplo, como também implorou pessoalmente a John Kerry, ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, para que o país interferisse na Amazônia.

Entretanto, o caso de Sônia não é isolado. Existem outras figuras que fazem demagogia com as reivindicações dos índios dentro do PSOL que estão concorrendo às eleições deste ano e recebendo grandes quantias monetárias de grandes capitalistas nacionais. É o caso de Célia Xakriabá, candidata a deputada federal em Minas Gerais.

O PSOL demonstra interesse

Em primeiro lugar, é preciso notar que o PSOL possui grande interesse na candidatura de Célia. Segundo levantamento feito por este Diário, a divisão do fundo eleitoral do partido é extremamente desigual, chegando a separar 3% para todas as centenas de candidaturas do PSOL e 97% para a cúpula parlamentar do partido. Ou seja, se Célia recebeu R$ 1.115.838,93 da Direção Nacional do PSOL, então é porque ela representa os interesses da cúpula dirigente, faz parte da “panelinha”, com a sua candidatura em Minas Gerais.

Agora, vejamos os seus financiamentos externos.

Pedro de Godoy Bueno

Em primeiro lugar na lista de doações da campanha de Célia, atrás apenas do próprio PSOL, está Pedro de Godoy Bueno, com a quantia de R$ 75.000,00. Elencado como o bilionário mais jovem do Brasil, a fortuna de Pedro está na casa dos 1,1 bilhão de reais. Por isso, ocupa, segundo lista da Forbes, a posição 2448 de pessoas mais ricas do mundo inteiro. Atualmente, é CEO do Grupo Dasa, a maior rede de saúde integrada (hospitais, exames etc.) de todo o País.

Seu pai, Edson de Godoy Bueno, o qual deixou a Pedro parte de sua fortuna após a sua morte, foi o bilionário da saúde mais rico e uma das pessoas mais ricas do Brasil, com uma fortuna estimada, pela Forbes, de 3,1 bilhões de dólares. Sua esposa, Dulce Pugliese de Godoy Bueno, também é uma bilionária e co-fundou, junto com ele, a Amil, outra gigante do ramo da saúde. Além de Pedro, sua irmã, Camilla de Godoy Bueno Grossi, bilionária, é herdeira da fortuna de Edson.

Ou seja, Pedro não é apenas um capitalista. É um dos maiores de todo o Brasil e possui uma das famílias mais poderosas da história do País. Decerto que, só por essa constatação, seus interesses são completamente avessos aos da classe operária que, na realidade, é massacrada por suas próprias mãos no comando de sua empresa.

Elisa Sawaya Botelho Bracher

Em seguida, temos Elisa Sawaya Botelho Bracher, com a quantia de R$ 60.000,00. Filha de Fernão Carlos Botelho Bracher, um dos maiores banqueiros nacionais, Elisa possui um capital financeiro de cerca de 150 milhões de reais. Além disso, é irmã de Candido Botelho Bracher, ex-presidente do Banco Itaú e capitalista com capital social de mais de 1 bilhão e 400 milhões de reais.

Elisa dispensa caracterizações mais aprofundadas, pois já foi alvo de análise em outro momento, pesquisa que pode ser conferida por meio deste link. Entretanto, como já foi denunciado por este Diário, além da campanha de Célia, participa do financiamento de Sônia Guajajara, outra índia, e de Guilherme Boulos. Fica claro, portanto, que o Itaú já determinou sua predileção nas eleições deste ano por candidaturas identitárias do PSOL.

Candido Botelho Bracher

No último lugar, com singelos – quando comparado a sua fortuna – R$ 20.000,00, está Candido Botelho Bracher. Como já foi dito anteriormente, Candido é irmão de Elisa e um importantíssimo capitalista brasileiro. O capital social somado de todas as empresas do qual é sócio é cerca de 1.4 bilhão de reais.

Ademais, cabe lembrar que ele já realizou uma série de doações nas eleições deste ano e, a maioria, para candidaturas da direita, como é o caso de Luiz Mandetta (União Brasil), ex-ministro da Saúde de Bolsonaro que concorre no Mato Grosso do Sul.

Candidaturas patronais

Fica mais do que evidente que tais candidaturas servem aos interesses dos patrões. Afinal, quando um bilionário aposta, com quantias monetárias significativas, nas campanhas de determinadas figuras, é porque lhes é interessante que sejam eleitas. Em outras palavras, o infame “toma lá, dá cá” da política burguesa, muito defendido pelos grandes capitalistas mundo afora.

Acima disso, nesse momento, por se tratarem de candidaturas indígenas, reforça a constatação de que o imperialismo está utilizando os índios de maneira puramente demagógica para levar adiante uma campanha ambientalista que, na realidade, serve para golpear a soberania brasileira, por exemplo, com a questão da Amazônia.

Basta olharmos o caso de Magno Souza, candidato do Partido da Causa Operária (PCO) ao governo do Mato Grosso do Sul que, apesar de índio Guarani-Caiouá, não recebe sequer um centavo dos grandes capitalistas. Por quê? Justamente por se tratar de uma candidatura que verdadeiramente está atrelada com as principais lutas dos povos indígenas no Brasil. E não com o imperialismo, como é o caso, principalmente, de Sônia Guajajara.

BOULOS É PAGO PELOS EUA

* Todos os dados relativos a financiamento eleitoral foram retirados da plataforma oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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