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Oriente Próximo

MRT: se ‘Israel’ invadir Rafá, a culpa será do Irã

Texto publicado no portal Esquerda Diário repete as mesmas análises feitas pelos jornais imperialistas

Em seu portal Esquerda Diário, o MRT publicou um artigo sobre a situação no Oriente Médio chamado Invasão de Rafah: uma nova etapa no genocídio palestino. Mais do que a confusão típica da esquerda pequeno-burguesa sobre o assunto, há no texto uma concepção reacionária sobre o papel do Irã na situação política na região.

A histórica ação do Irã, que respondeu ao atentado israelense contra seu consulado na Síria, aprofundou a desorientação da esquerda. A ideia principal do texto é a de que a resposta iraniana teria ajudado “Israel” a ganhar força tanto internamente, quanto internacionalmente, recebendo dos EUA a autorização para atacar a cidade de Rafá. Em suma, a ação do Irã teria sido benéfica para os sionistas:

“Após se alinhar com as exigências estadunidenses e responder de forma limitada os ataques iranianos de 13 de abril, Netanyahu conseguiu negociar amparado desta ‘moderação’ e obter a aprovação dos Estados Unidos para a tomada da cidade de Rafah.”

A ideia de que o Irã beneficiou “Israel” não é apenas errada, é a versão oficial do principal setor do imperialismo. Expliquemos aos pretensos analistas do MRT que alimentam suas análises com base no que diz a imprensa imperialista: é fato que Netaniahu não agrada Joe Biden e o imperialismo, o que não significa de maneira nenhuma que o imperialismo não o apoie, não por um problema de afinidade política, mas por um problema de sobrevivência do imperialismo no Oriente Médio.

Ao divulgar a versão de que a ação iraniana foi boa para “Israel”, o imperialismo está, em primeiro lugar, escondendo a verdadeira catástrofe causada pelo Irã para o domínio do sionismo na região. Em segundo lugar, tenta se diferenciar de Netaniahu, cuja imagem de carniceiro já não consegue mais se livrar. Enquanto faz esse jogo, logicamente que o imperialismo dá o apoio necessário para “Israel”.

Outra ideia absurda do MRT é a afirmação de que a resposta israelense ao Irã teria sido propositalmente limitada, como se “Israel” pudesse escolher a opção de uma ação mais violenta. Não é assim: “Israel” poderia até ter agido de maneira mais violenta, mas não agiu porque o Irã mostrou que a resposta seria mais catastrófica para o sionismo. Foi uma escolha de Netaniahu, mas uma escolha dentro de poucas opções, uma escolha tomada por medo.

A ação iraniana colocou em xeque o domínio israelense na região. O MRT, acreditando na propaganda imperialista, acredita que é “Israel” que está no controle da situação e que escolheu dar uma resposta limitada. Não é assim.

A resposta limitada que Netaniahu foi obrigado a dar por uma série de circunstâncias apenas aumentou a crise israelense, pois mostrou para o povo da região que “Israel” simplesmente não tem forças para enfrentar o Irã.

Segundo o MRT, “o ataque iraniano tem permitido a Netanyahu se reafirmar como líder diante da opinião pública israelense, após o fiasco de segurança de 7 de Outubro, e suspendeu progressivamente o movimento de mobilizações que havia alcançado proporções sem precedentes no início de abril“.

O texto do grupo tem uma visão totalmente distorcida do que aconteceu de fato. A ação iraniana não apenas não “reafirmou” Netaniahu como líder, como foi mais um prego em seu caixão. O fiasco demonstrado em 7 de outubro foi reconfirmado aos olhos de todo o mundo na ação iraniana. O Irã, sim, atacou de maneira conscientemente limitada a ocupação sionista e, mesmo assim, “Israel”, com a ajuda de EUA, França, Inglaterra e outros, não conseguiu conter o ataque.

Dizer que depois disso Netaniahu melhorou sua imagem na opinião pública israelense é uma afirmação totalmente desorientada, descolada da realidade.

O MRT continua com sua análise feita em colaboração com os jornais imperialistas: “o objetivo de Netanyahu era reativar parcialmente o inimigo iraniano para obrigar os Estados Unidos, cada vez mais críticos a ele, a deixar de lado seus questionamentos e unir-se a Israel para lutar contra seu inimigo histórico no Oriente Médio“.

Ao atacar o consulado do Irã na Síria, Netaniahu esperava que a reação iraniana fosse reforçar o apoio norte-americano a “Israel”. Mas seus cálculos estavam errados. A crise é tão profunda que os Estados Unidos, embora continuem apoiando a ocupação, não permitiram uma escalada do conflito, pois sabem que isso poderá fazer a situação sair de vez do controle.

Outro aspecto do fracasso de Netaniahu é que a ação iraniana, muito bem sucedida, revelou a fraqueza de “Israel” militarmente, ou seja, no único ponto que os sionistas podiam ainda se apoiar e que já tinha sido desgastado em 7 de Outubro. Agora, Netaniahu não tem apenas uma crise política e a perda massiva de apoio no mundo todo, mas escancarou sua fraqueza militar.

Vemos que a análise do MRT é oposta à realidade. A ação do Irã é histórica e colocou um prego no caixão do já enfraquecido Estado de “Israel”. Nesse sentido, esse evento deve ser comemorado como mais um passo rumo a uma revolução na região. Mas o MRT sequer consegue analisar corretamente a correlação de forças, que dirá o processo revolucionário em marcha.

A importância do Irã não é apenas a resposta do dia 13 de abril. É o Irã o principal organizador da resistência dos povos da região. Mas o MRT, totalmente inebriado pelo imperialismo, sequer consegue reconhecer isso. Pelo contrário, se fossemos levar a sério a análise do MRT, deveríamos defender que o Irã apanhasse calado. É isso o que está por trás de análises como a do texto publicado no Esquerda Diário: um país oprimido como o Irã não teria o direito de reagir contra uma agressão do imperialismo.

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