América Central

Imperialismo mobiliza suas ONGs contra Bukele

Lei que regulamenta ONGs e taxa movimentações de ONGs estrangeiras foi o estopim para a crise

Na última sexta-feira (2), o presidente de El Salvador, Naibe Bukele, denunciou uma campanha orquestrada por organizações não-governamentais (ONGs) e pela imprensa imperialista, que buscam desestabilizar seu governo sob a fachada de defender os direitos humanos. Em mensagem nas redes sociais, Bukele acusou essas entidades, patrocinadas por países imperialistas e pelo bilionário George Soros, de se oporem a um El Salvador livre da violência das gangues. Eis a publicação do mandatário salvadorenho:
“Está claro que um país em paz, sem mortos, sem extorsão, sem sangue, sem cadáveres todos os dias, sem mães chorando seus filhos, não é rentável para as ONGs de direitos humanos, nem para os meios globalistas, nem para as elites, nem para Soros. E o problema deles com El Salvador não é só que lhes fez perder seu negócio aqui, mas que está se tornando um exemplo para outros países: que sim, é possível vencer o terrorismo, que sim, é possível viver em paz.”
A ofensiva intensificou-se após a aprovação de uma lei que proíbe o financiamento externo de ONGs, um golpe contra a ingerência imperialista na América Central. Alinhado a esses interesses, o jornal local El Faro publicou acusações de que gangues apoiaram Bukele em sua campanha para a prefeitura de San Salvador em 2015, visando minar sua legitimidade.
No dia 20 de maio, o Congresso de El Salvador aprovou a Lei de Agentes Estrangeiros, uma legislação que impõe severas restrições ao financiamento externo de ONGs no país. A lei estabelece um imposto de 30% sobre todas as doações internacionais recebidas por ONGs, dificultando a operação de entidades que dependem desses recursos.
Além disso, cria o Registro de Agentes Estrangeiros (RAEX), um órgão governamental com autoridade para autorizar ou proibir o funcionamento de ONGs, exigir documentos a qualquer momento e revogar registros, obrigando essas organizações a se identificarem como “agentes estrangeiros” caso recebam fundos do exterior. A legislação também proíbe ONGs de usar doações para atividades políticas ou que sejam consideradas ameaças à “ordem pública” ou “segurança nacional”, sob pena de multas que variam de US$100 mil a US$ 250 mil e até o fechamento das entidades.
Outro ponto é o controle rigoroso sobre informações: qualquer material produzido com financiamento externo deve ser explicitamente identificado como tal, com risco de sanções em caso de descumprimento. Aprovada rapidamente pelo Congresso dominado pelo partido Nuevas Ideas, do presidente Naibe Bukele.
A matéria de El Faro foi amplificada por ONGs e pela imprensa dos países imperialistas, evidenciando que a denúncia é parte de uma estratégia para enfraquecer um governo que, apesar de seu caráter fascista, entrou em rota de colisão contra os monopólios estrangeiros. A campanha coincide com a lei que limita a atuação de ONGs, vista como obstáculo pelos países imperialistas.
Apesar disso, o regime de terror de Bukele só pode ser odiado pelos trabalhadores e deve ser combatido. O Plano Controle Territorial e o regime de exceção, supostos responsáveis pela redução de homicídios, levaram à prisão de 8% da população masculina adulta, incluindo trabalhadores e jovens menores de idade sem ligação com o crime. Organizações locais denunciaram detenções arbitrárias e suspensão do direito à defesa.
O custo dessas políticas, que recai sobre os trabalhadores, agravou a crise econômica, com aumento do custo de vida. Uma pesquisa da revista The Economist aproveitou o fato para divulgar a queda na popularidade de Bukele, com a população percebendo que a violência das gangues foi substituída pela repressão estatal.
Apesar disso, o imperialismo, que outrora apoiou Bukele justamente por sua política de repressão, agora o ataca. A situação em El Salvador revela dois inimigos dos trabalhadores: um menor, o regime fascista que oprime com violência e miséria, e o maior, o imperialismo, que manipula ONGs e imprensa para dominar a região. O último foi fundamental para que o mandatário chegasse à condição de chefe de Estado, sendo, portanto, o inimigo fundamental a ser combatido, e sem o qual, Bukele sequer existiria.
A campanha contra o presidente de El Salvador, embora baseada em abusos reais, serve aos países imperialistas, que temem qualquer resistência à sua ditadura. Os trabalhadores salvadorenhos devem rejeitar tanto o terror estatal quanto a ingerência externa, organizando-se de forma independente para lutar por soberania e justiça. Apesar de não tornar Bukele um aliado, ele adotou uma política de entrave ao imperialismo, e a luta contra esse inimigo comum exige clareza para derrotar ambos os opressores.

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