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Política nacional

Unir-se à direita golpista e fascista para vencer um morto?

Para o colunista do Brasil 247, Esmael Morais, vale fazer aliança até com Ronaldo Caiado, um fascista, para vencer o "moribundo" político Bolsonaro

Neste domingo (03), o portal de notícias Brasil 247 publicou a coluna do jornalista Esmael Morais, intitulada Bolsonaro luta por sobrevivência política enquanto direita se fragmenta. Para o colunista, “foi graças à centro-esquerda, do Oiapoque ao Chuí, que candidaturas mais moderadas foram vencedoras nas capitais e cidades que tiveram segundo turno” e isso justificaria a defesa de uma aliança da esquerda com a direita golpista para derrotar Bolsonaro em 2026. 

Para Esmael Morais, o “ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está travando uma batalha estratégica para manter-se relevante no cenário político brasileiro” e que sua “presença ativa [no parlamento] indica uma tentativa clara de retomar o controle da narrativa política e evitar que novos líderes da direita ocupem o espaço que antes era seu”. Nesse sentido, as “eleições municipais recentes reforçaram a fragmentação da direita e a necessidade de reavaliação de estratégias. Partidos de centro como PSD, MDB e União Brasil saíram fortalecidos, enquanto o PT, isoladamente, mostrou fragilidade, conquistando poucas prefeituras de destaque”.

A ideia de que o PSD seria o grande vencedor das eleições de 2024 por ter eleito o maior número de prefeituras é falso, da mesma forma que é falso afirmar que o PT teria apresentado um crescimento por ter conquistado 60 prefeituras a mais que em 2020. O ideal é que se analise os votos obtidos em todo o país, a população que cada bloco político governará e o crescimento neste sentido de uma eleição para outra. Mesmo um levantamento sobre os votos absolutos, pode conduzir a uma conclusão equivocada diante de uma análise de “conveniência”. Vejamos: 

Em uma análise apressada e enviesada, tem-se a ilusão de que o “centro” político (a direita tradicional) venceu as eleições, mas fica bastante nítida a derrota da esquerda para a extrema-direita. A partir dessas informações, cria-se a ideia de que, se a esquerda formar uma frente com a direita, é possível vencer o bolsonarismo nas próximas eleições. O problema é se a direita vai querer essa aliança diante de um crescimento tão acentuado da extrema-direita nas eleições de 2024: 

Ainda que analistas como Esmael Morais não aceitem, Bolsonaro inelegível não é uma figura morta, assim como Lula, quando esteve preso pela Lava Jato, não o era. Não somente não está morto, como foi o grande cabo eleitoral de seu partido, o PL (Partido Liberal), que conquistou 10 de 26 capitais do país em 2024. Quando se analisa a votação do bloco das 103 cidades mais relevantes do país, o cenário fica ainda mais preocupante para a esquerda, como se vê: 

Contra fatos não há argumentos. É natural que Bolsonaro esteja articulando sua absolvição para concorrer nas eleições de 2026. Por qual motivo deveria se abster de participar do pleito? O que não parece normal é a esquerda ter que flertar com bandidos como Ronaldo Caiado, personagem ligado à antiga UDR (União Democrática Ruralista), organização fascista do campo, inimiga dos trabalhadores sem-terra; Ratinho Junior, que lançou mão de uma política de privatizações e ataque aos direitos e condições de vida dos servidores, dos professores e de toda população do estado do Paraná; e até mesmo Tarcísio de Freitas, um fascista sanguinário que coleciona os títulos das maiores chacinas da Polícia Militar depois do Massacre do Carandiru. 

Bolsonaro está mais vivo que nunca e as manifestações de rua do último período, que setores da esquerda insistem em dizer que são “flopadas”, mas que são inúmeras vezes maior que as organizadas pela esquerda, não deixam dúvidas sobre seu poder político. Não vai ser com frente ampla que o Bolsonarismo será derrotado. As eleições municipais demonstram de forma incontestável que é preciso outra política. O que a esquerda ganha buscando reciclar os setores golpistas que podem muito bem estar com Bolsonaro como estiveram no golpe de 2016? Bolsonaro não é “carta fora do baralho” para a burguesia. Basta olhar para a Argentina, que tem Javier Milei como presidente.

A derrota do bolsonarismo e de toda a política golpista deve resultar das ruas com a população mobilizada com um programa próprio, oriundo de seus interesses, e independente da burguesia. 

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