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Maranhão

Caso da travesti da UFMA revelou truculência do identitarismo

Ação é apenas a face mais escrachada de política adotada pelo conjunto da esquerda pequeno-burguesa

No dia 20 de outubro, o colunista Ricardo Nêggo Tom publicou artigo no portal Brasil 247 chamado Educando com o cérebro, sobre o caso de uma dita pesquisadora que mostrou as nádegas em uma palestra na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Ele critica a ação dizendo:

“Entender que o dito cujo seja uma fonte de produção de conhecimento, é, no mínimo, um equívoco filosófico. Sob a égide da liberalidade e do protesto contra a repressão de corpos historicamente odiados e violentados, mostrar a bunda como resistência a esse processo faz parte do direito individual de cada um”.

Segundo Nêggo Tom, portanto, mostrar a bunda é um “equívoco”, mas faz parte do direito de cada um protestar. Diz ele:

“O dito cujo é dela, o corpo (muito bonito, por sinal) [sic] é dela, e ela mostra para quem ela quiser. Desde que o espaço seja adequado e a sua inovação pedagógica não seja associada a toda esquerda e a toda a população trans do país.”

Se é direito dela ou não mostrar as nádegas, trata-se de um debate sem sentido algum. Afinal, o corpo é dela e não há como impedi-la de mostrar as nádegas, de pintá-las de rosa ou de enfeitá-las com purpurina. O interessante do debate, no entanto, é a discussão se o ato da dita pesquisadora é “inadequado” ou não. Para o autor, a dita pesquisadora, longe de estar promovendo uma defesa dos “trans”, estaria atrapalhando a luta desse setor, visto que, “se Tertuliana Lustosa tivesse lido Freud saberia que não deve mostrar o seu dito cujo onde bem entender, porque existem regras a serem seguidas. Não as regras morais ou tradicionais que os conservadores hipócritas estabelecem para eles mesmos descumprirem. Mas a regra do respeito ao direito do outro de não querer ver o dito cujo alheio contra a sua vontade e sem o menor cabimento”.

A questão é muito mais simples e nada tem a ver com Sigmund Freud. Acreditar que mostrar as nádegas vai resolver algum problema de qualquer setor oprimido é uma completa idiotice porque esse tipo de ação, em vez de explicar um determinado problema político, visa apenas confrontar e ofender as pessoas. A ação grotesca da dita pesquisadora parte do princípio de que pessoas que o preconceito deve ser combatido não por meio do esclarecimento, mas com uma postura truculenta e pedante. Isso, por sua vez, tende a despertar o exato oposto nas pessoas: uma indisposição ainda maior com os setores oprimidos.

A questão política na qual os chamados “transsexuais” e homossexuais estão envolvidos é simples: são as reivindicações democráticas. Para fortalecer essas revindicações, a postura natural seria a de esclarecer que esses setores visam não privilégios sociais, mas direitos – direitos esses que são necessários para o conjunto da população. Ao adotar a política da dita pesquisadora, a esquerda se choca com os costumes dos setores mais conservadores da sociedade, radicalizando ainda mais a direita contra ela.

Nêggo Tom é incapaz de fazer essa crítica porque ele é, ele próprio, um defensor dessa política. A todo momento, ele defende que os preconceitos sejam combatidos não por meio da luta política, mas por meio da truculência e da repressão. Sua crítica à dita pesquisadora nada mais é do que a hipocrisia de alguém que, diante da péssima repercussão do evento, tenta se desvincilhar de uma política que se mostrou um total fracasso.

Nêggo Tom é um dos articulistas mais identitários do Brasil 247. O identitarismo é, por excelência, uma ideologia que quer se impor sobre as outras, não por meio de uma discussão normal e democrática, mas justamente esfregando o ânus na cara de todo mundo. Qualquer pessoa que discorde, é logo tratado como “fascista”. Para o identitarismo, qualquer pessoa que falar alguma coisa que possa ser considerado minimamente “machista-homofóbico-racista-etc” deve ser cancelado, censurado e até preso. Se depender dessa esquerda identitária, só o fato de a pessoa ser evangélica já seria motivo para prendê-la.

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