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HISTÓRIA DA PALESTINA

As agências de espionagem do sionismo

Confira a história sinistra das três principais agências de espionagem de "Israel"

Pouco tempo depois que o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe) lançou a Operação Dilúvio de Al-Aqsa contra o Estado sionista de “Israel”, o Diário Causa Operária (DCO) iniciou uma série para contar a história da Palestina, do povo palestino e daqueles que lutam contra a ocupação.

Nesta mesma série, publicamos artigos sobre a ocupação sionista e sobre suas agências de espionagem, criadas para intensificar o massacre contra o povo palestino. Neste artigo, reunimos os artigos sobre as três principais dessas agências. Confira:

Shin Bet: agência de espionagem tão sinistra quanto o Mossad

Publicado originalmente em 15 de fevereiro de 2024

O aparato de espionagem de “Israel”, oficialmente chamado de Comunidade de Inteligência Israelense, é composto de três principais organizações, quais sejam, a Agência de Segurança de “Israel” (ou Serviço Geral de Segurança); a Inteligência Militar Israelense; e o Instituto para Inteligência e Operações Especiais.

Esta matéria é sobre a primeira delas.

A Agência de Segurança de “Israel” (ou Serviço Geral de Segurança) é mais conhecida por seus acrônimos Shabak e, principalmente, Shin Bet. É o serviço de “segurança” interna de “Israel”. Detalhe para as aspas circundando a palavra segurança, pois os termos repressão e espionagem seriam mais adequados para descrever o serviço feito pelo Shin Bet. Não é coincidência que seu slogan seja o “escudo invisível” (Magen veLo Yera’e, do hebraico מָגֵן וְלֹא יֵרָאֶה).

Segundo matéria publicada em 2002 pela BBC (órgão de imprensa do imperialismo britânico), essa agência de espionagem é dividida em três alas operacionais:

  • O Departamento dos Assuntos Árabes: como o nome já indica, é departamento voltado à espionagem e repressão do povo palestino, especialmente aqueles que estão diretamente envolvidos na organização da resistência à ditadura de “Israel” sobre a Palestina, quer essa resistência seja armada ou não. Segundo a matéria da BBC, esse departamento conta com destacamentos de infiltrados chamados Mista’arvim (Marauders), que teriam tido atuação de proa em combater a Segunda Intifada. Tendo em vista que “Israel” já reprimiu, prendeu e assassinou inúmeros palestinos que jamais atuaram na resistência, é seguro presumir que foi o Shin Bet, através do Departamento dos Assuntos Árabes, que coordenou essa repressão;
  • Departamento de Israel e Estrangeiros: antigamente chamado de Departamento de Assuntos Não-Árabes, esse órgão inclui o Departamento de Contra-espionagem e Prevenção da Subversão no Setor Judaico, também conhecido como “Departamento Judaico”. Ou seja, um departamento que tem como objetivo reprimir diversos setores da população israelense. Naturalmente, a repressão será primariamente voltada para aqueles judeus israelenses que mais representam uma ameaça ao próprio Estado de “Israel”. No caso, os judeus ortodoxos que se opõem ao sionismo e aqueles judeus que defendem os palestinos, colocando-se (em maior ou menor extensão) contra a ditadura que “Israel” exerce sobre o povo palestino. Caso necessário (para conter crises), o Shin Bet, através do “Departamento Judaico”, também exerce espionagem e repressão contra a extrema direita, especialmente os tais “colonos” e suas organizações. É claro, apenas para mantê-los sob controle;
  • Departamento de Segurança Protetora: este órgão é responsável por evitar que os políticos sionistas sejam alvos da resistência palestina e dos demais países que são oprimidos por “Israel” e pelo imperialismo.

Tendo em vista que a ideologia do Estado de “Israel” é o sionismo, e que este tem como objetivo a conquista de todo o território da Palestina, com a expulsão dos palestinos, o fato de o Shin Bet ser a agência de espionagem “interna” de “Israel” não significa que ele atue apenas no território israelense. Essa agência sinistra atua principalmente na Cisjordânia, em Gaza e no leste de Jerusalém. Afinal, os políticos sionistas consideram estes territórios como seus.

Nesse sentido, vale citar novamente o que é exposto na matéria da BBC, já citada acima. Nem o imperialismo consegue esconder que o Shin Bet está “na vanguarda das operações secretas contra militantes palestinos”. E que, para isto, “a agência dirige uma rede de informantes palestinos e tem um papel fundamental na política […] de assassinato contra supostos militantes”. Ainda segundo a reportagem, “especialistas em segurança israelenses dizem que o Shin Bet tem um grande número de falantes fluentes de árabe, capazes de se passarem por palestinos e circularem livremente pela Cisjordânia”.

Assim, quando se diz que a função do Shin Bet como agência de segurança interna é realizar operações de contra-terrorismo, isto é, lutar contra o terrorismo, o que realmente significa é que essa agência de repressão tem com objetivo espionar, perseguir, torturar e assassinar os palestinos que lutam por sua libertação da ditadura de “Israel”.

Nesse sentido, vale ressaltar que a agência já trabalhou inúmeras vezes com a Força Aérea israelense, fornecendo inteligência para assassinar líderes da resistência palestina, seja do Hamas, da Jiade Islâmica, das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa e também do Fatá. Tais assassinatos covardes geralmente são cometidos de longe, utilizando-se de helicópteros, sem enfrentar os combatentes da resistência.

O Shin Bet também já se valeu de outros métodos na tentativa de frear o avanço da resistência palestina. Similar ao modus operandi do Mossad, utilizou explosivo escondido no celular de Yahya Ayyash para assassinar covardemente o militante palestino, que fora o principal artífice de explosivos para o Hamas e, à época de seu martírio, líder do batalhão da Cisjordânia das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam.

O assassinato de Ayyash foi um exemplo de que a repressão do Shin Bet à extrema direita sionista é apenas para controlá-la, e não para eliminá-la, ao contrário da repressão sobre a resistência palestina. Afinal, o líder palestino foi assassinado em 5 de janeiro de 1996. Pouco tempo antes (4/11/1995), o Shin Bet falhou em impedir o assassinato do primeiro-ministro israelense Isaque Rabin, morto por Yigal Amir, um colono sionista que era contrário aos Acordos de Oslo.

Ademais do exposto acima, deve-se ressaltar outro aspecto sobre o Shin Bet, típico em toda agência de espionagem do imperialismo e de seus lacaios: a tortura daqueles que lutam por sua libertação.

Na década de 2000, as pessoas que não estavam familiarizadas com a monstruosidade do imperialismo ficaram chocadas com as revelações sobre os métodos de tortura utilizados pelos Estados Unidos contra aqueles acusados de terrorismo, especialmente os prisioneiros da prisão de Abu Ghraib.

Contudo, antes da CIA torturar prisioneiros de forma brutal e sistemática durante a invasão do Iraque, nos anos de 2000, o Shin Bet já fazia o mesmo com palestinos nas décadas de 1980 e 1990.

Segundo a já citada publicação da BBC, “um dos métodos de interrogatório mais severos, praticado regularmente durante a intifada de 1988-92, deixava prisioneiros algemados estendidos de costas sobre bancos, com sacos sobre as cabeças e música alta a tocar-lhes nos ouvidos […] muitos prisioneiros morreram nas mãos do Shin Bet ou ficaram paralisados ​​após um período de detenção“.

No ano de 2015, a ONG israelense Médicos por Direitos Humanos-Israel constatou que o número de denúncias contra as práticas de tortura do Shin Bet quadruplicaram desde o ano de 2012, e que nenhuma das 850 novas denúncias havia sido investigada, pois sequer havia trâmites legais para receber denúncias contra tais órgãos de espionagem (Tamar Pileggi, ‘850 Torture Complaints yield no investigations,’ Archived 2015-10-30 at the Wayback Machine The Times of Israel 11 February 2015).

Contudo, apesar de toda a tortura que o Shin Bet praticou contra os prisioneiros palestinos e os assassinatos de líderes da resistência, ainda assim não conseguiu frear o avanço das organizações da resistência, em especial do Hamas.

Sendo específico, não conseguiu impedir a bem sucedida e revolucionária Operação Dilúvio de al-Aqsa, realizada pelas organizações da resistência no dia 7 de outubro de 2023. Essa ação vitoriosa, e demais vitórias do Eixo da Resistência, que se seguiram nos quatro meses seguintes, colocaram “Israel” e o imperialismo de joelhos. E, por ora, não há sinais de que a resistência será derrotada.

Aman: a maior das agências de espionagem do sionismo

Publicado originalmente em 16 de fevereiro de 2024

Aman é a abreviação de Agaf HaModi’in (do hebraico אגף המודיעין), que literalmente significa “a Seção de Inteligência”.

Esta agência, também conhecida como Inteligência Militar Israelense, é o órgão central de espionagem das Forças Israelenses de Ocupação (as forças armadas sionistas). Apesar de ser a maior das três principais agências de espionagem da comunidade de inteligência de “Israel” (sendo as outras duas o Shin Bet e o Mossad), a Aman é a menos conhecida delas.

Contudo, não significa que tenha uma menor importância, nem que seja menos truculenta contra o povo palestino e árabe em geral.

Da mesma forma que é a menos conhecida, é também a que foi criada por último. Enquanto que o Mossad e o Shin Bet foram fundados em 1949, a Aman surgiu em 1950, a partir do comando geral das forças de ocupação, com a finalidade de que as tropas genocidas tivessem um órgão específico voltado para a espionagem.

Inicialmente foi composta em sua maioria por membros do aparato de espionagem da Haganá. Assim, a agência é uma herdeira direta do Scherut Jediot (ou Shai), serviço de espionagem da milícia fascista.

Deve-se ressaltar que a Aman é um órgão independente no seio das Forças de Ocupação, não sendo subordinado nem às forças terrestres, nem à marinha e nem às forças aéreas.

Segundo o portal Intelligence Resource Program, a Aman tem como funções produzir “estimativas abrangentes de inteligência nacional para o primeiro-ministro e o gabinete; relatórios diários de inteligência; estimativas de risco de guerra, estudos de alvos em países árabes próximos e interceptações de comunicações”. Sendo dotada de um Departamento de Relações Exteriores, a agência também é “responsável pela ligação com os serviços de inteligência estrangeiros e pelas atividades dos adidos militares israelenses no exterior”. Nesse sentido, tem como função coordenar espiões sionistas atuando fora de “Israel”.

Com esse acúmulo de funções, a Aman configura-se como a maior agência de espionagem da Comunidade de Inteligência de “Israel”, sendo constituída de mais de uma dezenas de órgãos.

Vale ressaltar, contudo, que as funções da agência vão muito além das citadas acima. A Aman também tem participação direta em combater a resistência árabe e palestina contra “Israel”, de todas as formas possíveis.

Uma das principais unidades responsáveis por realizar essa tarefa é o Sayeret Matkal (Unidade de Reconhecimento do Estado-Maior Geral), uma unidade encarregada não só de coletar informações em campo, infiltrando-se nos territórios palestinos e em Estados que “Israel” considera inimigos, mas também realizando perseguição contra os combatentes palestinos, libaneses e outros que lutam contra a ditadura do sionismo, realizando verdadeiras caçadas humanas. Nestas, frequentemente são sequestradas pessoas que jamais tiveram qualquer envolvimento com a resistência, como deixa evidente o fato de que “Israel” já sequestrou mais de sete mil palestinos desde o dia 7 de outubro de 2023:

Como exemplo específico da perseguição que a Aman desatou contra a resistência palestina ao longo da história da agência, vale mencionar que o Sayeret Matkal liderou os assassinatos de Kamal Adwan, Muhammad Youssef Al-Najjar e Muhammad Youssef Al-Najjar, em Beirute, Líbano, em 9 de abril de 1973, no âmbito da “Operação Primavera Juventude”, no que ficou conhecido como massacre de Verdun.

Kamal Adwan era comandante da organização de resistência Setembro Negro, parte da OLP. Ele era igualmente membro do comitê central do Fatá. Foi assassinado em seu apartamento em frente a seus filhos, alvejado 55 vezes. A operação foi liderada por Ehud Barak, quem eventualmente veio a se tornar primeiro-ministro de “Israel” (1999-2001) e, depois, ministro da defesa (2007-2013), mostrando que a política de assassinato extrajudicial contra os palestinos é uma política de Estado dos sionistas.

Muhammad Youssef Al-Najjar, por sua vez, era um oficial de operações também do Setembro Negro, sendo igualmente um oficial da OLP. Foi assassinado a tiros em seu apartamento, junto de sua esposa. A operação foi realizada pelo Sayeret Matkal em conjunto com o Mossad.

Já Kamal Nasser era apenas um poeta cristão, pacifista. Foi assassinado no âmbito da mesma operação citada acima, simplesmente por ser porta-voz da OLP, fazendo seu papel de lutar pelos oprimidos (os palestinos, no caso). Segundo relatos, após ser assassinado pela unidade especial da Aman, “seu corpo foi deixado como se estivesse pendurado numa cruz. Uma vizinha foi morta a tiros ao abrir a porta durante a operação” (Kameel B. Nasr, Terrorismo Árabe e Israelense, McFarland 1997 p.71).

Não listaremos aqui todas as operações clandestinas e assassinatos de combatentes e militantes palestinos que foram assassinados pelas mãos da Aman. Apenas para finalizar, vale mencionar o assassinato covarde de Khalil Ibrahim al-Wazir, também conhecido como Abu Jiade, líder histórico da OLP, criador do braço armado do Fatá, e ninguém menos que o segundo em comando de Yasser Arafat. Foi morto com 52 tiros, em uma operação liderada pelo Sayeret Matkal em conjunto com o Mossad. Releia o artigo que este Diário publicou recentemente sobre o ocorrido:

Mas não é apenas através do Sayeret Matkal que a Aman garante a ditadura sionista contra os palestinos.

Destaque também deve ser dado para a sinistra Unidade 504, responsável não só por interrogar (leia-se: torturar) prisioneiros das forças israelenses de ocupação, como também por gerenciar os chamados sítios secretos, isto é, campos de concentração clandestinos, sob o controle das forças de ocupação. Um dos mais famosos é o Campo 1391, localizado no norte de “Israel”, e destinado a prisioneiros de “alto risco”. É apelidado como a Guantánamo de “Israel”.

Por fim, mas não menos importante, também faz parte da Aman o Censor Militar Israelense, órgão este encarregado de realizar censura prévia de informações possam afetar a “segurança” do Estado de “Israel”, impedindo-as de serem publicadas nos jornais da imprensa sionista. A pessoa que preside o órgão, o Censor Chefe, é nomeado diretamente pelo ministro da defesa de “Israel”, o que demonstra que a principal preocupação com a censura é o combate à resistência armada contra o sionismo, especialmente a do povo palestino. Para ilustrar o alcance dessa censura, segundo informa o portal O Sétimo Olho, uma média de 2.240 artigos na imprensa sionista são censurados pelo Censor Militar Israelense todos os anos, dos quais 240 são censurados totalmente, enquanto que os demais são alvo de censura parcial.

Seguro dizer que essa censura não é limitada apenas à imprensa sionista. Basta ver a ofensiva do sionismo no Brasil, que segue perseguindo dirigentes e a imprensa do Partido da Causa Operária (PCO), o jornalista Breno Altman, do Opera Mundi, e todos aqueles que travam uma luta consequente ou mesmo se opõem a “Israel” e ao genocídio que está cometendo contra os palestinos. Não seria surpreendente se a Aman e o Censor Militar Israelense fizessem parte dessa ofensiva contra a liberdade de expressão.

Em resumo, a Aman nada mais é do que uma manifestação do caráter nazista do Estado de “Israel”

Contudo, assim como o nazismo foi derrotado, o sionismo também o será. Neste caso, pelas mãos da resistência palestina e daqueles que lutam junto dela. Sobre isto, ao longo da história da Aman, e principalmente desde o dia 7 de outubro, é possível constatar vários sinais da derrota final do sionismo, que está por vir.

Como primeiro exemplo, cita-se o caso de Ionatan Netaniahu, irmão do atual primeiro-ministro, Benjamin Netaniahu.

Ionatan era um importante comandante em campo do já citado Sayeret Matkal. Foi ele quem comandou o famoso ataque ao aeroporto de Entebbe, quando as forças de ocupação de “Israel” invadiram Uganda e atacaram os combatentes da Frente Popular para a Libertação da Palestina e das Células Revolucionárias da Alemanha Ocidental, que haviam sequestrado o Airbus A300 da Air France.

Embora as forças de ocupação tenha sido bem-sucedidas, no geral (resgataram a maior parte dos prisioneiros israelenses), Ionatan Netaniahu foi aniquilado por um combatente das Células Revolucionárias, demonstrando já uma fraqueza da Aman e de sua principal unidade de combate.

Contudo, o maior sintoma da decadência da agência veio justamente após a revolucionária Operação Dilúvio de al-Aqsa, do último 7 de outubro. Já no dia 14 daqueles mês, foi noticiado que 11 sionistas do Sayeret Matkal foram aniquilados na tentativa de libertar prisioneiros capturados pelo Hamas.

No mesmo sentido, vale citar o caso da Unidade 8200, outro órgão da Aman. Sendo este responsável por supervisionar operações clandestinas, interceptar comunicações, descriptografar códigos, travar guerra cibernética, e realizar cerrada vigilância contra a resistência palestina, a Unidade 8200 falhou em impedir a ação revolucionária da resistência palestina no dia 7 de outubro.

Segundo foi noticiado no The Times of Israel (órgão da imprensa sionista), a unidade teria parado de ouvir os rádios portáteis do Hamas em 2022, decidindo que era um “desperdício de esforço”. A monitorização dessa rede de rádio poderia ter ajudado o Shin Bet a perceber, algumas horas antes do ataque, que a atividade que estavam vendo na fronteira de Gaza não era apenas mais um exercício militar do Hamas.

Caso seja verdade, trata-se de um profundo sinal de decadência do sionismo, subestimar o povo palestino em sua justa luta por libertação nacional.

Igualmente uma demonstração de que toda ditadura, por pior e mais durável que possa ser, inevitavelmente é derrotada pela incansável luta daqueles que são oprimidos por ela. No caso, a resistência do povo palestino, liderada pelo Hamas.

Mossad: uma agência de sionistas assassinos

Publicado originalmente em 20 de fevereiro de 2024

O Instituto para Inteligência e Operações Especiais, mais conhecido como Mossad, é a agência nacional de inteligência do Estado de “Israel”.

Compõe, junto com o Shin Bet e a Aman, a Comunidade de Inteligência Israelense, isto é, seu aparato de espionagem. Das três agências, é a mais conhecida, pois ao longo de décadas, esteve à frente de centenas de assassinatos, em especial de líderes palestinos da luta contra o sionismo.

Ao contrário do Shin Bet, que é um órgão de inteligência voltado à atuação interna (considerando os territórios palestinos), o Mossad é uma agência de espionagem que atua oficialmente em operações externas. É uma espécie de CIA israelense.

Oficialmente, suas funções são coleta de inteligência, operações secretas e combate ao terrorismo. O que significa dizer que os agentes do Mossad são responsáveis por coletar e sistematizar informações sobre as organizações que compõem a resistência a “Israel”, com a finalidade de perseguí-las. E, nessa perseguição, estão inclusos assassinatos dos militantes e lideranças.

O Mossad foi criado em 13 de dezembro de 1949 por recomendação de Davi Ben Gurion, fundador do Estado de “Israel”. A agência, basicamente um órgão de espionagem política, inicialmente tinha o nome de Instituto Central de Coordenação, e era subordinada a um órgão chamado Vaadat, cujo equivalente hoje em dia é o Ministério da Inteligência.

Contudo, no ano de 1951, houve uma reorganização do aparato burocrático do Estado israelense, e o Mossad passou a ser subordinado diretamente ao primeiro-ministro de “Israel”, continuando assim até hoje. Uma medida de centralização para que suas decisões não tenham que ser submetidas ao parlamento israelense. Não que o parlamento sionista seja democrático, muito pelo contrário. Mas a subordinação ao primeiro-ministro serviu para eliminar uma série de contradições e tornar o Mossad um aparato de perseguição política mais eficaz.

Desde então, “Israel”, com o apoio do imperialismo (Estados Unidos, especialmente), fez do Mossad uma das maiores agências de espionagem do mundo. Embora o número exato de funcionários seja sigiloso, estima-se que seja algo em torno de sete mil. Comparando, a CIA tem aproximadamente 21 mil, apenas o triplo, para um país que tem uma população trinta vezes maior do que a de “Israel”.

Além de ser um dos maiores órgãos de perseguição política do mundo, é também um dos mais sinistros. Basta observar sua estrutura interna. Ou ao menos o que se conhece dela, pois se trata de algo sigiloso. Contudo, ao que se sabe, o Mossad é composto das seguintes divisões:

Tzomet: a maior delas, responsável pela coordenação dos espiões que atuam nos outros países. Os funcionários da Tzomet atuam à paisana, por exemplo, como diplomatas;

Cesaréia: divisão encarregada de conduzir as ditas operações especiais, as quais, no Mossad, frequentemente acabam sendo operações para assassinar líderes e combatentes da resistência palestina ou contra o sionismo em geral. Para isto, dentro da divisão, há uma unidade chamada Kidon, voltada exclusivamente para o treinamento de assassinos de elite (Israel vs. Irã: A Guerra das Sombras, Potomac Books, Inc, 2012, página 91, por Yaakov Katz, Yoaz Hendel).

No mesmo sentido, segundo reportagem do jornal London Times, há outra unidade especializada em “assassinatos e sabotagem” chamada Metsada (Exposto o funcionamento do serviço secreto de IsraelLondon Times, 2 de agosto de 1996).

Ainda, segundo a própria imprensa sionista (jornal Yedioth Ahronoth), há uma divisão dedicada especialmente à vigilância eletrônica e a escutas telefônicas. No caso, o artigo fala especificamente sobre uma “revolução de gênero” nos quadros do Mossad, relatando casos de mulheres assumindo cargos de chefia nas divisões da agência de espionagem. Uma demonstração de que o identitarismo é uma política presente nas principais instituições sionistas, sendo, portanto, uma política imperialista (Bergman, Ronen (2 de outubro de 2017). “Revolução de gênero nas fileiras do Mossad”. Ynet. Recuperado em 29 de agosto de 2023).

Os agentes do Mossad que trabalham para essas divisões são, dentre outros, os Katsas, isto é, os oficiais de inteligência, responsáveis pela coordenação dos agentes que atuam em campo. São eles que trabalham para a divisão Tzomet. Há também os Kidon, ou seja, os assassinos da agência, que fazem parte dos quadros da Cesaréia (Licença do Mossad para matarThe Daily Telegraph, 17 de fevereiro de 2010).

Vale mencionar ainda os Sayanim, palavra que significa “ajudante” ou “assistentes”. Basicamente, são civis judeus ou simpatizantes do sionismo que são recrutados pelo Mossad para auxiliar suas ações no campo da espionagem e da desinformação. Podem atuar de forma remunerada ou voluntariamente. Algo semelhante ao que a CIA, o National Endowment for Democracy e a USAID fazem com as ONGs e seus funcionários (remunerados e voluntários) em todo o mundo (inclusive no Brasil). Atualmente, estima-se que existam aproximadamente quatro mil sayanim na Inglaterra e 16 mil nos Estados Unidos.

Munido desse enorme aparato de espionagem – o qual só foi possível de se construir com financiamento do imperialismo – “Israel” conseguiu, ao longo de décadas, assassinar centenas de líderes, combatentes, militantes, cientistas, poetas e personalidades que, de uma forma ou de outra, faziam da luta contra o sionismo. Segue abaixo a lista das pessoas assassinadas covardemente pelo Mossad:

  • 08/07/1972 – Ghassan Kanafani – Escritor Palestino – Membro da FPLP
  • 16/10/1972 – Abdel Wael Zwaiter – Poeta Palestino – Funcionário da Embaixada Líbia – Primo de Yasser Arafat – Representante da OLP
  • 08/12/1972 – Mahmoud Hamshari – Representante da OLP
  • 24/01/1973 – Hussein Al Bashir – Representante do Fatá
  • 06/04/1973 – Basil Al Kubaisi – Membro da FPLP – Professor da Universidade Americana de Beirute
  • 09/04/1973 – Kamal Advan – Membro do Comitê Central do Fatá e Comandante do Setembro Negro
  • 09/04/1973 – Muhammad Youssef Al-Najjar – Oficial do Setembro Negro e da OLP
  • 09/04/1973 – Kamal Nasser – Porta-voz da OLP – Poeta cristão palestino
  • 11/04/1973 – Zaiad Muchasi – Representante do Fatá
  • 28/06/1973 – Mohammad Boudia – Oficial do Setembro Negro
  • 27/03/1978 – Wadie Haddad – Comandante da FPLP
  • 22/01/1979 – Ali Hassan Salameh – Líder do alto comando da OLP e do Setembro Negro
  • 13/06/1980 – Yehia El-Mashad – Cientista Nuclear Egípcio
  • 01/09/1981 – José Alberto Albano do Amarante – Tenente-Coronel da Força Aérea Brasileira
  • 21/08/1983 – Mamoun Meraish – Oficial sênior da PL
  • 09/06/1986 – Khalid Nazzal – Secretário da FDLP
  • 21/10/1986 – Munther Abu Ghazaleh – Líder de alto escalão do Fatá e do Conselho Militar Supremo das Forças Revolucionárias Palestinas.
  • 16/04/1988 – Abu Jihad – Segundo no comando de Yasser Arafat
  • 14/07/1989 – Said S. Bedair – Cientista egípcio
  • 26/10/1995 – Fathi Shaqaqi – Fundador e Secretário-Geral da Jiade Islâmica
  • 12/01/2010 – Masoud Alimohammadi – Físico iraniano
  • 19/01/2010 – Mahmoud al-Mabhouh – Comandante militar sênior do Hamas das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam
  • 23/07/2011 – Darioush Rezaeinejad – Engenheiro elétrico iraniano
  • 12/11/2011 – General Hassan Tehrani Moghaddam – O principal arquiteto do sistema de mísseis iraniano e o fundador/pai das forças de mísseis balísticos com poder de dissuasão do Irã. Igualmente, líder da unidade de “autossuficiência” do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica
  • 11/01/2012 – Mostafa Ahmadi-Roshan – Cientista nuclear iraniano
  • 04/12/2013 – Hassan al-Laqqis – Comandante Militar Sênior do Hesbolá entre outros

Curiosamente, após os anos 2000, a maioria dos assassinatos pontuais perpetrados por “Israel” passou a ficar sob o encargo das Forças Israelenses de Ocupação, isto é, as próprias Forças Armadas.

Por um lado, é uma demonstração de que o sionismo não procura mais esconder a natureza nazista de sua perseguição aos palestinos. Por outro, mostra que a resistência palestina avançou e mudou de qualidade. Afinal, se antes sua base de organização era em outros países (como a Jordânia e o Líbano), agora a resistência encontra-se organizada na própria Palestina, diretamente vinculada às massas.

Alguns assassinatos continuaram a ser realizados pelo Mossad, com destaque para os de cientistas iranianos que trabalharam no programa nuclear do país persa. Da mesma forma, assassinato de militares iranianos de alta patente. Em outras palavras, como Irã ao longo dos anos conseguiu se tornar um Estado forte, com amplo desenvolvimento de sua indústria militar, a ponto de ser capaz de reagir a uma investida direta de “Israel”, os sionistas continuaram a usar o Mossad e suas operações secretas para assassinar pessoas importantes para o desenvolvimento e soberania no Irã.

Contudo, todos esses assassinatos foram e continuam sendo inócuos para derrotar a resistência palestina e de todos os povos árabes e muçulmanos que travam a luta contra o sionismo. Pelo contrário, os assassinatos só serviram para enfurecer ainda mais esse povo martirizado. Após centenas de assassinatos, o Hamas é maior do que jamais foi, e segue impondo a “Israel” derrotas atrás de derrotas desde o dia 7 de outubro, data da Operação Dilúvio de al-Aqsa.

O mesmo vale para as demais organizações que compõem o Eixo da Resistência, em especial o Hesbolá e a Frente Popular para a Libertação da Palestina, que viram dezenas de seus líderes e combatentes serem assassinados ao longo dos anos pelo Mossad. Contudo, seguem mais forte do que nunca, em especial o Hesbolá, que graças aos seus ataques revolucionários contra o norte de “Israel”, presta valoroso auxílio militar à resistência palestinas e aprofunda a crise entre a população do Estado sionista e os seus governantes.

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