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HISTÓRIA DA PALESTINA

Shin Bet: agência de espionagem tão sinistra quanto o Mossad

A agência possui órgão interno chamado Departamento dos Assuntos Árabes, voltado à espionagem e repressão do povo palestino, especialmente aqueles que fazem parte da resistência

O aparato de espionagem de “Israel”, oficialmente chamado de Comunidade de Inteligência Israelense, é composto de três principais organizações, quais sejam, a Agência de Segurança de “Israel” (ou Serviço Geral de Segurança); a Inteligência Militar Israelense; e o Instituto para Inteligência e Operações Especiais.

Esta matéria é sobre a primeira delas.

A Agência de Segurança de “Israel” (ou Serviço Geral de Segurança) é mais conhecida por seus acrônimos Shabak e, principalmente, Shin Bet. É o serviço de “segurança” interna de “Israel”. Detalhe para as aspas circundando a palavra segurança, pois os termos repressão e espionagem seriam mais adequados para descrever o serviço feito pelo Shin Bet. Não é coincidência que seu slogan seja o “escudo invisível” (Magen veLo Yera’e, do hebraico מָגֵן וְלֹא יֵרָאֶה). 

Segundo matéria publicada em 2002 pela BBC (órgão de imprensa do imperialismo britânico), essa agência de espionagem é dividida em três alas operacionais:

  • O Departamento dos Assuntos Árabes: como o nome já indica, é departamento voltado à espionagem e repressão do povo palestino, especialmente aqueles que estão diretamente envolvidos na organização da resistência à ditadura de “Israel” sobre a Palestina, quer essa resistência seja armada ou não. Segundo a matéria da BBC, esse departamento conta com destacamentos de infiltrados chamados Mista’arvim (Marauders), que teriam tido atuação de proa em combater a Segunda Intifada. Tendo em vista que “Israel” já reprimiu, prendeu e assassinou inúmeros palestinos que jamais atuaram na resistência, é seguro presumir que foi o Shin Bet, através do Departamento dos Assuntos Árabes, que coordenou essa repressão;
  • Departamento de Israel e Estrangeiros: antigamente chamado de Departamento de Assuntos Não-Árabes, esse órgão inclui o Departamento de Contra-espionagem e Prevenção da Subversão no Setor Judaico, também conhecido como “Departamento Judaico”. Ou seja, um departamento que tem como objetivo reprimir diversos setores da população israelense. Naturalmente, a repressão será primariamente voltada para aqueles judeus israelenses que mais representam uma ameaça ao próprio Estado de “Israel”. No caso, os judeus ortodoxos que se opõem ao sionismo e aqueles judeus que defendem os palestinos, colocando-se (em maior ou menor extensão) contra a ditadura que “Israel” exerce sobre o povo palestino. Caso necessário (para conter crises), o Shin Bet, através do “Departamento Judaico”, também exerce espionagem e repressão contra a extrema direita, especialmente os tais “colonos” e suas organizações. É claro, apenas para mantê-los sob controle;
  • Departamento de Segurança Protetora: este órgão é responsável por evitar que os políticos sionistas sejam alvos da resistência palestina e dos demais países que são oprimidos por “Israel” e pelo imperialismo.

Tendo em vista que a ideologia do Estado de “Israel” é o sionismo, e que este tem como objetivo a conquista de todo o território da Palestina, com a expulsão dos palestinos, o fato de o Shin Bet ser a agência de espionagem “interna” de “Israel” não significa que ele atue apenas no território israelense. Essa agência sinistra atua principalmente na Cisjordânia, em Gaza e no leste de Jerusalém. Afinal, os políticos sionistas consideram estes territórios como seus.

Nesse sentido, vale citar novamente o que é exposto na matéria da BBC, já citada acima. Nem o imperialismo consegue esconder que o Shin Bet está “na vanguarda das operações secretas contra militantes palestinos”. E que, para isto, “a agência dirige uma rede de informantes palestinos e tem um papel fundamental na política […] de assassinato contra supostos militantes”. Ainda segundo a reportagem, “especialistas em segurança israelenses dizem que o Shin Bet tem um grande número de falantes fluentes de árabe, capazes de se passarem por palestinos e circularem livremente pela Cisjordânia”.

Assim, quando se diz que a função do Shin Bet como agência de segurança interna é realizar operações de contra-terrorismo, isto é, lutar contra o terrorismo, o que realmente significa é que essa agência de repressão tem com objetivo espionar, perseguir, torturar e assassinar os palestinos que lutam por sua libertação da ditadura de “Israel”.

Nesse sentido, vale ressaltar que a agência já trabalhou inúmeras vezes com a Força Aérea israelense, fornecendo inteligência para assassinar líderes da resistência palestina, seja do Hamas, da Jiade Islâmica, das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa e também do Fatá. Tais assassinatos covardes geralmente são cometidos de longe, utilizando-se de helicópteros, sem enfrentar os combatentes da resistência.

O Shin Bet também já se valeu de outros métodos na tentativa de frear o avanço da resistência palestina. Similar ao modus operandi do Mossad, utilizou explosivo escondido no celular de Yahya Ayyash para assassinar covardemente o militante palestino, que fora o principal artífice de explosivos para o Hamas e, à época de seu martírio, líder do batalhão da Cisjordânia das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam.

Iahia Aiash, o fundador das Brigadas al-Qassam

O assassinato de Ayyash foi um exemplo de que a repressão do Shin Bet à extrema direita sionista é apenas para controlá-la, e não para eliminá-la, ao contrário da repressão sobre a resistência palestina. Afinal, o líder palestino foi assassinado em 5 de janeiro de 1996. Pouco tempo antes (4/11/1995), o Shin Bet falhou em impedir o assassinato do primeiro-ministro israelense Isaque Rabin, morto por Yigal Amir, um colono sionista que era contrário aos Acordos de Oslo.

Ademais do exposto acima, deve-se ressaltar outro aspecto sobre o Shin Bet, típico em toda agência de espionagem do imperialismo e de seus lacaios: a tortura daqueles que lutam por sua libertação.

Na década de 2000, as pessoas que não estavam familiarizadas com a monstruosidade do imperialismo ficaram chocadas com as revelações sobre os métodos de tortura utilizados pelos Estados Unidos contra aqueles acusados de terrorismo, especialmente os prisioneiros da prisão de Abu Ghraib.

Contudo, antes da CIA torturar prisioneiros de forma brutal e sistemática durante a invasão do Iraque, nos anos de 2000, o Shin Bet já fazia o mesmo com palestinos nas décadas de 1980 e 1990.

Segundo a já citada publicação da BBC, “um dos métodos de interrogatório mais severos, praticado regularmente durante a intifada de 1988-92, deixava prisioneiros algemados estendidos de costas sobre bancos, com sacos sobre as cabeças e música alta a tocar-lhes nos ouvidos […] muitos prisioneiros morreram nas mãos do Shin Bet ou ficaram paralisados ​​após um período de detenção“.

No ano de 2015, a ONG israelense Médicos por Direitos Humanos-Israel constatou que o número de denúncias contra as práticas de tortura do Shin Bet quadruplicaram desde o ano de 2012, e que nenhuma das 850 novas denúncias havia sido investigada, pois sequer havia trâmites legais para receber denúncias contra tais órgãos de espionagem (Tamar Pileggi, ‘850 Torture Complaints yield no investigations,’ Archived 2015-10-30 at the Wayback Machine The Times of Israel 11 February 2015).

Contudo, apesar de toda a tortura que o Shin Bet praticou contra os prisioneiros palestinos e os assassinatos de líderes da resistência, ainda assim não conseguiu frear o avanço das organizações da resistência, em especial do Hamas.

Sendo específico, não conseguiu impedir a bem sucedida e revolucionária Operação Dilúvio de al-Aqsa, realizada pelas organizações da resistência no dia 7 de outubro de 2023. Essa ação vitoriosa, e demais vitórias do Eixo da Resistência, que se seguiram nos quatro meses seguintes, colocaram “Israel” e o imperialismo de joelhos. E, por ora, não há sinais de que a resistência será derrotada.

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