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HISTÓRIA DA PALESTINA

Aman: a maior das agências de espionagem do sionismo

Apesar de seu gigantesco aparato, não foi capaz de impedir a Operação Dilúvio de al-Aqsa, isto é, a ação revolucionária da resistência no dia 7 de outubro de 2023

Aman é a abreviação de Agaf HaModi’in (do hebraico אגף המודיעין), que literalmente significa “a Seção de Inteligência”. 

Esta agência, também conhecida como Inteligência Militar Israelense, é o órgão central de espionagem das Forças Israelenses de Ocupação (as forças armadas sionistas). Apesar de ser a maior das três principais agências de espionagem da comunidade de inteligência de “Israel” (sendo as outras duas o Shin Bet e o Mossad), a Aman é a menos conhecida delas. 

Contudo, não significa que tenha uma menor importância, nem que seja menos truculenta contra o povo palestino e árabe em geral.

Da mesma forma que é a menos conhecida, é também a que foi criada por último. Enquanto que o Mossad e o Shin Bet foram fundados em 1949, a Aman surgiu em 1950, a partir do comando geral das forças de ocupação, com a finalidade de que as tropas genocidas tivessem um órgão específico voltado para a espionagem. 

Inicialmente foi composta em sua maioria por membros do aparato de espionagem da Haganá. Assim, a agência é uma herdeira direta do Scherut Jediot (ou Shai), serviço de espionagem da milícia fascista.

Deve-se ressaltar que a Aman é um órgão independente no seio das Forças de Ocupação, não sendo subordinado nem às forças terrestres, nem à marinha e nem às forças aéreas. 

Segundo o portal Intelligence Resource Program, a Aman tem como funções produzir “estimativas abrangentes de inteligência nacional para o primeiro-ministro e o gabinete; relatórios diários de inteligência; estimativas de risco de guerra, estudos de alvos em países árabes próximos e interceptações de comunicações”. Sendo dotada de um Departamento de Relações Exteriores, a agência também é “responsável pela ligação com os serviços de inteligência estrangeiros e pelas atividades dos adidos militares israelenses no exterior”. Nesse sentido, tem como função coordenar espiões sionistas atuando fora de “Israel”.

Com esse acúmulo de funções, a Aman configura-se como a maior agência de espionagem da Comunidade de Inteligência de “Israel”, sendo constituída de mais de uma dezenas de órgãos.

Vale ressaltar, contudo, que as funções da agência vão muito além das citadas acima. A Aman também tem participação direta em combater a resistência árabe e palestina contra “Israel”, de todas as formas possíveis.

Uma das principais unidades responsáveis por realizar essa tarefa é o Sayeret Matkal (Unidade de Reconhecimento do Estado-Maior Geral), uma unidade encarregada não só de coletar informações em campo, infiltrando-se nos territórios palestinos e em Estados que “Israel” considera inimigos, mas também realizando perseguição contra os combatentes palestinos, libaneses e outros que lutam contra a ditadura do sionismo, realizando verdadeiras caçadas humanas. Nestas, frequentemente são sequestradas pessoas que jamais tiveram qualquer envolvimento com a resistência, como deixa evidente o fato de que “Israel” já sequestrou mais de sete mil palestinos desde o dia 7 de outubro de 2023:

Mais de 7 mil palestinos foram sequestrados por ‘Israel’

Como exemplo específico da perseguição que a Aman desatou contra a resistência palestina ao longo da história da agência, vale mencionar que o Sayeret Matkal liderou os assassinatos de Kamal Adwan, Muhammad Youssef Al-Najjar e Muhammad Youssef Al-Najjar, em Beirute, Líbano, em 9 de abril de 1973, no âmbito da “Operação Primavera Juventude”, no que ficou conhecido como massacre de Verdun.

Kamal Adwan era comandante da organização de resistência Setembro Negro, parte da OLP. Ele era igualmente membro do comitê central do Fatá. Foi assassinado em seu apartamento em frente a seus filhos, alvejado 55 vezes. A operação foi liderada por Ehud Barak, quem eventualmente veio a se tornar primeiro-ministro de “Israel” (1999-2001) e, depois, ministro da defesa (2007-2013), mostrando que a política de assassinato extrajudicial contra os palestinos é uma política de Estado dos sionistas.

Muhammad Youssef Al-Najjar, por sua vez, era um oficial de operações também do Setembro Negro, sendo igualmente um oficial da OLP. Foi assassinado a tiros em seu apartamento, junto de sua esposa. A operação foi realizada pelo Sayeret Matkal em conjunto com o Mossad.

Já Kamal Nasser era apenas um poeta cristão, pacifista. Foi assassinado no âmbito da mesma operação citada acima, simplesmente por ser porta-voz da OLP, fazendo seu papel de lutar pelos oprimidos (os palestinos, no caso). Segundo relatos, após ser assassinado pela unidade especial da Aman, “seu corpo foi deixado como se estivesse pendurado numa cruz. Uma vizinha foi morta a tiros ao abrir a porta durante a operação” (Kameel B. Nasr, Terrorismo Árabe e Israelense, McFarland 1997 p.71).

Não listaremos aqui todas as operações clandestinas e assassinatos de combatentes e militantes palestinos que foram assassinados pelas mãos da Aman. Apenas para finalizar, vale mencionar o assassinato covarde de Khalil Ibrahim al-Wazir, também conhecido como Abu Jiade, líder histórico da OLP, criador do braço armado do Fatá, e ninguém menos que o segundo em comando de Yasser Arafat. Foi morto com 52 tiros, em uma operação liderada pelo Sayeret Matkal em conjunto com o Mossad. Releia o artigo que este Diário publicou recentemente sobre o ocorrido:

Khalil Ibrahim al-Wazir: assassinado pelo Mossad com 52 tiros

Mas não é apenas através do Sayeret Matkal que a Aman garante a ditadura sionista contra os palestinos.

Destaque também deve ser dado para a sinistra Unidade 504, responsável não só por interrogar (leia-se: torturar) prisioneiros das forças israelenses de ocupação, como também por gerenciar os chamados sítios secretos, isto é, campos de concentração clandestinos, sob o controle das forças de ocupação. Um dos mais famosos é o Campo 1391, localizado no norte de “Israel”, e destinado a prisioneiros de “alto risco”. É apelidado como a Guantánamo de “Israel”.

Por fim, mas não menos importante, também faz parte da Aman o Censor Militar Israelense, órgão este encarregado de realizar censura prévia de informações possam afetar a “segurança” do Estado de “Israel”, impedindo-as de serem publicadas nos jornais da imprensa sionista. A pessoa que preside o órgão, o Censor Chefe, é nomeado diretamente pelo ministro da defesa de “Israel”, o que demonstra que a principal preocupação com a censura é o combate à resistência armada contra o sionismo, especialmente a do povo palestino. Para ilustrar o alcance dessa censura, segundo informa o portal O Sétimo Olho, uma média de 2.240 artigos na imprensa sionista são censurados pelo Censor Militar Israelense todos os anos, dos quais 240 são censurados totalmente, enquanto que os demais são alvo de censura parcial.

Seguro dizer que essa censura não é limitada apenas à imprensa sionista. Basta ver a ofensiva do sionismo no Brasil, que segue perseguindo dirigentes e a imprensa do Partido da Causa Operária (PCO), o jornalista Breno Altman, do Opera Mundi, e todos aqueles que travam uma luta consequente ou mesmo se opõem a “Israel” e ao genocídio que está cometendo contra os palestinos. Não seria surpreendente se a Aman e o Censor Militar Israelense fizessem parte dessa ofensiva contra a liberdade de expressão.

Em resumo, a Aman nada mais é do que uma manifestação do caráter nazista do Estado de “Israel”

Contudo, assim como o nazismo foi derrotado, o sionismo também o será. Neste caso, pelas mãos da resistência palestina e daqueles que lutam junto dela. Sobre isto, ao longo da história da Aman, e principalmente desde o dia 7 de outubro, é possível constatar vários sinais da derrota final do sionismo, que está por vir.

Como primeiro exemplo, cita-se o caso de Ionatan Netaniahu, irmão do atual primeiro-ministro, Benjamin Netaniahu.

Ionatan era um importante comandante em campo do já citado Sayeret Matkal. Foi ele quem comandou o famoso ataque ao aeroporto de Entebbe, quando as forças de ocupação de “Israel” invadiram Uganda e atacaram os combatentes da Frente Popular para a Libertação da Palestina e das Células Revolucionárias da Alemanha Ocidental, que haviam sequestrado o Airbus A300 da Air France.

Embora as forças de ocupação tenha sido bem-sucedidas, no geral (resgataram a maior parte dos prisioneiros israelenses), Ionatan Netaniahu foi aniquilado por um combatente das Células Revolucionárias, demonstrando já uma fraqueza da Aman e de sua principal unidade de combate.

Contudo, o maior sintoma da decadência da agência veio justamente após a revolucionária Operação Dilúvio de al-Aqsa, do último 7 de outubro. Já no dia 14 daqueles mês, foi noticiado que 11 sionistas do Sayeret Matkal foram aniquilados na tentativa de libertar prisioneiros capturados pelo Hamas.

No mesmo sentido, vale citar o caso da Unidade 8200, outro órgão da Aman. Sendo este responsável por supervisionar operações clandestinas, interceptar comunicações, descriptografar códigos, travar guerra cibernética, e realizar cerrada vigilância contra a resistência palestina, a Unidade 8200 falhou em impedir a ação revolucionária da resistência palestina no dia 7 de outubro. 

Segundo foi noticiado no The Times of Israel (órgão da imprensa sionista), a unidade teria parado de ouvir os rádios portáteis do Hamas em 2022, decidindo que era um “desperdício de esforço”. A monitorização dessa rede de rádio poderia ter ajudado o Shin Bet a perceber, algumas horas antes do ataque, que a atividade que estavam vendo na fronteira de Gaza não era apenas mais um exercício militar do Hamas.

Caso seja verdade, trata-se de um profundo sinal de decadência do sionismo, subestimar o povo palestino em sua justa luta por libertação nacional.

Igualmente uma demonstração de que toda ditadura, por pior e mais durável que possa ser, inevitavelmente é derrotada pela incansável luta daqueles que são oprimidos por ela. No caso, a resistência do povo palestino, liderada pelo Hamas.

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