Mais de 40 dias após o golpe de Estado que derrubou o governo pró-imperialista do Níger, milhares de nigerinos foram às ruas da capital, Niamey, exigir a retirada das tropas francesas que permanecem no país e também do golpista embaixador francês, Sylvain Itté. No X (antigo Twitter), o perfil @vergonhadepais1 exibiu registros da grande mobilização ocorrida no último dia 2, conforme se vê no vídeo abaixo:
Sob gritos como “abaixo o imperialismo”, “Macron: o Níger não é sua propriedade” e “soldados franceses, o Níger é um país soberano, vão embora!” a população do país demonstrou também um eloquente apoio ao novo regime, que tomou o poder no dia 23 de julho e segue enfrentando ameaças de intervenção. Pouco mais de um mês após a tomada do poder, no dia 25 de agosto, o governo apoiado pelas massas nigerinas deu um ultimato ao embaixador francês, exigindo que este saísse do país em até 48 horas.
O governo francês, no entanto, negou-se a abandonar o país, em uma clara provocação ao governo, deixando claro, ainda, que suas tropas não estavam na nação africana para prestar auxílio à qualquer necessidade do Níger, mas para uma ocupação efetiva. Ainda hoje, 1.500 soldados franceses ocupam o país.
Desde o último dia 31, o embaixador francês não conta mais com a imunidade diplomática, tendo cancelado os vistos de Itté e de sua família cancelados. O governo da França, no entanto, insiste que o novo regime nigerino não tem autoridade para reunir-se com o embaixador ou retirá-lo do país.
A expressiva demonstração de apoio dado pela população do Níger ao novo governo, porém, coloca em xeque a alegação do governo de Emmanuel Macron. Há décadas sendo espoliados, o povo nigerino expressou serem os franceses os que não contam com autoridade alguma sobre a nação. Não apenas isso, a presença do imperialismo francês no país torna-se tão intolerável quanto se revelou em outras nações da região do Sahel, convulsionado pela rebelião africana e a determinação em expulsar os invasores.