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Homem branco

IREE usa identitarismo como cobertura contra a indicação de Zanin

Com a mesma posição da burguesia golpista, instituto de Walfrido Warde não quer Zanin no STF

Desde que Lula declarou a intenção de nomear Cristiano Zanin para a vaga no STF que será deixada por Ricardo Lewandowski, que se aposenta este mês, há uma série de ataques coordenados contra o presidente e o advogado.

Zanin, como todos sabem, foi advogado de Lula durante o processo farsa colocado em marcha pela Lava Jato, que acabou resultando na prisão de Lula. Em suma, Zanin é um nome da confiança do presidente.

Os ataques vêm da direita bolsonarista, como é esperado, mas vem também da direita tradicional e de setores pseudo-esquerdistas. Esses últimos usam o mesmo argumento contra Lula e como sempre, é o identitarismo que aparece como a cobertura da campanha direitista: “Zanin é um homem branco”.

Uma colunista do IREE (Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa), Danielle Zulques, que também é diretora do Instituto, escreveu um artigo chamado “Cadê a diversidade no STF?”, publicado no dia 3 de abril. Ali, ela afirma que “Diferentemente dos seus dois primeiros mandatos, quando Lula nomeou uma mulher e um negro ao cargo, a possível lista de indicados à vaga do Ministro Ricardo Lewandowski reflete a lógica jurídica vigente no Brasil: o predomínio de homens brancos.” Embora ela não cite o nome de Cristiano Zanin, para bom entendedor meia palavra basta.

Ainda segundo a colunista do Instituto do empresário Walfrido Warde, Lula “tem focado na inclusão da diversidade nos espaços de poder”, mas quando o assunto é STF “todo o discurso de representatividade de minorias se desmorona.”

A colocação da colunista revela algumas coisas interessantes. A primeira delas é que Lula não é tão idiota quanto os pretensos esquerdistas identitários. Na posse e em coisas mais irrelevantes, Lula faz um agrado para os demagogos identitários, mas quando o assunto é realmente sério, Lula sabe que não deve brincar.

A colunista do IREE deveria se lembrar quem foram as mulheres e o negro que Lula colocou no STF. Joaquim Barbosa foi o negro que passou por cima da Constituição para prender dirigentes do PT no caso do mensalão. Talvez Danielle Zulques não se lembre – ou talvez ela ache que o julgamento do mensalão tenha sido um exemplo de democracia – mas esse episódio foi o que abriu o processo golpista no País.

E o que dizer das mulheres nomeadas pelo PT? Carmen Lúcia foi indicada por Lula, Rosa Weber foi indicada por Dilma. As duas foram favoráveis ao impeachment fraudulento que derrubou a presidenta – é bom lembrar que Dilma é mulher. As duas votaram a favor da prisão de Lula.

Para que serviu a indicação de um negro e de duas mulheres? Serviu para justificar a perseguição golpista contra o próprio PT.

“Embora faça sentido que a diversidade social do STF seja menor do que a do Congresso, é imprescindível que a principal Corte do país também reflita a diversidade da população brasileira. Do ponto de vista da estrutura política, seria fundamental termos um ou uma representante de minorias, com repertório ligado aos direitos humanos e antidiscriminação.”

A afirmação é totalmente despolitizada. Para o identitarismo o que vale não é a política, mas a cor da pele, a etnia, o gênero. O que a colunista não compreende é que o STF não vai refletir nunca a população brasileira, mesmo se algum dia ali estiverem uma maioria de homens e mulheres negros. O STF é justamente uma Corte anti-democrática, criada para ser contra o povo, não importa quem esteja lá.

Mas Lula precisa indicar alguém e, se é assim, que seja a pessoa mais confiável politicamente. Zanin, que esteve com Lula durante todo o processo da Lava Jato, parece ser o mais confiável e o presidente tem toda a razão de escolhê-lo.

Para terminar, a colunista do IREE demostra mais uma vez sua despolitização:

“A aposta da maioria dos eleitores do Presidente Lula é de que haja uma diversificação da composição do STF e não uma nomeação clichê e politizada como a dos dois últimos presidentes.”

A acusação de que a escolha de Lula é “clichê e politizada” é exatamente a mesma que a imprensa golpista faz. Lula deveria fazer uma escolha “não política”, ou seja, chamar outro negro ou outra mulher que mais à frente vão voltar-se contra ele, como fizeram Joaquim Barbosa, Rosa Weber e Carmen Lúcia.

Com essa posição, vemos que o IREE, ou melhor dizendo as pessoas que o compõe, existe para dar uma cobertura meio esquerdista para a política da burguesia. Quem não quer que Lula indique Zanin é justamente os que foram responsáveis pelo golpe e pela prisão do presidente. Querem uma pessoa de confiança, não de Lula, mas deles para que, se novamente for preciso, seja facilmente corrompido.

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