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Financiado pelo imperialismo

Lemann e Maria Setúbal financiam o movimento “Juntos”

Financiado pelo núcleo duro do Golpe de 16, o movimento não passa de um engodo cuja finalidade é defender o regime golpista, com ou sem Bolsonaro

Reprodução: DuckduckGo

Colocando mais concretude à natureza espúria do movimento “Estamos Juntos”, o apoio financeiro de Jorge Paulo Lemann, da Ambev, e Maria Alice Setúbal, do Itaú, ajuda a esclarecer o que este agrupamento realmente é: a escória golpista, nacional e estrangeira, unida para manobrar com o repúdio popular ao regime de Bolsonaro, seja para mantê-lo ou, em último caso, para mitigar a crise política desencadeada pela sua eventual substituição.

Celebrado com muito entusiasmo pelo chamado PIG, o conjunto de órgãos da imprensa capitalista mais abertamente dedicados à defesa dos interesses imperialistas no país, não chega a ser espantoso a virulência que a propaganda destes órgãos dedicou ao ex-presidente Lula por criticar o manifesto assinado pelo movimento, que contou com apoio de golpistas notórios como Fernando Henrique Cardoso e Luciano Huck, além de alguns dos elementos mais reacionários da esquerda, caso do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) e o ex-prefeito petista Fernando Haddad.

A origem do financiamento do grupo inclui ainda a ONG norte-americana National Endowment for Democracy (NED), tradicional agência de fomento a golpes de Estado patrocinada pelos setores imperialistas da burguesia dos EUA. Criada no governo de Ronald Regan, a NED conta em seu currículo com as chamadas “revoluções coloridas” no Leste Europeu, além de passagens por Rússia, China, Venezuela (desde o golpe de 2002 contra o líder bolivariano Hugo Chávez) e Egito, tendo sido banida em todos estes países por sua ativa participação em campanhas golpistas, tais como o levante de Hong Kong, caso mais recente de atuação da ONG.

Este vício de origem, a comprovação de financiamento pelo dinheiro sujo de golpistas abertamente ligados ao imperialismo (ou seja os reais promotores do golpe de 16 e da eleição de Bolsonaro), demonstra de maneira muito contundente o caráter reacionário do movimento. Demonstrando uma dificuldade enorme em controlar o irrefreável Bolsonaro (parte pela personalidade do homem mas fundamentalmente pelas contradições do arranjo político que o sustenta), a burguesia abusa dos preconceitos políticos da pequena burguesia, classe mais sensível à festividades que tradicionalmente marcam o lançamento de frentes ampla, verdadeiras festas rave dado o grau de lisergia e depravação que acompanham estas surubas políticas, no Brasil e no mundo, hoje e sempre.

Embora tenha sido desmascarada com muita facilidade, esta tentativa da burguesia de emplacar uma frente ampla mais abertamente dirigida pela direita certamente não será a última. Osbobinhos” no campo da esquerda fazem mil e um malabarismos retóricos mas há quase cem anos Trótski já alertava os trabalhadores sobre este expediente. A história se encarregou de confirmar que, de fato, a frente ampla é um dos últimos recursos da burguesia quando esta se encontra uma situação de desespero (o outro é o fascismo escancarado), justamente o que não falta à classe dominante na atual etapa da crise impulsionada pelo coronavírus. Os setores mais conscientes da esquerda precisam se atentar a este tipo de manobra, que pode atender aos interesses mesquinhos de um número muito reduzido de oportunistas e certamente atende à burguesia (o que justifica o investimento de Lemann e Setúbal) mas nunca aos trabalhadores.

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