Nos últimos dias vem se desenvolvendo em todo País, entre os mais diversos setores explorados, a tendência a superar a política de paralisia e “quarentena” adotada pela imensa maioria da esquerda burguesa e pequeno burguesa , no sentido de realizar uma luta real, uma mobilização contra o Bolsonaro e todos os governos de direita e seus ataques, em meio a uma situação de explosão da pandemia do coronavírus que está levando o País aos primeiros lugares no ranking de infectados e mortos, ultrapassando hoje a marca de 15 mil mortos, de acordo com o Portal Transparência dos Cartórios, que trás o registro de óbitos registrados em todo o País, ainda que com atrasos de até 15 dias.
Esta tendência se expressou de forma consciente e organizada, por parte da vanguarda revolucionária que é o Partido da Causa Operária (PCO), no ato clarista e de luta pelo Fora Bolsonaro que o mesmo realizou junto com os Comitês de Luta e outras organizações, quando toda a esquerda se limitou a “atos” virtuais e, pior ainda, o principal deles – convocado pelas CUT e demais “centrais” – realizado com a participação e convites a alguns dos maiores golpistas e bandidos políticos, verdadeiros inimigos dos trabalhadores.
Mas essa tendência de sair à luta não se limitou às iniciativas do PCO e de qualquer outro setor da esquerda. O que já vinha ocorrendo em forma estanque desde o começo da pandemia, como se viu na greve dos trabalhadores em call center, em 10 Estados, se expressou em diversos pequenos atos por todo o País, em um momento em que aumentou a pressão contra as manifestações e a favor do “fique em casa” e, consequentemente, espere que o governo da direita “resolva” as coisas para você. Essa conduta passiva e criminosa vem sendo vem sendo rejeitada em
atos de trabalhadores da Saúde, dos trabalhadores em transporte escolar, sem tetos, trabalhadores da Educação, moradores de comunidades operárias etc. evidenciando que se desenvolve – por fora dos sindicatos paralisados – e da esquerda conciliadora uma verdadeira tendência a uma onda geral de mobilização.
Uma das mais importantes e expressivas iniciativas nesse sentido, foi o ato organizado pelo movimento de familiares e amigos dos presos da Papuda, realizado em Brasília no último dia 13. Na data em que se celebrava a assinatura a Lei Áurea que, formalmente, extinguiu a escravidão negra no País, cerca de uma centena de manifestantes apoiados pelo PCO e por dirigentes do Sindicato dos Bancários do DF, Comitês de Luta locais etc. saíra às ruas, na Esplanada dos Ministérios, para protestar contra a “pena de morte” que ameaça milhares de “escravos”. do século XXI, sob a pandemia de Covid-19.
Um outro sintoma extremamente positivo nesse sentido e que mostra uma evolução na consciência da necessidade de se organizar e se mobilizar é a formação, ainda embrionária, em diversas regiões do País, de Conselhos Populares que procuram agrupar e mobilizar os moradores de bairros pobres para reivindicar dos órgãos públicos e para adotar medidas de auto proteção, como o funcionamento de cozinhas comunitárias, dentre outras iniciativas.
Em meio à essa evolução a maioria da esquerda segue paralisada sob a influência paralisante das suas alas mais conservadores que apontam não para a mobilização mas para a conciliação e para alguns pedidos de “socorro”, inúteis, dirigidos às próprias instituições do regime golpista como o Ministério Público, o Congresso e suas comissões parlamentares e o Judiciário, ou ainda para os caciques da direita golpista como Fernando Henrique Cardoso (PDB) e Rodrigo Maia (DEM).
É preciso reabrir as entidades de luta dos trabalhadores e demais explorados e processar no interior dessas organizações e, principalmente na base dessas organizações, nos locais de trabalho e moradia, o debate sobre a necessidade de impulsionar de forma consciente e consequente a perspectiva de luta que começa a se desenvolver.