Números divulgados pela Pastoral da Terra apontam que no ano de 2019 já são sete os líderes indígenas assassinados, um aumento de 350% se comparado com o ano passado.
Não apenas os assassinatos, mas a violência contra as comunidades indígenas vem se intensificando ao longo dos últimos anos e estão absolutamente ligadas ao golpe de Estado, ao aumento dos casos de invasão e exploração ilegal de suas terras por latifundiários e grileiros.
Guardadas as condições diferenciadas, existe no campo uma semelhança ao das cidades no Brasil. Uma política consciente por parte do Estado que utiliza os órgãos estatais e paraestatais com o intuito de manter um permanente estado de terror contra as comunidades exploradas.
De acordo com o coordenador da Pastoral da Terra, Paulo Moreira Leite, “o Estado é o agente promotor das agressões” e que “os responsáveis decidiram que esses povos indígenas não têm direitos e que têm que ser eliminados”.
Os povos indígenas, assim como o movimento dos sem-terra são duplamente atacados pelo Estado. São alvos da expropriação de suas terras e do terror permanente visando paralisar a reação dos trabalhadores, uma política orquestrada pelo Estado e que se intensificou com o golpe de Estado e com a chegada de um governo abertamente fascista.
Um outro relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de 2018 é um atestado da dramaticidade da condição do povo indígena. Em 2018 o assassinato de indígenas aumentou em 20% se comparado ao ano de 2017. Foram 138 mortes contra 117 do ano anterior. Em um outro relatório, esse considerando o ano de 2019, de janeiro a setembro, portanto em um período de 9 meses, foram contabilizados 160 casos de invasão de terra contra 111 verificadas em todo o ano de 2018.
A condição da população indígena é a mesma dos trabalhadores sem terra e também da população das periferias das cidades. Um permanente ataque por parte da Polícia militar, das milícias paraestatais de extrema-direita, latifundiários, jagunços só podem ser combatidos por uma ação decidida dos explorados da cidade e do campo. Não é possível se combater o terror, os assassinatos sistemáticos, as invasões de terra, a tortura dos explorados com uma política de benevolência com a extrema-direita.
A saída está nas mãos dos próprios trabalhadores e o único caminho é a constituição de comitês de autodefesa para responder na mesma moeda a ofensiva fascista da extrema-direita.