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80 anos da morte de Trótski

Trótski: O que é o fascismo?

DCO publica uma série de reportagens em homenagem ao revolucionário Leon Trótski, neste período em que se passaram 80 anos de seu assassinato

Continuando a série de textos de Leon Trótski por ocasião dos 80 anos de sua morte, o Diário Causa Operária transcreve abaixo uma carta que o revolucionário endereçou a um Camarada na Inglaterra e que dá uma primeira definição do que era o movimento fascista, um fenômeno ainda relativamente recente naquela época. Segue abaixo a carta:

O que é o fascismo?

Estimado camarada,

Hoje lhe escrevo a respeito do problema do fascismo. Seria importante debater este assunto com os camaradas ingleses, pois, só assim conseguiremos chegar a conclusões e opiniões mais definidas.

O que é o fascismo? O nome surgiu na Itália. Mas seriam todas as formas de ditadura contrarrevolucionárias fascistas? (ou seja: antes da instauração do fascismo na Itália.)

A ditadura espanhola de Primo de Rivera (1923-30) é descrita pela Internacional Comunista como uma ditadura fascista. Isto está certo ou errado? Acreditamos estar errado.

O movimento fascista na Itália foi um movimento espontâneo de amplas massas, com novos líderes de base. É um movimento plebeu em sua origem, direcionado e financiado por grandes poderes capitalistas. Ele surge da pequena-burguesia, dos setores mais marginais do proletariado e, até certo ponto, da massa proletária; Mussolini, um ex-socialista, é o «empreendedor» que surge deste movimento.

Primo de Rivera era um aristocrata. Ocupou altos postos na hierarquia militar, na burocracia e foi governador geral da Catalunha. Garantiu sua tomada do poder com ajuda do Estado e das Forças Armadas. As ditaduras na Espanha e Itália são duas formas inteiramente distintas de ditadura. É necessário diferenciá-las. Mussolini teve dificuldades em reconciliar velhas instituições militares com a milícia fascista. Este problema não existiu com Primo de Rivera.

O movimento na Alemanha é análogo em geral ao italiano. É um movimento de massas, com seus líderes usando grande quantidade da retórica socialista. Isto é necessário para a criação de um movimento de massa.

A base genuína do fascismo é a pequena burguesia. Na Itália, ela tem uma base muito grande – a pequena burguesia das cidades e vilas, e do campesinato. Na Alemanha, igualmente, há uma ampla base para o fascismo. Na Inglaterra esta base é menor, já que os trabalhadores são a ampla maioria da população; e o estrato camponês ou rural é um setor insignificante.

É preciso ser dito, e isto é verdade até certo ponto, que a Nova Classe Média, os funcionários do Estado, os administradores privados, etc., podem constituir tal base. Entretanto, esta é uma nova questão que precisa ser analisada. Isto é uma suposição. É necessário analisar o que realmente ocorrerá. É preciso identificar o movimento fascista que surge de um ou de outro elemento. Não estou afirmando que seja impossível surgir um movimento fascista na Inglaterra, ou que um Mosley(1) ou outra pessoa não se converta em um ditador. É uma pergunta para o futuro. Uma possibilidade verosímil.

Falar dele agora como um perigo iminente não é um prognóstico, mas uma mera profecia. Para que possamos prever as situações em relação ao fascismo, é necessário ter uma definição desta ideia. O que é o fascismo? Quais são suas bases, formas e características? Como se dará seu desenvolvimento? É necessário proceder de forma científica e marxista.

Quanto a outra questão. Naturalmente, é importante que você de atenção aos elementos isolados da Oposição de Esquerda, mas não é menos importante seguir com atenção os passos do Partido Trabalhista britânico, Partido Trabalhista Independente(2) e Partido Comunista. Os primeiros tremores do terremoto devem ter produzido rachaduras muito grandes nas paredes deste edifício, e os bolsheviques-leninistas poderão ganhar influência sobre um grande setor do movimento operário. É necessário prestar atenção não só em nossa pequena sessão, mas também em tudo que esta se dando neste grande organismo.

Esta carta é só um esboço. Nem se quer revisei seu conteúdo, mas confio que saberá compreender o sentido geral das ideias aqui expressas.

Junto há uma carta para a Sra Ellen Wilkinson(3), que, como você se lembra, foi comunista e legisladora pelo Partido Trabalhista. Também tem feito alguns esforços para conseguir uma autorização para minha entrada na Grã Bretanha. Se acreditar que ela pode ser útil de alguma forma, então esta carta anexa deverá ajudar. Caso contrário, pode destrui-la.

Meus mais sinceros comprimentos,

L. Trotsky

Notas de rodapé:
(1) Oswald Mosley (1896-1980): começou na política britânica como membro do Partido Conservador, depois migrou para o Partido Trabalhista e depois de largá-lo, fundou o “Partido Novo”, que mais tarde tornou-se na União Britânica dos Fascistas em 1932. [Nota do Tradutor]
(2) Fundado em 1893, o Partido Trabalhista Independente influenciou muito na criação do Partido Trabalhista britânico, normalmente ocupando uma posição na sua ala esquerda. Expulso em 1931 do Partido Trabalhista, aproximou-se por alguns anos do stalinismo. Em meados dos anos 30 se filiou à Comunidade Internacional do Trabalho, corrente centrista internacional. Em 1939 retornou ao Partido Trabalhista. [N.T.]
(3) Ellen Wilkinson (1891-1947): Ex-sindicalista, trabalhista de esquerda que participou da fundação da Revista Tribune, foi também deputada e ministra da Educação durante o governo trabalhista de Clement Attlee depois da Segunda Guerra Mundial. [N.T.]

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