Neste sábado (11), o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, analisou um fenômeno político que ele chamou de “direita Érika Hilton” — um tipo de direita chiliquenta, identitária e moralista, que se apresenta com aparência liberal, mas que, em essência, cumpre o mesmo papel reacionário dos defensores da censura e da repressão. A explicação foi feita durante o programa Análise Política da Semana, da Causa Operária TV.
O ponto de partida da exposição foi o episódio ocorrido durante a convocação do ato em defesa da resistência palestina, no dia 7 de outubro, em comemoração aos dois anos da Operação Dilúvio de Al-Aqsa. Segundo Pimenta, a pressão do lobby sionista contra o evento — que levou à desistência da Academia Paulista de Letras e, depois, à tentativa de impedir a realização no Sindicato dos Professores — revelou a verdadeira face desse setor político.
“A pressão da direita é uma coisa lamentável”, afirmou. “É aquele negócio assim: é uma política tipo Érika Hilton. O cidadão chega e fala ‘ai, eles disseram isso, disseram aquilo’, e já quer processar.”
Para Rui Costa Pimenta, a chamada “direita Érika Hilton” representa uma mutação da direita, fazendo referência à deputada transsexual do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) que ganha a vida processando quem ofende sua “honra”. A atuação de Hilton levou uma feminista conhecida, chamada Isabella Cêpa, a pedir asilo político na Europa após ser perseguida por afirmar que a vereadora Érika Hilton seria “um homem”.
“Estamos diante de uma direita trans”, ironizou. “É tudo escândalo, é tudo gente chocada. Falam em liberdade, mas querem cassar partido, prender opositores e silenciar quem pensa diferente.”
A “direita trans”, nas palavras dele, é “um amontoado de mocinhas histéricas, que vivem de processo e chilique”.
Durante o ato do dia 7, integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) e do Partido Liberal (PL) Jovem vieram provocar os militantes. Pimenta descreveu o episódio como uma tentativa coordenada da direita para gerar confusão e tentar intimidar os manifestantes.
“Um sujeito parecia um palhaço de circo, gritava ‘playboy!’ para o nosso pessoal enquanto se escondia atrás da Polícia Militar”, relatou. “Teve muita sorte de não ter apanhado feio, porque foi lá provocar e sabia que a PM estava protegendo ele.”
Segundo o presidente do PCO, esses grupos reproduzem mentiras grotescas para justificar o genocídio na Faixa de Gaza. “Eles falam que o Hamas comeu fígado de bebê com azeite”, ironizou, destacando o caráter delirante das campanhas da direita sionista.
Pimenta também criticou a hipocrisia desses setores que se apresentam como defensores da lei e da ordem. Citando o deputado Kim Kataguiri, que propôs penas de prisão para motociclistas com escapamentos barulhentos, o dirigente comparou:
“Se por escapamento barulhento querem dois anos de cadeia, quanto deveria pegar um soldado que participa de uma operação que matou vinte mil crianças? Uns dois mil anos, talvez.”
Ele denunciou a contradição entre o discurso moralista e a prática de defesa do imperialismo e do sionismo. “Eles apoiam os piores criminosos que o mundo já conheceu”, afirmou. “Vêm atacar o PCO para defender os assassinos de crianças na Palestina”.
Para Pimenta, a adesão de parte da esquerda a esse discurso mostra o grau de degeneração política causado pelo identitarismo e pela subordinação ao imperialismo. “Tem gente que diz que devemos imitar a política de segurança pública dessa gente”, disse. “Não tem que imitar nada disso. É uma farsa grotesca, uma tentativa de massacrar o povo pobre”.




