África

Sudão, palco da guerra entre o imperialismo e países oprimidos

Guerra civil se agrava com rompimento de relações com os Emirados Árabes Unidos e ataques aéreos a Porto Sudão

A guerra civil no Sudão atingiu um novo patamar nessa semana após uma série de ataques com veículos aéreos não tripulados (VANTs) contra a cidade de Porto Sudão e o rompimento oficial das relações diplomáticas com os Emirados Árabes Unidos. Na terça-feira (6), o Conselho de Segurança e Defesa do Sudão anunciou a suspensão de todos os laços com os Emirados Árabes, classificando-o como “Estado agressor” por seu suposto apoio às Forças de Apoio Rápido (RSF), grupo que trava uma guerra contra o Exército Sudanês (SAF) desde abril de 2023.

“O apoio dos EAU às milícias ameaça a segurança regional e internacional, especialmente a segurança do Mar Vermelho”, afirmou o governo sudanês em nota publicada pela agência estatal SUNA, reiterando seu direito de responder “por todos os meios” a ações que comprometam sua soberania.

A decisão foi tomada poucas horas após a Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, rejeitar uma ação apresentada pelo Sudão que acusava os Emirados Unidos de cumplicidade em genocídio contra a etnia masalit. A CIJ declarou-se incompetente para julgar o caso, devido a uma ressalva feita pelos Emirados Unidos ao ratificarem a Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio, em 2005.

Logo após o veredito, a RSF lançou uma série de ataques com VANTs sobre Porto Sudão, atingindo instalações civis e militares, incluindo uma estação de energia, o aeroporto e a base central do Exército na cidade. Um dos VANTs atingiu a seção civil do aeroporto, enquanto outro causou um incêndio em um dos principais depósitos de combustível do país. Os bombardeios também ocorreram nas proximidades da residência do general Abdel Fattah al-Burhan, líder do SAF e chefe do governo sudanês.

A cidade de Porto Sudão, controlada pelo Exército e localizada na costa do Mar Vermelho, tornou-se um dos principais refúgios para centenas de milhares de civis deslocados pela guerra. Também abriga agências da ONU e organizações humanitárias. O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou os ataques como um “desenvolvimento alarmante que ameaça a proteção de civis e as operações humanitárias”. O Egito, país vizinho, condenou os bombardeios e alertou para o risco de escalada e colapso das negociações por cessar-fogo.

Segundo o portal The Cradle, o ex-analista da CIA Cameron Hudson afirmou que “o que vem dos EAU é muito substancial. Isso os manteve na luta”. Já o ex-assessor do premiê Abdalla Hamdok, Amgad Fareid Eltayeb, foi direto: “a RSF é o braço dos Emirados Árabes no Sudão”.

Desde o início da guerra civil, o Sudão vive uma das piores crises humanitárias do mundo: estima-se que mais de 150 mil pessoas tenham sido mortas e mais de 11 milhões forçadas a deixar suas casas.

De acordo com investigações publicadas pelo The Cradle, Irã e Rússia estão alinhadas às forças governamentais lideradas pelo general Abdel Fattah al-Burhan, o que revela as razões para a escalada na guerra. O Irã tem sido apontado como um dos principais fornecedores de armamentos ao Exército Sudanês desde o segundo semestre de 2023. Autoridades militares sudanesas teriam recebido VANTs e mísseis iranianos, considerados decisivos para conter o avanço da RSF. Em troca, o Irã teria garantido acesso privilegiado ao Mar Vermelho, área de crescente interesse estratégico para o regime iraniano.

A Rússia, por sua vez, procura estabelecer uma base naval em Porto Sudão. Em meio à guerra, a Rússia teria intensificado o envio de conselheiros militares e apoio logístico ao Exército Sudanês.

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