Nesta semana, Antony Blinken, Secretário de Estado dos EUA, está realizando sua quinta visita ao Oriente Médio desde que a resistência palestina lançou a Operação Dilúvio de Al-Aqsa, desencadeando crise sem precedentes em “Israel” e em todo o bloco imperialista.
A viagem se dá na conjuntura das negociações de um cessar-fogo temporário entre a Palestina e “Israel”, que se for firmado será o primeiro acordo 100 dias após o Estado sionista ter violado a trégua temporária, em 1º de dezembro.
A primeira parada foi a Arábia Saudita, país que, junto de “Israel” e do Egito, é uma dos principais capachos do imperialismo norte-americano na região, contra os movimentos de libertação nacional dos povos árabes.
Blinken reuniu-se lá, nesta segunda-feira (5), com o príncipe Mohamed bin Salman, onde também conversou a respeito da escalada regional do conflito, dado a resistência dos Iêmen e das organizações armadas xiitas no Iraque e na Síria contra a presença do imperialismo nos respectivos países. Da mesma forma, seguiram as conversas sobre a retomada das relações entre Arábia Saudita e “Israel”, que estavam acontecendo antes da ação revolucionária da resistência palestina, liderada pelo Hamas, no dia 7 de outubro.
Por ocasião da visita, Matt Miller, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, afirmou o seguinte:
“O Secretário e o príncipe herdeiro continuaram as discussões sobre a coordenação regional para alcançar um fim duradouro à crise em Gaza, proporcionando uma paz duradoura e segurança tanto para israelenses quanto para palestinos. Eles discutiram a importância de construir uma região mais integrada e próspera e reafirmaram a parceria estratégica entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita.”
A segunda parada foi o Egito, já nessa terça-feira (6).
Dando sequência à tentativa do imperialismo de retomar o controle da situação de crise que segue crescendo no Oriente Médio, o Secretário de Estado desembarcou no país reunindo-se com o presidente Abdel Fatá al-Sisi para conversar a respeito de um acordo entre os palestinos (representados pelo Hamas) e “Israel”.
A visita ocorre no momento em que as forças israelenses de ocupação intensificam seu genocídio contra os palestinos na Faixa de Gaza, especialmente atacando os palestinos aglomerados à força na cidade de Rafá, fronteira com o Egito. Após passarem a primeira fase concentrando seus ataques na região norte do enclave, forçando a população a migrar para o sul, na segunda fase as tropas sionistas focaram os bombardeios nessa região, em especial na cidade de Khan Iounis, forçando deslocamento massivo para Rafá.
Nesta conjuntura, o governo egípcio teme que os contínuos ataques as forças israelenses de ocupação forcem os palestinos a adentrarem no território do Egito.
A próxima parada será o Catar, onde Blinken deverá se encontrar com o emir Xeique Tamim bin Hamad Al Thani.
O governo do país é o país oficialmente responsável por mediar um acordo entre a Palestina e “Israel”.
Após isto, o Secretário de Estado dos EUA deve visitar “Israel” e finalizar sua quinta visita pelo Oriente Médio na Cisjordânia ocupada.
O fato de um dos representantes mais importantes do imperialismo norte-americano (o terceiro mais importante, frisa-se) estar fazendo sua quinta vista pelo Oriente Médio em menos de quatro meses, para que os Estados Unidos consiga retomar o controle sobre a região, é um sinal claro da decadência do imperialismo. Afinal, apesar de todo o esforço, nenhum objetivo concreto ainda foi alcançado no interesse dos EUA.
A única trégua que ocorreu foi uma vitória do Hamas, dando-se após a bravatas israelenses de que erradicaria da face da terra o grupo que encabeça a resistência palestina. Naquele momento, a resistência palestina entregou 100 prisioneiros israelenses, enquanto forçou “Israel” a libertar 300 palestinos que estavam encarcerados nas masmorras sionistas, muitos deles há vários anos. Ademais, houve uma trégua de sete dias, o que serviu de oportunidade tanto para o civis recuperarem seu estado de espírito, quando para o Hamas e demais organizações da resistência reorganizarem as forças para as batalhas que viriam a seguir.
Agora, dois meses após o fim daquela trégua, que já havia sido uma vitória da resistência, as perspectivas de um cessar-fogo configuram uma vitória ainda maior para o Hamas e toda a resistência. Ainda mais levando em conta que os novos termos propostos pelo Movimento de Resistência Islâmica são mais ousados em seus objetivos e mais desfavoráveis e desmoralizantes para os sionistas. A proposta foi apresentada por Ali Baraca, representante do Hamas, nos seguintes termos:
“[…] o plano proposto consiste em três etapas para prisioneiros; a primeira etapa é de 45 dias para civis, a segunda etapa para pessoal militar sem especificar um prazo, e a terceira etapa é para a troca de corpos entre os dois lados, também sem especificar um prazo. Além de nossa demanda por garantias, temos demandas para reconstrução, retirada do setor e fornecimento de moradias urgentes para os cidadãos.”
No mesmo sentido, Mohamed Nazzal, um dirigente do Hamas, afirmou que “um cessar-fogo permanente é nosso objetivo”, exigindo inclusive “retirada israelense da Faixa de Gaza”, sem a qual “não podemos aceitar esta nova proposta”. Nazzal também afirmou que o objetivo do Hamas com o novo acordo é nada menos que liberar todos os prisioneiros de ambos os lados […]”.
Em notícias mais recentes, ao fechamento desta edição, a rede Al Jazeera, citando fontes oficiais do governo do Catar, informou que o Hamas havia dado “resposta ‘positiva’ ao acordo de troca de prisioneiros, conforme anunciado pelo primeiro-ministro xeique al Thani, em conferência coletiva de imprensa realizada junto de Antony Blinken.
Maiores detalhes não foram dados. Apenas se informou que a resposta foi entregue a “Israel”.
Caso o acordo aconteça, será mais uma vitória para o Hamas e conjunto da resistência palestina.
Afinal, isto ocorrerá em um momento em que o imperialismo, em especial o norte-americano, sofre baixas no Iraque, estando prestes a ser expulso pelas guerrilhas xiitas que compõem a Resistência Islâmica, coalizão esta apoiada pelo Irã; no Mar Vermelho, onde não consegue impedir a política revolucionária do bloqueio, realizada pelo governo iemenita, contra “Israel”, os próprios EUA e o Reino Unido; e na fronteira norte de “Israel”, onde o Hesbolá segue aprofundando a crise de “Israel”, através de ataques às posições das forças israelenses de ocupação.