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Política nacional

Uma declaração de amor à truculência da polícia

Em texto publicado no sítio da Fundação Perseu Abramo, Alberto Cantalice defende uma política que exalta os métodos policialescos dos bolsonaristas

O senhor Alberto Cantalice publicou, no sítio da Fundação Perseu Abramo, uma matéria que é uma verdadeira ode à polícia e à repressão estatal. Com o título O crime organizado e a corrosão da institucionalidade, Cantalice destila todo seu direitismo e submissão à direita, deixando qualquer pessoa com uma mínima noção de direitos democráticos de cabelos em pé.

Um setor da esquerda reformista e pequeno-burguesa resolveu assumir, sem máscaras, a política carcerária, anti-povo e policialesca do bolsonarismo. Essa posição ficou clara no caso da proibição das saidinhas, da perseguição aos bolsonaristas que fizeram uma manifestação política no 8 de janeiro de 2022 e na propaganda que fizeram da campanha imunda da imprensa burguesa com relação a Daniel Alves e Robinho.

Acobertados pelo identitarismo, começaram a campanha defendendo tudo que é bom e justo: a luta contra o racismo, em defesa das mulheres, do LGBT e outras reivindicações que jamais se resolveram com o aumento de penas e da repressão, medidas sempre comemoradas pela esquerda pequeno-burguesa identitária.

Logo, estavam denunciando “crimes hediondos”, “corrupção”, “estupros” e outros temas que outrora foram preocupações da direita e da extrema direita mais espumantes e raivosas do País. Enquanto isso, a situação das mulheres, dos LGBT, dos negros e de outros setores oprimidos no Brasil, não mudava nada.

No caso da matéria de Cantalice, já se consolida uma outra tendência na esquerda: a esquerda chave de cadeia que está a um passo de celebrar os assassinatos da polícia e proclamar frases como “bandido bom é bandido morto”.

A primeira preocupação apresentada pelo autor é que “o crime no Brasil” teria adquirido “capilaridade e capacidade capazes de alavancar recursos ilícitos vultuosos, que corrompem grande parte da institucionalidade”. Algo que pode até ser considerado verdadeiro, embora a corrupção da tal “institucionalidade” no Brasil se dá, principalmente, pela ação da burguesia e, particularmente, da burguesia imperialista.

No entanto, o sionista Cantalice, embora se considere de esquerda, não coloca esse problema às claras. Ele apenas segue seu texto caracterizando o desenvolvimento do que ele chama de “mexicanização” do Brasil.

Para ele, o Comando Vermelho e o PCC são o principal problema do País, e a questão maior deve ser o combate ao que ele chama de “morticínio generalizado”, causado por “disputas por território”. Para ele, a solução seria a “investigação” desses crimes. No entanto, o investimento nas forças policiais no Brasil aumenta a cada nova gestão do governo federal, e não se vê diminuição nenhuma nos crimes e no desenvolvimento do crime organizado ou do que o autor chama de “milícia” no Brasil (que se trata, apenas, da boa e velha ação da polícia fascista, corrupta e inimiga do povo).

Em seguida, Cantalice revela todo o seu amor pela polícia e pela política bolsonarista: “mais do que os crimes do cotidiano que infernizam a população e devem ser exemplarmente combatidos – furto e o roubo, o feminicídio, os estupros, a pedofilia, o latrocínio, entre outros, são índices que em se vê redução com o policiamento de proximidade, ostensivo, com participação da polícia investigativa, é preciso centralizar o debate do crime organizado, que não se resolve dessa maneira. Esse precisa de uma ação permanente e efetiva das polícias, dos Ministérios Públicos e do judiciário em interação contínua”.

Cantalice, embora se disfarce de esquerdista, defende uma política totalmente oposta ao que sempre foi dito pela esquerda. Em tempos idos, anteriores à praga identitária, era ponto pacífico para toda a esquerda que o crime era fruto do esmagamento das pessoas pelo capitalismo e do desespero dos trabalhadores, que levam uma vida muito difícil e desalentadora, vendo no crime a sua única salvação.

Cantalice não está preocupado em debater essa questão – que é o fundo e a causa do problema da criminalidade -, mas em promover o aumento da ação da polícia e do Judiciário, instituições detestadas pelo povo e inimigas da esquerda.

O texto publicado por Cantalice não parece ter sido escrito por um dirigente de um partido da esquerda, mas sim por alguém da ala direita do PSDB ou do bolsonarismo. É um verdadeiro compilado de todas as bobagens ditas pelos direitistas desde sempre, sendo publicadas em um sítio de uma organização ligada à esquerda.

Embora setores do PT possam acreditar que essa é uma política genial para se aproximar de certo setor conservador da população, isso nada mais é do que uma capitulação diante do bolsonarismo (assim como o apoio que Cantalice já declarou, ainda que de forma tímida, aos genocidas de “Israel”). Esse posicionamento passa a mensagem para a população de que os bolsonaristas é que estão certos, é a política deles que irá solucionar o problema da criminalidade no Brasil. Ora, se é assim, então por que é que o povo deveria votar e apoiar a esquerda? Deveriam, logo, ir diretamente naquele que irá melhor praticar essa política.

Esse tipo de política é totalmente estranho à esquerda e deve ser duramente denunciado e extirpado do movimento popular de uma vez por todas. Tais figuras bolsonaristas transvestidas de esquerda servem, no final das contas, para enfraquecer o movimento de luta dos trabalhdaores.

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