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Rio Grande do Sul

‘Racismo’: generalização que oculta os responsáveis pelo desastre

Segundo o identitarismo, o problema não é a política da direita, mas um suposto racismo de brancos contra os negros

As generalizações são um instrumento da política. Às vezes, elas são úteis para melhor explicar um problema, outras vezes, elas são um fator de confusão. Vejamos o caso da tragédia no Rio Grande do Sul.

É possível generalizar a catástrofe dizendo que ela é produto da política neoliberal. E de fato é. Eduardo Leite, como tucano que se preze, deixou o estado à míngua porque precisa distribuir dinheiros aos banqueiros. “Os compromissos fiscais são mais importantes”, diz ele. Essa generalização explica concretamente a política que está sendo levada adiante no estado, política semelhante ao que o neoliberalismo fez em outros lugares.

Outras generalizações, porém, não são concretas, levando a confusões sobre o problema. Por exemplo, a afirmação de que o problema no Rio Grande do Sul é o “racismo”. Segundo essa tese, o estado todo é racista e isso é parte essencial da explicação para a catástrofe. É o que afirma o colunista do portal Brasil 247 Ricardo Nêggo Tom em artigo intitulado Enxurrada de racismo no Rio Grande do Sul.

Após relatar alguns casos que ele interpreta como racismo, o colunista conclui: “Afinal, estamos falando de um dos Estados mais racistas do país, apelidado pelos pretos que lá habitam, e também por brancos que não absorvem tal ideia de superioridade racial, como ‘Mississipi Gaudério’, numa referência ao Estado norte-americano onde até 2016 brancos e pretos estudavam em escolas separadas, e à tradição camponesa do Estado, onde a colonização alemã teve grande influência.”

Qual é o objetivo de dizer que o Rio Grande do Sul é racista, um dos mais racistas do País? Em primeiro lugar, desviar o foco do problema, ajuda a ocultar os verdadeiros responsáveis pelo problema, como dissemos, a política de Eduardo Leite e seus amigos neoliberais. Ao dizer estado mais racista, o colunista quer dar a ideia de que o problema não é Leite, mas uma hostilidade entre negros e brancos. Se o estado fosse tão racista assim como ele diz, ainda assim sua análise seria errada e serviria apenas para piorar esse racismo. O problema é que, para piorar, a afirmação não é verdadeira.

As próprias ideias dos identitários revelam a farsa da afirmação sobre o Rio Grande do Sul. Os identitários gostam de dizer que o Brasil inteiro é racista. O Sul é racista porque teria mais brancos, São Paulo é racista porque é a “elite paulista”, vai nessa toada até chegar na Bahia, estado mais negro do País, mas que também é racista por qualquer motivo que os identitários possam imaginar.

No fim das contas, todos os problemas do Brasil se resumem à generalização do “racismo”. Essa é a generalização que agora atua contra a população do Rio Grande do Sul.

Mais absurda ainda é a comparação do estado com o Mississipi. Não sabemos quem são essas pessoas – se é que elas existem – que deram esse apelido ao Rio Grande do Sul. De qualquer modo, a comparação é totalmente absurda. Onde está a segregação institucional no estado? Simplesmente não existe. É uma extrapolação infundada. Os negros no Rio Grande do Sul sofrem os mesmos problemas dos negros do resto do país, sofrem porque são parte da população pobre. Nesse sentido, não há nada excepcional entre os gaúchos.

Para que serve tamanho exagero? Serve para limpar a ficha da extrema direita e da direita. Se os relatos contidos no texto são verdadeiros, obviamente são obra de alguns cachorros loucos direitistas. Ao invés de denunciar essa política, o colunista generaliza: “o Rio Grande do Sul é racista”, no fim das contas, é racista o povo gaúcho, é racista a maioria do povo, ou seja, os trabalhadores, os pobres e, assim, é racista até mesmo os negros gaúchos. É um raciocínio absurdo. 

Uma dos argumentos que provam o “racismo gaúcho” é que “os pretos do Estado estão relegados às áreas periféricas e mais precarizadas.” O problema é que no Brasil inteiro é assim, do Rio Grande do Sul ao Amapá, passando pela Bahia. E é assim porque a maioria dos trabalhadores brasileiros, a maioria do povo pobre, é negra ou mestiça. O colunista fala como se fosse algo específico do estado.

“O Governador Eduardo Leite diz que os Quilombos não estão recebendo a assistência devida, em função do grande número de ocorrências e da falta de pessoal para auxiliar no socorro a essas comunidades. Uma mensagem que (…) pode ser interpretada como uma negligência determinada pela prioridade racial de atendimento às vítimas.”

A interpretação racial do problema novamente serva para ocultar a verdadeira política. Eduardo Leite deixou quase o estado inteiro debaixo d’água. No que diz respeito à desgraça, Leite é muito democrático, ele não se preocupa em “prioridades raciais”, o negócio dele foi afundar o estado inteiro. Obviamente que, pela situação mais precária que vivem os Quilombos, é possível que tenha havido ainda mais negligência. Mas atribuir isso ao “racismo” é novamente aumentar a confusão sobre o problema.

Essas generalizações servem para ocultar os verdadeiros responsáveis pelo problema e as verdadeiras causas do problema. Pior ainda, elas jogam a responsabilidade nas costas do próprio povo. Não são os governantes e os capitalistas os culpados pela situação, seriam os brancos racistas contra os negros.

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