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Ucrânia

Um presidente sem apoio popular em nenhum lugar do mundo

O presidente da Bielorrússia respondendo a perguntas de jornalistas no Crêmlin, apontou possíveis problemas relacionados com expiração iminente dos poderes do presidente ucraniano

Correspondente do Diário Causa Operária (DCO) em Barcelona, Espanha

 

“Sinto pelo que está acontecendo na Ucrânia. Não quero que Vladimir Aleksandrovich Zelensky se ofenda comigo. Ontem falei com o presidente Putin sobre isso, comparei. Estamos observando com muito cuidado o que está acontecendo dentro da Ucrânia. No início da operação militar especial russa, Vladimir Zelensky era apoiado por quase 98% da população. Hoje, os números variam em 34%, e os dados mais recentes entre os russos são de cerca de 14%, um desmoronamento, se falamos de um presidente”.

A fala foi dita por Alexander Lukashenko, presidente da Bielorrússia, que lembrou também que o mandato de Zelensky termina em maio e isso pode levantar o problema da legitimidade de um possível acordo de paz.

Apesar de o mandato de Zelensky expirar em 20 de maio, ainda não foram realizadas eleições presidenciais no país. De acordo com a posição de Kiev, trata-se de uma questão de lei marcial. Está em vigor desde 24 de fevereiro de 2022, e o parlamento ucraniano (Verkhovna Rada) o prorroga a cada três meses (a última vez que isso foi feito foi em 6 de fevereiro – por 90 dias até 13 de maio). A lei que rege o estado de exceção (artigo 19.º) proíbe diretamente, nestas condições, alterar a constituição, eleger o presidente, o parlamento e os órgãos do governo local. A Rada também adere a esta posição: em 30 de novembro de 2023, todos os líderes das facções assinaram um memorando afirmando que as eleições seriam realizadas “após o fim das hostilidades”.

Um dos fatores principais desta queda vertiginosa de popularidade segundo o NY Times seria a aprovação pelo parlamento ucraniano de um  “projeto de lei de mobilização politicamente preocupante”, que supostamente incluiria incentivos para voluntários e novas penalidades para aqueles que tentam escapar do recrutamento, incluindo um bônus especial para os soldados na frente de batalha e benefícios de morte para as famílias daqueles que morrem. A lei cria um pagamento adicional de cerca de 1.800 dólares aos soldados que desempenham tarefas de combate na frente de batalha, que se soma ao seu salário base e ao pagamento de combate.

Já para aqueles que tentam fugir do serviço militar, o artigo dá a entender que a única punição seria a suspensão da carteira de habilitação, embora a realidade seja infinitamente mais severa. O Representante Permanente da Rússia, Vasily Nebenzya, chegou a afirmar nesta quinta-feira, 11 de abril, durante a reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a situação humanitária na Ucrânia, que:

 “A lei de mobilização agora em preparação para adoção transforma os ucranianos em servos cujas vidas são controladas pelo [presidente ucraniano Vladimir] Zelensky e sua camarilha”.

Na prática, como relata o diário Izvestia, quem não pode pagar para ficar de fora dos ataques na linha de frente é obrigado a avançar sob ameaça dos “Destacamentos de Barragem”, que são os destacamentos de mercenários ocidentais que operam na retaguarda das tropas de assalto:

“A tarefa é simples – com qualquer tentativa de rendição ou retirada, o mobilizado é morto.”

Segundo o articulista do diário norte-americano, o grande problema com a popularidade da nova lei foi a “eliminação dos limites propostos sobre o tempo de serviço dos soldados recrutados antes de serem desmobilizados” e que, portanto, “os recrutas são obrigados a servir até o fim das hostilidades”. Antes do “fim das hostilidades”, as famílias dos soldados mortos receberão um pagamento único de 15 milhões de hryvnias, ou cerca de 380 mil dólares.

Apesar da dificuldade para encontrar os dados devido à censura da Comissão Europeia (normalmente o que aparece é uma “Reclamação de remoção por solicitação governamental ao Google”),

o sítio russo Interfax informa que “O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse que as perdas da Ucrânia durante toda a operação militar ascenderam a mais de 444 mil militares.(…) Em média, desde o início do ano, o inimigo tem perdido mais de 800 efetivos todos os dias”.

Para o NY Times, em matéria de 25 de fevereiro, os números são incrivelmente amenos. Seriam 31 mil soldados ucranianos mortos em dois anos de guerra (segundo Zelensky), ou cerca de 70 mil mortos e 100 mil a 120 mil feridos pelas estimativas das autoridades norte-americanas.

A popularidade do “super-herói” do imperialismo também já não está em alta junto aos seus criadores. Segundo o The Washington Post, Zelensky ficou irritado com o pedido dos EUA para não atingir as refinarias russas.

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, reuniu-se com o presidente ucraniano durante a Conferência de Segurança de Munique, em fevereiro, quando fez apelo pela abstenção de ataques às refinarias de petróleo russas. As fontes da publicação observaram que o presidente ucraniano “descartou” estas recomendações porque não tinha a certeza de que estas refletissem a posição de consenso da administração Joe Biden. Em particular, isto foi afirmado por altos representantes do Pentágono e da inteligência dos EUA, bem como pelo Conselheiro Presidencial de Segurança Nacional Jake Sullivan, que visitou Kiev em março.

As autoridades dos EUA disseram que apoiar os mercados globais de energia para reduzir a inflação é uma prioridade para o governo Biden antes das eleições presidenciais. “O aumento dos preços da energia arrisca enfraquecer o apoio europeu à ajuda à Ucrânia”, disse o responsável dos EUA.

Na Europa, a crise da Ucrânia se soma ao movimento popular em defesa da Palestina e de sua resistência armada, bem como ao tradicional movimento contra as bases da OTAN e ao repúdio contra a ditadura estabelecida pela União Europeia em conjunto com o imperialismo norte-americano contra as suas próprias classes trabalhadoras.

Ao mesmo tempo que alguns países como Alemanha e Espanha voltam a discutir o recrutamento militar obrigatório, também é possível encontrar cartazes contra o envio de dinheiro a Zelensky nas ruas de Barcelona, bem como bandeiras em defesa da República Popular de Donetsk nos estádios de futebol do País Basco.

Asier Herranz, residente de Algorta, será julgado nos tribunais de Bilbao por exibir uma bandeira da República Popular de Donetsk no estádio San Mames, em 15 de outubro de 2022, durante a partida entre Athletic e Atlético de Madrid – pravda-es.com

Diante das próximas eleições para o Parlamento Europeu que serão realizadas de 6 a 9 de junho de 2024 e da deriva belicista imperante em todos os governos da U.E., se inicia um apelo geral à organização e à mobilização do maior número possível de pessoas e grupos que veem com grande preocupação como os agentes da fabricação do consenso bélico nos levam à guerra, sem nenhuma oposição aparente:

“Existem numerosos indícios que nos alertam sobre uma confrontação bélica entre grandes potências que se desenvolveria em solo europeu e que poderia chegar a desembocar em um conflito nuclear catastrófico para a humanidade e que sem dúvida devastaria a Europa e Rússia. No entanto, a maioria da população ocidental, e a nossa em particular, parece ignorar estas advertências e não param para pensar se os alertas são justificados, nem nas consequências que teria para nós um conflito como o que estamos nos dirigindo.” (Coordenação Estatal Contra a OTAN e as Bases)

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