'Israel'

Um esquadrão da morte para assassinar a população civil indefesa

Foram muitos assassinatos; apesar disto, não foram o suficiente para frear a tenacidade do povo palestino, iraniano, libanês em sua luta justa contra a ditadura do sionismo

No dia 2 de janeiro de 2024, um criminoso ataque de drone perpetrado pelo Estado nazista de “Israel”, contra um prédio no bairro de Dahieh na cidade de Beirut, capital do Líbano, assassinou sete pessoas. Dentre elas, estavam militantes do alto escalão do Movimento de Resistência Islâmica, partido que é comumente conhecido pelo nome Hamas. Eram eles, estava Samir Fidi Abu Amer, Azzam Al-Aqraa Abu Ammar e o vice-presidente do birô político do Hamas, Saleh al-Arouri, homem que foi um dos comandantes fundadores das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, braço armado do partido islâmico.

O assassinato ocorreu apenas sete dias após “Israel” ter assassinado Sayyed Razi Mousavi, general do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC). Sayyed, que fazia parte da Força Quds, um dos cinco ramos da IRGC, fora morto na Síria, em sua residência, por meio de um ataque aéreo, em 25 de dezembro de 2023. O ataque de drones que assassinou al-Arouri foi realizado também a quatro dias das comemorações que seriam realizadas pelo Hesbolá em homenagem ao general Qassem Soleimani, assassinado pelos Estados Unidos em 3 de janeiro de 2020.

A princípio, poderia parecer que “Israel” estaria virando o jogo contra o Hamas e a resistência palestina. Ledo engano. Tais assassinatos pontuais são mais desesperadas por parte de “Israel”, servindo ainda para mostrar que o aparato militar do Estado sionista (nele incluso suas agências de espionagens e assassinato, nomeadamente o Mossad e o Shin Bet) nada mais são que um esquadrão da morte para matar a população civil indefesa.

Os assassinatos pontuais são parte do modus operandi de “Israel”. Na medida em que, no decorrer dos anos, não conseguiu deter o avanço progressivo das resistências palestina, iraniana e libanesa, frequentemente utilizou-se de suas agências de espionagem (Mossad e Shin Bet) e de suas forças armadas para realizar assassinatos pontuais. Listamos abaixo vários desses crimes, a fim de exemplificar o que foi dito acima:

  • 13 de julho de 1956 – Faixa de Gaza – Mustafa Hafez – Tenente-coronel do exército egípcio responsável pelo recrutamento de refugiados para realizar ataques em Israel – Carta bomba
  • 14 de julho de 1956 – Amã – Salah Mustafa – Adido militar egípcio – Carta bomba
  • 11 de set. de 1962 – Munique, Alemanha – Heinz Krug – Cientista espacial alemão da Alemanha ocidental trabalhando para o programa de mísseis egípcio – Sequestrado de seus escritórios da empresa em Schillerstrasse (Munique), seu corpo nunca foi encontrado. A polícia suíça mais tarde prendeu dois agentes do Mossad por ameaçarem a filha de outro cientista e descobriu que eles foram os responsáveis ​​pelo assassinato. Parte da Operação Dâmocles – Mossad
  • 28 de nov. de 1962 – Heluan, Egito – 5 trabalhadores de uma fábrica egípcia – Trabalhadores empregados na Fábrica 333, uma fábrica de foguetes egípcia – Carta bomba enviada possivelmente de Hamburgo. Outra carta bomba desfigurou e cegou uma secretária. Parte da Operação Dâmocles – Mossad
  • 23 de fev. de 1965 – Montevidéu, Uruguai – Herberts Cukurs – Aviador que foi envolvido nos assassinatos de judeus letões durante o Holocausto – Atraído para Montevidéu e lá morto por agentes que o enganaram com prometendo começar um negócio do ramo da aviação – Mossad
  • 25 de julho de 1972 – Beirute – Tentativa de assassinato de Bassam Abu Sharif – Membro da Frente Popular para a Libertação da Palestina, que realizou uma conferência de imprensa com Ghassan Kanafani durante sequestros no campo do Dawson justificando as ações do FPLP. – Ele perdeu quatro dedos, e ficou surdo de um ouvido e cego de um olho, depois de um livro-bomba, que foi enviado para ele, explodiu em suas mãos – Mossad
  • 16 de outubro de 1972 – Roma – Abdel Wael Zwaiter – Funcionário da embaixada da Líbia e representante da OLP, considerado por Israel de ser um terrorista por seu suposto papel no grupo Setembro Negro e o massacre de Munique – Baleado por dois pistoleiros em seu apartamento. – Mossad
  • 8 de Julho de 1972 – Beirute – Ghassan Kanafani – Escritor palestino e um dos principais membros da FPLP, e afirmou ser um dos planejadores por trás do chacina do aeroporto de Lod – Morto por um carro-bomba. – Mossad
  • 8 de dezembro de 1972 – Paris – Mahmoud Hamshari – OLP representante na França e coordenador do matança Jogos Olímpicos de Munique. – Morto por uma bomba escondido no seu telefone.
  • 24 de janeiro de 1973 – Nicósia – Hussein Al Bashir – Representante do Fatah em Nicósia, Chipre – Morto por uma bomba enquanto dormia em sua cama no quarto de hotel.
  • 6 de abril de 1973 – Paris – Basil Al-Kubaissi – Membro da FPLP e professor de direito da Universidade Americana de Beirute. – Morto por dois pistoleiros.
  • 9 de abrilde 1973 – Beirute – Muhammad Youssef Al-Najjar – Diretor de operações do Setembro Negro e membro da OLP – Mortos durante a operação Cólera de Deus. – Sayeret Matkal
  • 9 de abrilde 1973 – Beirute – Kamal Adwan – Comandante do Setembro Negro e membro do comitê central do Fatah – Mortos durante a Operação Cólera de Deus. – Sayeret Matkal
  • 9 de abrilde 1973 – Beirute – Kamal Nasser – Porta-voz OLP – Mortos durante a Operação Cólera de Deus. – Sayeret Matkal
  • 11 de abrilde 1973 – Atenas – Zaiad Muchasi – Representante do Fatah em Chipre – Morto no hotel.
  • 28 de junhode 1973 – Paris – Mohammad Boudia – Diretor de operações do Setembro Negro – Morto por mina ativada por pressão sob o seu assento de carro.
  • 21 de julho de 1973 – Lillehammer, Noruega – Tentativa de assassinato de Ali Hassan Salameh – Lider de alto posto da OLP e do Setembro Negro que estava por trás do ataque em 1972 nos Jogos Olímpicos de Munique. – Ahmed Bouchiki, um garçom inocente, (confundido pelo Mossad como Ali Hassan Salameh), assassinado por pistoleiros. Conhecido como o caso Lillehammer. – Mossad
  • 28 de março de 1978 – Alemanha Oriental – Wadie Haddad – Comandante da FPLP, que planejou vários seqüestros de aeronaves na década de 1960 e 1970. – Não está claro. Possivelmente chocolate envenenado enviado a ele meses antes. – Alegado ser obra do Mossad, mas Israel nunca reivindicou a autoria.
  • 26 de julho de 1979 – Cannes – Zuheir Mohsen – Líder do al-Saika uma facção pró-Síria da Organização para a Libertação da Palestina – Morto a tiro na frente do casino. – Mossad
  • 22 de janeiro de 1979 – Beirute – Ali Hassan Salameh – Lider de alto posto da OLP e do Setembro Negro que estava por trás do ataque em 1972 nos Jogos Olímpicos de Munique. – Morto por um carro-bomba, juntamente com quatro guarda-costas e quatro transeuntes inocentes. – Mossad
  • Setembro de 1981 – São Paulo – José Alberto Albano do Amarante – Um tenente-coronel aviador da Força Aérea, assassinado pelos serviço de inteligência de Israel para evitar que o Brasil se tornasse uma nação nuclear. – Teria sido contaminado por material radioativo. – O suspeito, um agente do Mossad, Samuel Giliad ou Guesten Zang, um israelense nascido na Polônia.
  • 7 de agosto de 2020 – Tehran  Irã – Abdullah Ahmed Abdullah – Abdullah Ahmed Abdullah era o segundo no comando da Al Qaeda. – Baleado junto com sua filha por dois homens em uma motocicleta. – Mossad a mando dos Estados Unidos.
  • 27 de novembro de 2020 – Tehran  Irã – Mohsen Fakhrizadeh – Mohsen Fakhrizadeh foi o cientista sênior do programa nuclear iraniano. – Morto por uma metralhadora controlada por satélite com “inteligência artificial” de uma tonelada em um caminhão contrabandeado para o Irã por 20 agentes. – Mossad é suspeito.
  • 5 de agosto de 2022 – Faixa de Gaza – Tayseer Jabari – Líder militar do Movimento da Jihad Islâmica na Palestina – Ataque aéreo na Operação Amanhecer – Força Aérea Israelense

Foram muitos assassinatos. Apesar disto, não foram o suficiente para frear a tenacidade do povo palestino, iraniano e libanês em sua luta justa contra a ditadura do sionismo. Enquanto “Israel” assassinava os líderes da resistência, em especial da Palestina, a Fatá e a OLP seguia travando sua luta e crescendo, tanto no Oriente Médio, quanto no cenário mundial. Apesar da debilidade de nunca ter, em seu auge, conseguido se estabelecer dentro do território palestino, para de lá travar a luta revolucionária contra “Israel”, ambas organizações certamente foram, durante muitos anos, um grave elemento de crise para o Estado sionista e, consequentemente, para o avanço da luta dos palestinos por sua libertação nacional.

Além disto, como esquecer da Revolução Iraniana, em 1979? Um abalo político de grandes proporções que abalou “Israel” e todo o conjunto dos países imperialistas à época, e continua sendo um forte elemento de crise até os dia atuais. Afinal, basta ter em mente que os principais grupos que travam a luta armada em apoio aos palestinos (mas fora da Palestina), são grupos xiitas diretamente vinculados ao Irã, quais sejam, os Ansar Alá (Hutis, do Iémen), as milícias xiitas iraquianas e sírias, que seguem atacando bases dos Estados Unidos nos respectivos países e, é claro, o Partido de Alá.

Sobre este último, partido libanês que é mais conhecido como Hesbolá, deve ser igualmente lembrado que ele surgiu na conjuntura política da Guerra Civil do Líbano, que foi de 1975 a 1990. Tais anos eram o auge dos assassinatos perpetrados por “Israel”, especialmente através do Mossad. Por sua vez, os reveses militares já começavam a acontecer. A Guerra Civil no Líbano foi um ponto de virada. Apesar de muito se falar que “Israel” saiu vitoriosa, foi dela que o Hesbolá surgiu, conforme dito acima. No ano de 2006, são justamente os combatentes do Partido de Alá que derrotariam a invasão sionista do Líbano, confirmando que “Israel” funciona muito bem como um esquadrão da morte, mas muito mal em combates militares. contra militantes convictos e bem treinados. Atualmente, desde o 7 de Outubro, o Hesbolá segue enfrentando o monstro sionista na fronteira com “Israel”. Uma parte minoritária dos combatentes e do poderio militar do partido está mobilizado. Contudo, já está sendo suficiente para aprofundar a crise de “Israel” e fornecer um grande auxílio à resistência palestina em Gaza e na Cisjordânia.

Falando na Palestina, e trazendo à luz fatos de outrora que demonstram que “Israel” é bom em assassinatos pontuais, mas um desastre na repressão a mobilizações se massas (algo típico de ditaduras), deve-se lembrar também das duas Intifadas. A primeira teve início no ano de 1987. Foi uma revolta generaliza do povo palestino contra a ditadura sionista. Como, àquela época, o nível de organização da resistência ainda não era muito avançado, os palestinos tiveram que enfrentar o sionismo de paus, pedras e coquetéis molotov. E, ainda assim, a Primeira Intifada, eventualmente causou uma enorme crise. Foi durante essa época que surgiu o Hamas, partido este que lidera atualmente a resistência palestina, a qual vem promovendo milhares de baixas nas tropas do exército sionista.

Houve também a Segunda Intifada. Nesta, já mais organizados, os palestinos lutaram contra os sionistas de armas em mãos. Com a capitulação da OLP e da Fatá já concretizada, o Hamas ergue-se com a principal organização da resistência palestina.

Enfim, toda essa exposição serviu para apontar o seguinte: o Estado de “Israel” não é essa força toda poderosa como a propaganda sionista e imperialista tentar fazer todos acreditarem. Caso tenha sido um dia, não o é mais. Sua burocracia militar, na qual se incluem o Mossad e o Shin Bet (agência de espionagem), pode até serem eficientes em assassinatos pontuais. Mas as FDI, em confronto com a resistência palestina, liderada pelo Hamas, vem sofrendo mais e mais baixas.

O aparato militar israelense é um esquadrão da morte para assassinar a população indefesa. E isto não será suficiente para frear o avanço da resistência palestina em sua luta pela libertação nacional do povo palestino.

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