A Agência de Cinema da Prefeitura de São Paulo, mais conhecida como SPCine, tem lançado editais de contratação que colocam à margem a qualidade do trabalho a ser contratado para priorizar as “identidades” dos contratados.
Segundo indicação dos editais, até metade dos valores destinados para a contratação é reservada para contemplar a política de “ações afirmativas” para mulheres, pessoas “socialmente negras”, pessoas “trans”, indígenas e pessoas com deficiência.
Apesar da aparente preocupação com o desenvolvimento profissional de pessoas apresentadas como socialmente vulneráveis, é preciso deixar claro que se trata apenas e tão somente de demagogia.
Em primeiro lugar, porque os editais tomam em consideração a “identidade” da pessoa, sem questionar o mais importante: a renda do proponente. Ou seja, segundo o entendimento proclamado pelo órgão nesses editais, uma pessoa seria mais vulnerável pela sua “identidade” do que pelas condições materiais que ela possui.
Além disso, no caso das “mulheres trans”, por exemplo, além de as proponentes poderem concorrer nas cotas específicas para pessoas “trans”, segundo a definição trazida no edital a respeito do que eles entendem ser uma mulher, poderiam, também, concorrer dentro das cotas destinadas às mulheres. Algo que, em última instância, demonstra que a cota para as mulheres é uma farsa.
Aqui, fica claro o tamanho da demagogia promovida tanto com as mulheres, quanto com as “pessoas trans”. Se, segundo definição trazida pelo próprio edital sobre a “categoria” mulher, mulheres seriam mulheres “cis” e mulheres “trans”, por que, segundo o raciocínio apresentado no edital, poderiam as “mulheres trans” concorrer também na categoria exclusiva para pessoas trans?
Acontece, na verdade, que toda essa burocracia é apenas um disfarce para promover a política identitária e toda a confusão política que resulta dela. Isso fica claro porque, além das cotas reservadas para a identidade pessoal do contratado, o conteúdo do trabalho entregue também é analisado segundo a perspectiva identitária.
Sem sombra de dúvidas, quem mais perde com tudo isso é o desenvolvimento da arte, da cultura e, consequentemente, de todos os artistas, sejam eles mulheres, negros, índios etc.