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Operação Especial

Rússia: ‘estamos em estado de guerra’

Fala de Peskov encontra respaldo em Putin e na realidade política do mundo

Inicialmente uma operação militar da Rússia na Ucrânia, seu caráter mudou para uma guerra em toda a sua extensão depois que os países imperialistas se tornaram um participante direto no conflito.

Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, disse em uma entrevista à imprensa nacional russa publicada na sexta-feira que “Moscou continuará a perseguir seu objetivo de garantir que as forças militares ucranianas não possam representar uma ameaça para os cidadãos ou territórios russos”. Um fator de destaque na fala de Peskov foi sua ênfase de que a Rússia não pode permitir a existência em suas fronteiras de um Estado que reivindique publicamente a apreensão da Península da Crimeia, bem como dos novos territórios da Rússia, referindo-se às Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk e às regiões de Zaporozhye e Kherson.

“Estamos em guerra”, afirmou Peskov, explicando que, embora o conflito tenha começado como uma operação militar especial, assim que “o coletivo Ocidente se tornou um participante nisso ao lado da Ucrânia, para nós se tornou uma guerra”. O Ocidente, nesse caso, pode ser enxergado como o financiamento direto da OTAN na Ucrânia, como as armas e munições enviadas pelo imperialismo e todo o suporte político provido pelos gabinetes de guerra de Washington aos nazistas de Kiev.

Em uma conversa por telefone com jornalistas mais tarde, Peskov explicou que apesar do conflito “de fato se transformar em uma guerra”, legalmente ele continua classificado na Rússia como uma operação militar especial e que nada mudou a esse respeito. Uma informação de destaque, porém, são os dados relatados pelo Ministério da Defesa russo: desde o início da operação militar na Ucrânia em fevereiro de 2022, mais de 13.000 estrangeiros participaram dos combates ao lado das forças de Kiev.

Desses mercenários, cerca de 5.962 foram eliminados, sendo a maioria deles proveniente da Polônia, outro centro exportador de nazistas, tal como Geórgia, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Romênia, Alemanha, França e por aí vai. O chefe do Serviço de Inteligência Estrangeira (SVR) da Rússia, Sergey Naryshkin, afirmou no início desta semana que a França está preparando suas forças para o envio de mais 2.000 soldados para lutar por Kiev.

Um fator que exemplifica bem a fala de Peskov é a contraposição de sua percepção com a do presidente francês e serviçal dos Estados Unidos: Emmanuel Macron. Recentemente, ele insinuou haver a possibilidade de implantação de forças da OTAN na Ucrânia, afirmando que não poderia “excluir” essa possibilidade enquanto rotulava a Rússia como um “adversário”. Retirando os eufemismos da fala do presidente francês, a realidade é tão clara como uma água cristalina: o imperialismo, que travou uma guerra direta contra a Rússia, sente que não consegue mais derrotá-la – tal como analisou o Partido da Causa Operária no começo da operação especial, mas nem por isso pararão de atacá-la.

A Federação Russa seguirá sendo alvo de diversas ofensivas do imperialismo, a Ucrânia seguirá sendo utilizada como bucha de canhão por Washington para tentar minar as defesas da Rússia e Putin seguirá sendo alvo de campanhas difamatórias a seu respeito ao redor do mundo.

Vladimir Putin, inclusive, vêm alertando diuturnamente sobre a importância dos esforços para evitar uma guerra. Antes da operação militar, afirmou, por anos, que seria necessário que os Estados Unidos e o todo o imperialismo parassem de provocar a Rússia. Tentou, por diversos meios, o diálogo com os imperialistas. Depois, durante a operação militar, afirmou que seria fundamental que as potências capitalistas não interferissem em assuntos que dizem respeito à segurança nacional russa. Agora, afirma ser imprescindível que o “Ocidente” retire suas tropas da Ucrânia e interrompa o envio de munições, sendo “um passo aquém de uma Terceira Guerra Mundial em escala total”.

Durante as semanas anteriores de sua reeleição, por exemplo, o presidente russo destacou que “se o inimigo gosta de uma ‘máquina de moer carne’ – até nos beneficiamos com isso”. O problema é justamente este. Tal qual os colaboradores de Vlasov que lutaram sob o comando nazista alemão durante a Segunda Guerra Mundial, traidores lutam ao lado de neonazistas, recrutados pelo imperialismo, para serem mercenários bem pagos e sanguinários contra o povo e os interesses russos.

A compreensão de ser uma guerra, além de respaldada politicamente, protege o povo russo de ataques ucranianos transfronteiriços, concedendo o direito à Rússia de, em algum momento, ser forçada a estabelecer uma zona de segurança em territórios controlados atualmente pelo regime de Kiev. As forças russas poderiam estabelecer uma zona de segurança que seria bastante difícil para o inimigo ucraniano superar com suas armas, “principalmente de origem estrangeira”, como pontuou Putin.

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