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Hélio Rocha

Possui graduação em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2013). Atualmente é repórter de meio ambiente e direitos sociais em Plurale em Revista e correspondente em Pequim.

Coluna

Relações Brasil-China garantem recorde comercial em 2023

Os números atuais mostram que este passo, que ainda está em discussão, tenderá a render mais frutos assim que for dado

As múltiplas parcerias comerciais entre China e Brasil, que cresceram no século XXI desde o histórico encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente chinês Hu Jintao, em 2004, atingiram em 2023 um de seus melhores feitos em quase duas décadas. Após estreitados os laços econômicos entre os dois países, com passos adiante como a criação do Brics e do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o Brasil atingiu em 2023 o seu recorde de exportações na balança comercial entre os dois países. O feito dá mostras de que o Brasil segue sua trajetória forte como economia emergente, e a China, longe de viver algum tipo de desaceleração econômica.

Os números são do governo federal, divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Indústria e Comércio. A balança comercial brasileira teve superávit acumulado de US$ 98,8 bilhões em 2023, atingindo o recorde de seu comércio exterior, em pesquisa realizada desde 1989. O crescimento é ainda mais salutar devido à recuperação que ambos os países mostram desde 2020. Atualmente, mais da metade do superávit brasileiro é representado pelas relações comerciais com a China, quase dobrando em comparação aos US$ 28,68 bilhões de 2022. Ou seja, o crescimento foi de 60,6%, o que amplia a participação do Brasil no mercado de países emergentes.

Isso se consolidou com exportações de US$ 339,67 bilhões (+1,7% ante 2022) e importações de US$ 240,83 bilhões (-11,7%). Segundo a Secex, o superavit comercial com a China e suas regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau alcançou US$ 51,83 bilhões no ano passado. O saldo positivo com a Argentina, parceira mais importante no continente, somou US$ 4,72 bilhões e o com a União Europeia chegou a US$ 860 milhões. Já com os Estados Unidos, o Brasil apresentou déficit comercial de US$ 1,09 bilhão.

Os números são alvissareiros para os dois países. O Brasil chega a tais cifras com a exportação sobretudo da soja, mas também de commodities agrícolas como soja e milho, que são prioritariamente destinadas à alimentação de animais nos países asiáticos, além de carne bovina. No campo da extração mineral, o Brasil apresentou números recordistas, também, quanto ao minério de ferro, sobretudo destinado a sustentar a construção civil da potência asiática, e petróleo cru, um dos destaques da economia crescente da potência sul-americana, que recentemente estreitou relações para entrar na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), uma das mais poderosas alianças comerciais do mundo.

Tanto o Brasil quanto a China têm imensos dividendos a extrair dessa balança, muito além dos resultados pecuniários. Além de demonstrar crescimento econômico absoluto, o superávit brasileiro e a relevância da China neste resultado indicam a recuperação econômica do gigante da América do Sul, e afastam a possibilidade de desaceleração de sua principal parceira econômica mundial. Tais demonstrações de força surgem em momento decisivo, quando a economia do mundo se diversifica, com perda de hegemonia dos países ocidentais sobre as trocas comerciais globais, e todo o tipo de instabilidades políticas que as ações das potências, em defesa de seus privilégios, têm causado em todas as regiões do planeta.

Vale ressaltar que, hoje, o Brasil exerce seu papel no multilateralismo ao não só se aproximar do continente asiático, mas também voltar-se para a sua própria área de influência, tendo na Argentina o seu segundo mais importante parceiro. Algo similar ao que faz a potência oriental, voltando-se também para o seu continente, exercendo o poderio de sua grandeza populacional e territorial para tecer relações complexas e diversas com dez países fronteiriços, no caso do Brasil, e quatorze países fronteiriços terrestres, no caso da China. Se o número de fronteiras chinesas é maior, as brasileiras respondem por maior parcela do próprio continente, havendo apenas dois países sul-americanos (Chile e Equador) não fronteiriços com o Brasil. Somando abrangência local e intercâmbio internacional em sua influência no mercado global, Brasil e China asseguram seu caminho como emergentes, podendo planejar, em questão de décadas, seu papel como países desenvolvidos num mundo multilateral.

Vale lembrar que um novo estreitamento de laços entre os dois países ocorreu em março de 2023, quando o recém-empossado presidente Luiz Inácio Lula da Silva, viajou à China para encontrar-se com o presidente Xi Jinping e ajudar o Brasil a firmar diversos contratos envolvendo 240 megaempresários brasileiros. Historicamente alinhado ao projeto internacional liderado pela China, o qual em muitos momentos ajudou a construir, Lula tem demonstrado intenções em seguir se aproximando e, quando em Beijing, demonstrou interesse em integrar à Iniciativa Cinturão e Rota proposta pela Chinal. Os números atuais mostram que este passo, que ainda está em discussão, tenderá a render mais frutos assim que for dado.

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