No ato do Dia Internacional da Mulher Operária da cidade de São Paulo, ocorrido na última sexta-feira (8), representantes da esquerda pequeno-burguesa, incomodados com o crescimento do Partido da Causa Operária (PCO) nos últimos anos, chamaram a polícia para reprimir seus militantes. A Polícia Militar, comandada pelo bolsonarista Tarcísio de Freitas, atendeu ao chamado prontamente e agrediu as mulheres do Partido, prendeu um militante da agremiação trotskista e ainda roubou uma faixa sua.
De todo esse episódio verdadeiramente escatológico, uma organização conseguiu se destacar em relação às demais. No momento em que os policiais vieram agredir as mulheres do PCO, os militantes de uma tal Unidade Popular pelo Socialismo (UP) aplaudiram os agentes da repressão.
Pouco importam os motivos, ainda que, neste caso, não sejam minimamente nobres. Nenhum militante da UP pode dizer que aplaudiu a PM por acreditar que eles estavam fazendo um grande bem para a classe trabalhadora – eles são conscientes de que estavam aplaudindo a repressão do Estado contra uma organização do movimento dos trabalhadores. E por interesses puramente mesquinhos: a preocupação com o crescimento do PCO, pois que este expõe a fragilidade de sua organização.
Ainda que os motivos não fossem tão evidentes, nada, absolutamente nada, justificaria aplaudir a Polícia Militar. Não apenas quando ela age contra a esquerda, mas em absolutamente qualquer circunstância. Estivesse a PM reprimindo manifestantes bolsonaristas, também não mereceria aplauso. Estivesse a PM prendendo alguém por ter cometido um crime banal, também não mereceria aplauso.
A questão é muito simples: a polícia é inimiga do movimento operário. A polícia é o braço armado Estado burguês. A PM é o exato oposto do movimento operário e, portanto, o oposto da luta pelo socialismo. Ela é, em última instância, a instituição responsável por manter a dominação dos capitalistas sobre a população pobre. Quem, se não a polícia, é destacada pra reprimir greves, protestos, para estabelecer um clima de terror fascista nas periferias para que o povo não se levante contra a ditadura da burguesia?
A atitude da esquerda pequeno-burguesa no ato de 8 de março revelou muitas coisas. E uma delas é que há quem fale em nome do socialismo, mas que não perde a oportunidade de aplaudir os inimigos da luta dos trabalhadores.