O primeiro-ministro da Autoridade Palestina – Mohammed Shtayyeh – submeteu nesta segunda-feira (26) um pedido de renúncia ao governo. Em declaração, Shtayyeh disse que “a decisão de renunciar veio à luz da escalada sem precedentes na Cisjordânia e em Jerusalém e da guerra, do genocídio e da fome na Faixa de Gaza”.
Shtayyeh era primeiro ministro desde 2019, quando foi indicado pelo atual presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
Na sua declaração de resignação Shtayyeh também chamou para um novo governo de unidade nacional, um governo que contaria tanto com o Fatá/Autoridade Palestina quanto com o Hamas e os demais grupos de resistência.
Após a renúncia do primeiro-ministro, o governo norte-americano declarou apoio a “reforma e revitalização” da Autoridade Palestina e disse ver com bons olhos um governo da AP reformada controlando tanto a Cisjordânia quanto a Faixa de Gaza. Entretanto, “Israel” rejeitou a perspectiva de retorno do Fatá para a Faixa de Gaza e de estabelecer um Estado palestino nestes territórios.
A Autoridade Palestina controlada pelo Fatá governa a Cisjordânia desde meados dos anos 1990. E há 30 anos vem atuando como uma polícia fascista contra a sua própria população à comando dos sionistas. Para exemplificar o caráter colaboracionista do governo do Fatá com os sionistas, desde o dia 7 de outubro, mais de 7.250 palestinos foram presos por ‘Israel’ na Cisjordânia auxiliado pela Força de Polícia Civil Palestina comandada pela AP. Shtayyeh demonstrou claramente o caráter submisso da AP e da sua administração perante “Israel” e os Estados Unidos quando, ao assumir o cargo de primeiro-ministro, declarou à emissora norte-americana CNN que não há solução para o fim do genocídio em Gaza sem a participação dos Estados Unidos.
Apesar de diversos jornais declararem a renúncia de Shtayyeh como resultado de uma pressão do governo dos EUA para uma reforma no interior da AP, há ainda um outro fator de grande importância: a incrível impopularidade da Autoridade Palestina e a esmagadora popularidade do Hamas. Uma pesquisa feita pelo Centro Palestino de Política e Pesquisa demonstrou que 80% dos palestinos acreditam que a AP não é uma força positiva no conflito atual. Concomitantemente, a satisfação com a atuação de Abbas é de apenas 7% na Cisjordânia e 17% na Faixa de Gaza, quanto a do ex-primeiro-ministro, 6% e 16%, respectivamente. Em oposição à aprovação de 81% na Cisjordânia e 52% na Faixa de Gaza de um dos líderes do Hamas, Yahya Sinwar, somado aos respectivos 57% e 43% do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh.