Há alguns anos, quando rompi minhas ligações com uma instituição pela sua intenção de se vincular economicamente com ONGs imperialistas, fui acusado de radical e de intransigente por querer “politizar” esta luta. Afinal, que mal poderia haver em receber recursos para uma causa tão nobre? Esse, aliás, é o mesmo dilema que todo médico consciente precisa enfrentar com a oferta cotidiana de brindes – de canetinhas a viagens aéreas para congressos – entregues pelas empresas farmacêuticas, que desta forma compram a simpatia e lealdade aos seus produtos. Que liberdade tem um profissional que aceita este tipo de “mimo”? Se há uma coisa que aprendi, a duras penas, é que não existe enfrentamento no âmbito social que não seja político em sua essência. No âmbito da prática médica, não aceitar qualquer presentinho “desinteressado”; no que diz respeito às instituições, não permitir que organizações imperialistas tenham controle econômico sobre suas ações.
Isso se aplica às instituições ligadas à saúde também, em especial àquelas que oferecem suporte às populações em vulnerabilidade, como as mulheres, gays, comunidades negras etc. Nos anos 70 o foco era a esterilização de mulheres, levada a cabo por um grupo multinacional americano, pois o crescimento populacional nos países satélites do Império sempre foi um temor para as forças imperialistas. Hoje em dia muito dinheiro é direcionado aos grupos identitários, e esse suporte merece ser questionado de forma muito séria e contundente.
Aceitar dinheiro – ou suporte de qualquer natureza – de organizações visceralmente conectadas ao imperialismo é um erro clássico de quem procura resultados cosméticos e parciais. O tempo acaba mostrando o equívoco de associar-se a estas organizações, que agem como pontas de lança das forças hegemônicas internacionais. Estas, com a fachada da benemerência, usam de seu poder econômico para controlar a narrativa nacional. O caso da Transparência Internacional de agora é emblemático: a face nobre do “combate à corrupção” esconde interesses imperialistas que usam da chantagem e da manipulação da opinião pública para levar adiante uma agenda alinhada aos interesses das grandes potências.
A autonomia de um país se demonstra também através da atenção que se dá aos grupos que se infiltram no tecido social para implantar uma agenda ligada aos interesses estrangeiros. As ONGs que atuam junto aos indígenas brasileiros, seja oferecendo roupas, remédios ou tão somente a “palavra do senhor” são outro exemplo histórico da invasão alienígena sobre nosso histórico problema com as populações nativas. Monitorar, vigiar e até mesmo expulsar estas organizações é uma ação necessária para que nossa estrutura social não seja degenerada pela infiltração de grupos estrangeiros.
A autonomia tem preço, e este é a vigilância constante sobre ações de grupos travestidos de boas intenções, mas que em seu bojo carregam interesses de dominação através do poder econômico.