No dia 5 de março, o Departamento de Estado norte-americano anunciou a aposentadoria de Victoria Nuland, uma das principais figuras públicas da política belicista do imperialismo dos Estados Unidos. Nuland atuou como Secretária de Estado Adjunta para a Europa durante o governo de Barack Obama, deixando o cargo após a vitória de Donald Trump, em 2016. Com a vitória de Joe Biden, em 2020, retornou à Casa Branca como subsecretária de Estado para Assuntos Políticos na administração de Joe Biden. Nuland também atuou na embaixada dos Estados Unidos em Moscou durante a década de 1990.
Peça-chave no golpe de Estado de 2014 na Ucrânia, que levaria à atual guerra por procuração contra a Rússia, Nuland era uma figura de destaque na política internacional, expressando bem a arrogância dos países imperialistas. Em um vazamento daquele ano, Nuland ficaria conhecida por dizer “F***-se a União Europeia”, quando tratava da formação do novo governo golpista ucraniano.
No anúncio de sua aposentadoria, Nuland recebeu elogios do secretário de Estado Anthony Blinken, que hoje tenta, sem sucesso, controlar a situação no Oriente Médio.
“Os seus esforços têm sido indispensáveis para enfrentar a invasão em grande escala da Ucrânia por Putin, para organizar uma coligação global para garantir o seu fracasso estratégico e para ajudar a Ucrânia a trabalhar rumo ao dia em que será capaz de se manter firme com os seus próprios pés – democraticamente, economicamente, e militarmente“, disse ele.
A aposentadoria – isto é, demissão – de Victoria Nuland deu origem a várias teorias sobre a razão da sua saída do Departamento de Estado norte-americano. Para as autoridades russas, sua saída é resultado do fracasso da ofensiva contra a Rússia e do “projeto ucraniano” em geral.
A notícia desencadeou uma avalanche de reações dos principais políticos, diplomatas, especialistas e meios de comunicação russos. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, comunga com a tese de que Nuland foi forçada a renunciar devido ao fracasso da trajetória de Biden em relação à Rússia.
“Isto é um fracasso da política associada a Nuland, porque ela foi a figura central que seguiu uma política russofóbica em relação ao nosso país, toda a história estava ligada a Nuland”, disse ela. Segundo a porta-voz, Nuland “não era apenas um representante de alto escalão do Departamento de Estado, mas uma figura chave nas conspirações dos EUA”.
“Ela foi coordenadora do sentimento anti-russo e da política anti-russa dos Estados Unidos, especialmente no contexto da Ucrânia. Não posso dizer que ela era uma ideóloga. Tem gente por aí que nos odeia mais, mas ela era mesmo uma coordenadora, ela está ligada a essa política. E foi assim que se despediram dela”, concluiu Zakharova.
Segundo Sergey Strokan, comentarista da Russia Today, outro fator que pesou na decisão seria que “os olhares em Washington estão voltados para a nomeação de Kurt Campbell, atualmente responsável pela política Indo-Pacífico, para o papel de funcionário de segundo escalão no Departamento de Estado. Os meios de comunicação social e os analistas interpretam isto como prova de que a Ásia está se tornando a principal prioridade de Washington, num contexto de declínio do interesse dos EUA na Ucrânia”.
Nos Estados Unidos, também surgiu a tese de que a demissão de Nuland foi o resultado de uma luta pelo poder na qual ela perdeu a corrida ao cargo de primeira vice-chefe de política externa.
Quaisquer que sejam as razões específicas, a demissão da arquiteta do Euromaidan, golpe de Estado em 2014 na Ucrânia, é uma vitória da Rússia sobre o imperialismo.