No último dia 16 de janeiro, a primeira-dama, Rosângela “Janja” Lula da Silva, afirmou, no G20, no qual Lula assumiu sua presidência em dezembro de 2023, grupo esse que reúne os 20 países mais industrializados do mundo mais a União Europeia e a União Africana, que estava “muito feliz” com o fato de o 1º encontro sobre igualdade de gênero ter sido realizado durante a presidência brasileira e que “o objetivo desse grupo de trabalho é impulsionar o empoderamento das mulheres e suas diferentes dimensões, tanto no mercado de trabalho quanto na busca pela igualdade nos espaços de poder e na tomada de decisão”. (Poder360 16/01/2024)
Infelizmente – e a declaração da Janja mostra bem isso – o que se tem visto é que a chamada “cultura woke”, ou identitarismo tomou conta da maior parte da esquerda nacional e internacional.
Trata-se de uma ideologia reacionária, embora se apresente como progressista, alegando a defesa dos setores oprimidos, como as mulheres, por exemplo. É reacionária porque centra a luta dos setores oprimidos na oposição entre as “identidades”: homens contra mulheres, negros contra brancos, pessoas “cis” contra “trans” e assim por diante. Tal política se opõe à luta pela unidade dos oprimidos, como sempre defenderam os socialistas.
Essa política desvia a luta contra o sistema capitalista para uma luta contra indivíduos. Substitui a luta de classes pela “luta” cultural. Ou seja, não visa mudar a situação material desses setores, mas tão somente mudar a opinião das pessoas.
No caso do Brasil, as mulheres compõem cerca de 50% da população nacional e da classe trabalhadora nacional. Daí que a unidade entre homens e mulheres seja indispensável para criar um movimento de luta realmente forte.
Essa unidade não pode ser conseguida, porém, sem que o movimento dos trabalhadores levante um programa de defesa das reivindicações democráticas e econômicas próprias das mulheres, tais como o direito integral de divórcio, o direito ao aborto, a isonomia salarial, condições de trabalho adequadas às mulheres, licença maternidade, direito a creche pública e gratuita no bairro ou local de trabalho, condições de amamentação e atendimento médico adequado etc.
É claro que os representantes do G20, tais como a Alemanha, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, darão um maior apoio a esse grupo de trabalho do “empoderamento”, já que o identitarismo é uma política imperialista, uma ideologia financiada, impulsionada e divulgada pelo imperialismo.
É preciso se opor a essa falsa defesa das mulheres e das minorias. Essa política é um beco sem saída para os oprimidos. Na verdade, o que se deve tratar é a defesa dos reais direitos das mulheres e das suas necessidades. É preciso deixar bem claro que a cúpula do G20, dominado pelos países imperialistas, não irá resolver os problemas das mulheres e dos setores oprimidos pelo capitalismo.