No artigo A natureza contrarrevolucionária do apoio feminista liberal a Gaza, publicado pela emissora libanesa Al Mayadeen, Tala Alayli faz uma análise histórica do liberalismo, acusando-o de ser “imperial por natureza” e destacando os movimentos feministas que não apoiam a luta do povo palestino em Gaza.
O texto começa citando Malcolm X, para quem um liberal só se diferenciaria de um conservador por seu suposto apoio aos oprimidos, para que mais tarde explorem as suas vulnerabilidades e seu sofrimento para atender aos seus interesses políticos. “Neste caso”, explica Alayli, “o feminismo liberal também pode ser considerado como um ramo daquilo que Malcolm X destacou, especificamente no caso de Gaza e dos acontecimentos que se desenrolaram desde 7 de outubro de 2023”.
Rigorosamente falando, a crítica que tanto Malcom X quanto Tala Alayli fazem do liberalismo diz respeito à doutrina a partir do século XX, não ao liberalismo em si. Na fase revolucionária da burguesia, o liberalismo era uma doutrina progressista, que ajudou a humanidade a se livrar dos entraves feudais. Ela passa a ser reacionária, tanto quanto o conservadorismo, quando passa a expressar a última fase do capitalismo: o imperialismo.
O liberalismo foi um fator de progresso quando genuinamente contribuiu para o fim da escravidão. No entanto, hoje ele é a face oficial do imperialismo, que, por sua vez, foi definido por Vladimir Lênin como “reação em toda a linha”. O que significa, portanto, que se hoje um liberal fala em nome do negro, não é com o objetivo de libertá-lo de sua escravidão contemporânea, mas sim para enganá-lo e defender a manutenção do regime de exploração ao qual está submetido.
Dito isso, voltemos então para o texto publicado no Al Mayadeen.
“O feminismo liberal, por definição, centra-se em alcançar a igualdade de gênero através de reformas políticas e jurídicas no quadro da democracia liberal e se baseia em uma perspectiva de direitos humanos”, diz Alayli. “No entanto, o paradigma abrange duas lacunas principais: a essência da democracia liberal e a perspectiva falha dos direitos humanos. Como ambos derivam de uma base capitalista, supremacista branca e exploradora, não pode ser considerado que construam a igualdade”.
De fato. O que o feminismo liberal mais fala é em uma suposta defesa da mulher, normalmente nos aspectos mais superficiais. Fala, por exemplo, da importância da mulher ir à universidade, ainda que a economia de seu país esteja tão devastada que ela nem tenha o que comer. No entanto, quando se vê quem são os grandes defensores de tal “feminismo”, são justamente aqueles que destruíram os países dessas mulheres.
A conclusão da autora é precisa: não há como modificar a situação de opressão da mulher se não se modificar a base da sociedade. Isto é, o capitalismo, que, nesta etapa, adquiriu um caráter completamente reacionário.
“Isto é o que vemos quando os ocidentais liberais usam a bandeira palestina para mostrar solidariedade com Gaza, mas demonizam a sua Resistência, acusando-os da acusação recorrentemente refutada de violação na demonstração do que consideram ser uma defesa feminista”, diz a autora.
Após as considerações teóricas, Tala Alayli passa, então, a explicar como atua um dos principais órgãos da imprensa imperialista em todo o planeta: o jornal norte-americano The New York Times.
“O NYT sempre foi tendencioso em relação a ‘Israel’, seja pela linguagem diluída que utiliza ao descrever os crimes que a ocupação cometeu em Gaza, seja pelas suas afiliações com lobistas pró-Israel, através das suas ligações ao Comitê para a Precisão nas Reportagens do Médio Oriente”, afirmou a autora.
“Para esclarecer, o editor executivo do NYT, Joe Kahn, é filho de um membro do conselho da CAMERA, um comitê que preserva a imagem de ‘Israel’ nos meios de comunicação social. A CAMERA forçou em diversas ocasiões o NYT, entre outros meios de comunicação, a mudar a sua redação quando parecia ser, no máximo, neutra em relação à causa palestina.”
O texto, então, lembrou que uma reportagem do Intercept revelou que alguns editores do jornal norte-americano obtêm as suas histórias de soldados das forças de ocupação. “Em segundo lugar”, diz ela, “no que diz respeito à história do NYT sobre combatentes do Hamas que exploravam sexualmente prisioneiros israelenses, a história não só foi retirada pelo meio de comunicação, mas também refutada por funcionários internos e pelas famílias dos prisioneiros que tinham feito parte da história”.
“Além disso, vários relatos constataram que a história em andamento apresentava diversas lacunas. A família israelense envolvida em um caso importante mencionado na reportagem do NYT negou a história publicada, afirmando que os repórteres manipularam suas declarações.”
O artigo publicado pela Al Mayadeen explica nosdetalhes a farsa que é a “defesa da mulher” feita pelos países imperialistas. No final das contas, não passa de uma fachada para sua política genocida.