A Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, demitiu um engenheiro por tentar corrigir um bug que estava bloqueando publicações sobre a Palestina no Instagram. Ele acusou a empresa de preconceito no que diz respeito ao tratamento dado para o conteúdo relacionado à guerra em Gaza.
O engenheiro palestino-norte-americano Ferras Hamad, que trabalha na Meta desde 2021, entrou com um processo em um tribunal estadual da Califórnia por discriminação e demissão injusta, acusando a empresa de preconceito contra palestinos. Ele afirmou que a empresa até apagou comunicações internas de funcionários mencionando a morte de seus parentes em Gaza e conduziu investigações sobre o uso do emoji da bandeira palestina.
O processo ainda ressalta que nenhuma investigação semelhante foi lançada anteriormente para funcionários que publicaram emojis das bandeiras de “Israel” ou da Ucrânia em situações semelhantes.
Hamad observa que sua demissão se deve a um incidente em dezembro relacionado a um procedimento de emergência para solucionar problemas graves nas plataformas, conhecido dentro da Meta como SEV ou “evento do site” (“site event”, em inglês).
Segundo as queixas listadas no processo, Hamad notou irregularidades nas políticas de SEV relacionadas à restrição de conteúdo publicado por contas palestinas no Instagram, como publicações sendo impedidas de aparecer em pesquisas e na página principal do aplicativo (feed).
Um caso citado na queixa revelou que Hamad encontrou um vídeo curto publicado pelo fotojornalista palestino Motaz Azaiza que foi rotulado como conteúdo adulto, embora mostrasse apenas um prédio destruído em Gaza.
O engenheiro explicou que recebeu orientações confusas de vários funcionários sobre a situação do SEV, e se ele tinha a autoridade para trabalhar nisso como fez em muitos SEVs antes, incluindo aqueles relacionados a “Israel”, Gaza e Ucrânia. Posteriormente, foi confirmado por escrito que o SEV fazia parte de suas responsabilidades, conforme seu gerente.
Hamad disse que a Meta informou que ele foi demitido por violar uma política que proíbe funcionários de trabalharem em questões relacionadas a contas de pessoas que eles conhecem pessoalmente, referindo-se a Azaiza, com quem Hamad afirmou não ter nenhuma conexão pessoal.
Em dezembro, o conselho de supervisão que é independente da Meta repreendeu a empresa por remover publicações que retratavam o sofrimento humano na guerra em Gaza.
O conselho reverteu duas decisões, incluindo a remoção de um vídeo no Instagram que mostrava as consequências de um ataque perto do Hospital Al-Shifa em Gaza durante a invasão terrestre israelense. O vídeo mostrava palestinos feridos ou mortos, incluindo crianças.
Embora vários outros vídeos do tipo estivessem sendo discutidos, o co-presidente do conselho de supervisão, Michael McConnell, afirmou que essas decisões eram desafiadoras. Ele declarou que o conselho está focado em proteger a liberdade de expressão enquanto impede conteúdo que incite violência ou ódio.
O conselho instou a Meta a preservar publicações removidas que possam servir como provas de violações de direitos humanos.
Em fevereiro, fontes revelaram ao The Intercept que a Meta estava considerando regras mais rígidas para discutir o sionismo (o que eles chamam de “nacionalismo israelense”) em suas plataformas.
Cinco fontes informadas sobre a possível mudança disseram ao The Intercept que, de acordo com um e-mail enviado por funcionários de política da Meta, “a Meta está atualmente revisando sua política de discurso de ódio, especificamente em relação ao termo ‘sionista’”. A mudança consistiria, basicamente, em equiparar o termo “sionista” a “judeu”, tornando o antissionismo, portanto, em antissemitismo, o que é proibido pela empresa.
As diretrizes internas da Meta sobre a palavra “sionista,” originalmente publicadas pelo The Intercept em 2021, afirmavam que os moderadores da empresa deveriam remover publicações contendo a frase apenas se fossem consideradas um substituto para “judeu” ou “israelense”.
Com informações da emissora libanesa Al Mayadeen