Como que para confirmar que o imperialismo não quer nenhum acordo com o Hamas que encerre o conflito na Palestina e mente descaradamente quando diz defender a chamada “solução de dois Estados”, sendo um sionista e outro palestino, um dos principais órgãos de propaganda do imperialismo norte-americano, o jornal The New York Times, colocou o jornalista Bret Stephens para assinar uma coluna intitulada A Hostage Deal Is a Poison Pill for Israel (Um acordo com os reféns é um veneno para Israel, em português), defendendo que “Netaniahu está certo” ao recusar “um acordo de cessar-fogo para obter a liberação de reféns”. O motivo alegado pelo jornalista é que, em 2006, “Israel” foi forçado a aceitar um acordo do gênero, resultando na libertação de mil palestinos, entre eles, Iaiá Sinuar, “o mentor do 7 de outubro”, diz The New York Times, além de ser atualmente o líder do birô político do partido revolucionário palestino.
“Em 2006, um soldado israelense chamado Gilad Shalit foi capturado pelo Hamas e mantido em Gaza. Ele foi liberado cinco anos depois em troca de mais de 1.000 prisioneiros de segurança palestinos — um eufemismo, em muitos casos, para terroristas. O acordo, que foi aprovado por Benjamin Netaniahu, o primeiro-ministro de Israel, incluiu a liberação de Iaiá Sinuar, o mentor do 7 de outubro.”
Para Stephens, Iaiá Sinuar, no entanto, não é o único motivo para “Israel” negar o acordo de cessar-fogo. Segundo o jornalista, a retirada das forças sionistas da região conhecida como Corredor de Filadélfia, simplesmente não pode ser atendida. O Corredor de Filadélfia é a faixa de terra estreita situada ao longo da fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, portanto, indiscutivelmente localizada no interior do território palestino, mesmo para os padrões da invasão legalizada pela ONU.
O colunista diz que o “Hamas só conseguiu iniciar e travar essa guerra devido a uma linha segura de suprimento logístico sob sua fronteira com o Egito”. Por essa razão, a demanda não pode, de modo algum ser atendida. “A maior justificativa para lutar em uma guerra, além da sobrevivência, é prevenir sua repetição”, diz Stephens:
“Imensas manifestações em Tel Aviv, coincidentes com os funerais de partir o coração de seis reféns assassinados, exigem que o primeiro-ministro concorde com um acordo de cessar-fogo para obter a liberação de reféns adicionais, ao custo de ceder uma das principais exigências do Hamas: a retirada israelense de um trecho de terra conhecido como Corredor de Filadélfia, que separa Gaza do Egito. Netaniahu se recusou, insistindo em uma coletiva de imprensa na segunda-feira que as forças israelenses não vão se retirar.
Netaniahu está certo, e é importante que seus críticos habituais, incluindo eu, reconheçam isso.
Ele está certo, primeiramente, porque a maior justificativa para lutar em uma guerra, além da sobrevivência, é prevenir sua repetição. Israel perdeu centenas de soldados para derrotar o Hamas. Milhares de palestinos inocentes morreram e centenas de milhares sofreram, porque o Hamas manteve todos os gazenses reféns de seus objetivos fanáticos. O Hamas só conseguiu iniciar e travar essa guerra devido a uma linha segura de suprimento logístico sob sua fronteira com o Egito.”
A colocação de Stephens mostra o quanto a política “de dois Estados” é farsesca, um artifício enganoso criado pelo imperialismo para desmobilizar e desviar as aspirações palestinas, assim como a oposição à ocupação sionista. A realidade é que nem “Israel”, nem o imperialismo têm qualquer intenção real de permitir a formação de um Estado palestino soberano.
Isso porque, diferentemente de países artificiais como a Coreia do Sul ou o extinto Vietnã do Sul, a posição de “Israel” é extremamente vulnerável. Um Estado palestino, inevitavelmente, buscaria reaver o território perdido em algum momento e, assim, restaurar seus direitos históricos, o que comprometeria a posição estratégica e a hegemonia do enclave imperialista na região.
Assim, a política de “dois Estados” é inerentemente inviável. A ideia de que dois Estados podem coexistir pacificamente, enquanto um dos lados controla opressivamente o território e os recursos do outro, é uma falácia. O verdadeiro objetivo por trás dessa política é manter a ocupação da Palestina pelo imperialismo.
Para alcançar uma paz verdadeira e duradoura, a Palestina deve ser reconstituída como uma nação independente, soberana, democrática e plurinacional. Somente com a restauração plena do Estado palestino será possível superar a bárbara opressão que têm marcado a saga do povo palestino.
É essencial que a esquerda preste atenção as evidências que demonstram o golpe da chamada “solução de dois Estados”, rejeite esse engodo e lute pelo único caminho que realmente acabe com a opressão do povo palestino, permitindo a verdadeira autodeterminação e a coexistência pacífica entre todos os povos da região, que só poderá ser conquistada por meio de uma Palestina democrática, soberana e plurinacional. Para isso, a ação revolucionária dos partidos da Resistência Palestina e o Hamas em especial é fundamental e deve ser apoiada com a máxima energia, até que a invasão criminosa do país árabe seja derrotada e “Israel”, definitivamente extinta.