Em 14 de fevereiro, a Companhia Nacional de Gás Iraniana revelou que dois grandes gasodutos de transmissão de gás na província de Chaharmahal e Bakhtiari, no sudoeste, e na província de Fars, no sul, foram alvos de um atentado. Na semana seguinte, em 22 de fevereiro, o Irã acusou oficialmente o Estado de “Israel” de ser o responsável pelos ataques.
“As explosões que romperam dois gasodutos iranianos na semana passada foram o resultado de uma conspiração israelense”, afirmou o ministro do Petróleo da República Islâmica do Irã, Javad Owji. “O inimigo pretendia perturbar o serviço de gás nas províncias e colocar em risco a distribuição de gás das pessoas”, continuou.
Até o momento, “Israel” não comentou as alegações. No entanto, em janeiro, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netaniahu, disse que a entidade sionista estava “atacando” o Irã, bem como seus aliados. De acordo como o ministro iraniano, o plano de “Israel” era interromper completamente o fluxo de gás no inverno “para várias cidades e províncias importantes do nosso país”.
Javad Owji não foi o único a falar em sabotagem. De acordo com uma reportagem do jornal norte-americano The New York Times, publicada no dia 17 de fevereiro, “dois oficiais ocidentais” também teriam admitido a participação de “Israel” na explosão dos gasodutos.
De acordo com o artigo do jornal imperialista, “os ataques de Israel aos gasodutos exigiram um conhecimento profundo da infraestrutura do Irã e uma coordenação cuidadosa, especialmente porque dois gasodutos foram atingidos em vários locais ao mesmo tempo“. Citando um dos “oficiais ocidentais”, o artigo ainda classifica o ataque como “um grande ataque simbólico que foi bastante fácil de ser reparado pelo Irã e que causou relativamente poucos danos aos civis“. Apesar de não ter causado danos, serviria de alerta sobre “os danos que Israel pode infligir, à medida que o conflito se espalha pelo Oriente Médio e as tensões aumentam entre o Irã e os seus adversários, nomeadamente Israel e os Estados Unidos“.
As mesmas fontes obscuras do jornal norte-americano ainda disseram que “Israel” também causou outra explosão, no dia 15 de fevereiro. Ela teria ocorrido dentro de uma fábrica de produtos químicos nos arredores de Teerã, capital do país persa. No entanto, de acordo com as autoridades iranianas, a explosão teria sido resultado de um acidente no tanque de combustível da fábrica.
Os interesses do jornal imperialista e do Irã em divulgar a sabotagem no gasoduto são, obviamente, diferentes. Ao que parece, The New York Times está buscando explorar o atentado para demonstrar uma suposta fraqueza militar do Irã. Em determinado trecho da matéria, lê-se que:
“‘Isso mostra que as redes secretas que operam no Irã expandiram a sua lista de alvos e avançaram para além das instalações militares e nucleares’, disse Shahin Modarres, um analista de segurança baseado em Roma e focado em Oriente Médio. ‘É um grande desafio e um golpe na reputação para as agências de inteligência e segurança do Irã’.”
Esse deve ser, inclusive, o motivo da divergência entre as autoridades locais e os “oficiais ocidentais” no que diz respeito à explosão na fábrica.
O objetivo do Irã em denunciar o caso, por outro lado, é o de revelar o caráter verdadeiramente terrorista do Estado de “Israel”. Quanto a isso, nem o jornal norte-americano consegue esconder. Trata-se de uma operação de sabotagem, que visa atingir fundamentalmente a população de toda uma região. Isso em um país que não está formalmente em guerra contra a entidade sionista.
Não há também como negar a semelhança da explosão dos gasodutos iranianos com a explosão da rede de gasodutos do Nord Stream, que liga a Rússia a vários países europeus. Conforme denunciado recentemente pelo presidente russo Vladimir Putin, a explosão teria sido uma obra de sabotagem comandada pelos Estados Unidos, principal apoiador financeiro e militar de “Israel”.