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Palestina

Governo de unidade nacional palestino fortalecerá o Hamas

O que o Movimento de Resistência Islâmica faz, ao atrair as organizações para um grande acordo, é demonstrar força

Em reunião ocorrida na China na última segunda-feira (22), 14 organizações palestinas tomaram uma decisão história: a de formar um governo de unidade nacional, composto por essas organizações. Todas as forças mais importantes da Palestina estavam presentes – isto é, aquelas que estão envolvidas na Operação Dilúvio de Al-Aqsa, a operação de libertação dos palestinos contra a entidade sionista de “Israel”. Entre elas, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe), que governa a Faixa de Gaza, e o Fatá, do qual uma ala, controlada por Mahmoud Abbas, governa a Cisjordânia. Também estavam presentes a Jiade Islâmica Palestina, a Frente Popular pela Libertação da Palestina e a Frente Democrática pela Libertação da Palestina.

A proposta de formação de um governo nacional é parte da declaração unificada, em que se lê as seguintes resoluções:

“As organizações palestinas saúdam a posição da Corte Internacional de Justiça, que confirmou a ilegalidade da presença, ocupação e colonização.

Continuar a acompanhar a implementação dos acordos para acabar com a divisão que ocorreu com a ajuda do Egito, Argélia, China e Rússia.

Compromisso com o estabelecimento de um Estado palestino independente com sua capital em al-Quds [Jerusalém], segundo as resoluções internacionais, especialmente 181 e 2.334, e garantir o direito de retorno.

Afirmamos o direito do povo palestino de resistir à ocupação e encerrá-la segundo as leis internacionais, a Carta da ONU e o direito dos povos à autodeterminação.

Formar um governo de unidade nacional temporário com o consenso das facções palestinas e por decisão do presidente com base na Lei Básica Palestina.

O governo formado exercerá seus poderes e autoridades sobre todos os territórios palestinos, confirmando a unidade da Cisjordânia, al-Quds e a Faixa de Gaza.

Resistir e frustrar tentativas de deslocar nosso povo de sua pátria, especialmente da Faixa de Gaza, Cisjordânia e al-Quds.

Trabalhar para levantar o cerco bárbaro sobre nosso povo na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e entregar ajuda humanitária e médica sem restrição ou condição.”

A proposta de um governo nacional não é nova. Ela está presente, por exemplo, na Declaração de Princípios do Hamas, que estabelece que:

“Não há alternativa a um Estado palestino plenamente soberano em todo o território nacional palestino, com Jerusalém como sua capital. O Hamas acredita e adere à gestão de suas relações palestinas com base no pluralismo, na democracia, na parceria nacional, na aceitação do outro e na adoção do diálogo. O objetivo é fortalecer a unidade de fileiras e ação conjunta com o propósito de alcançar metas nacionais e atender às aspirações do povo palestino.”

Mais do que apenas propor um governo de unidade nacional, o Hamas já havia forjado essa unidade na luta, na medida em que agrupou as forças de resistência em uma ampla coalizão com o objetivo de pôr fim à ocupação sionista das terras palestinas.

O governo de unidade nacional é um grande acerto das forças de resistência e do próprio Hamas. Ainda que seja difícil medir quais concessões terão de ser feitas para conquistar essa unidade, o fato é que a resolução é mais uma vitória do Hamas. Afinal, há não muito tempo, as forças sionistas diziam que iriam exterminar o grupo islâmico. A própria Autoridade Palestina já havia se comprometido, em mais de uma oportunidade, em discutir com o imperialismo e com o sionismo um plano para governar a Faixa de Gaza após uma eventual derrota do Hamas na guerra contra os sionistas.

O que o Hamas faz, ao atrair as organizações para um grande acordo, é demonstrar força. O motor do acordo não é reconhecer o Estado de “Israel”, nem é estabelecer uma paz unilateral, como foi feito vergonhosamente nos Acordos de Oslo. O motor do acordo é a unidade na luta contra a ocupação sionista. Afinal, nenhuma das organizações propuseram o fim do enfrentamento com as tropas inimigas. Pelo contrário: as exigências feitas desde a deflagração da Operação Dilúvio de al-Aqsa permanecem de pé.

A reunião na China aconteceu no mesmo momento em que todo o alto escalão das forças armadas e do aparato de inteligência israelense anunciaram que aceitaram o acordo oferecido pelo Hamas para o cessar-fogo, ou seja, anunciam que estão dispostos a se render.

O Ministro da Defesa de “Israel”, Joabe Galante, o chefe de Estado-Maior do exército, Herzi Halevi, o diretor do Mossad, David Barnea, e o chefe do Shin Bet, Ronen Bar, afirmaram ao primeiro-ministro Benjamin Netaniahu que apoiam o acordo, argumentando que o período relativamente curto de seis semanas não permitiria ao Hamas se reagrupar e se rearmar de maneira significativa.

“Estamos cientes das ramificações de segurança, mas este é o momento de priorizar a libertação dos reféns, cujo tempo é limitado”, disseram os quatro ao premiê.

As informações vindas do governo israelense apenas reforçam a ideia de que o Hamas é quem está com a iniciativa na luta de classes no Oriente Médio. Isto é, que o governo de unidade nacional é resultado do fato de que o Hamas conseguiu superar a pressão exercida pelo sionismo contra a unidade do povo palestino.

Por fim, cabe destacar a visita de Benjamin Netaniahu aos Estados Unidos, que já estava marcada há meses. O primeiro-ministro israelense discursará no Congresso. Contudo, isso tem sido visto muito mais como uma espécie de fim de filme da aventura sionista do que como uma demonstração de que os EUA irão aumentar o seu apoio a Netaniahu. Afinal, há notícias de que muitas figuras do regime irão boicotar o evento, incluindo a candidata democrata Kamala Harris.

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