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Ric Jones

Médico homeopata e obstetra. Escritor, palestrante da temática da Humanização do Nascimento no Brasil e no exterior.

Coluna

Futebol, arte e imagem

Desejamos nossa projeção no corpo do artista

Nesta época do ano os clubes de futebol no Brasil fazem as principais contratações para a temporada. Com a injeção que as Ligas recém-criadas estão fazendo no futebol, alguns clubes receberam somas muito grandes de dinheiro referentes aos direitos de televisionamento. Com isso, para as estrelas que devem chegar, são prometidos salários inacreditáveis como 2 milhões de reais mensais, ou o salário de quase 2 mil trabalhadores. Eu sei: paga quem quer, ninguém é obrigado a consumir. Entretanto, as somas são impressionantes, e sempre me fazem lembrar da “Febre das Tulipas”.
Este fenômeno merece uma consideração. Por que tanto dinheiro investido em futebolistas? Pagar 2 milhões mensais para jogadores medíocres (ou seja, comuns) é a medida justa da nossa neurose, e o quanto o capitalismo, ao nos sonegar o sonho da riqueza e do sucesso, nos faz gozar através do sucesso alheio. A glorificação de jogadores de futebol, mas também do tênis, golfe, xadrez, basquete, basebol, assim como antigamente o foram os gladiadores e esportistas de todo tipo, mostra que usamos destes artifícios – o circo – para anestesiar o sujeito comum, oferecendo a ele uma felicidade tão fugaz quanto alienante, já que o sistema o mantém alijado de conquistas próprias. “Você continuará um inútil, pobre e medíocre, mas seu time será campeão e seu ídolo vai conquistar as mulheres (ou os homens) que você tanto sonha”.
Aliás, li agora mesmo que o ator “exilado” em Portugal Pedro Cardoso escreveu algo na mesma linha ao dizer que se vende muito mais Beyoncé do que Tracy Chapman. Apesar de preferir a cantora de “Fast Car” à intérprete de “All the Single Ladies”, ele reconhece que Beyoncé vende muito além do que apenas sua música. Ela expõe sua vida pessoal, sua vida sexual, seu casamento, suas posses, seus perfumes e produtos, suas fofocas (ela recentemente “trocou de cor”) e seu cotidiano incrível de mulher milionária. Ela faz parte do pequeno e seleto universo de mulheres tão etéreas que sequer fazem cocô… apenas sublimam.
Já a Tracy Chapman vende apenas arte, e através dela, seu modo especial de ver o mundo. Ela lança sobre o mundo seu olhar cheio de poesia e crítica social. Quem realmente se importa? Para quem consome o “pacote celebridade” este é um produto muito menos valorado. “Sim, mas não tem um escândalo, um “bafão”, um namoro secreto, um divórcio milionário?”Não – diz ela constrangida, apenas a minha arte, música, minha sonoridade. Desculpe“. Sim, nós não queremos arte. Queremos a gloriosa projeção que o artista nos oferece, sua fortuna, suas lágrimas, seus prêmios, sua vida fantasiosa de glamour. Queremos a vida dela, não seu olhar sobre a vida. Queremos ela, não sua arte.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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