De acordo com o governo francês, mais de 100 mil manifestantes teriam saído às ruas por toda a França para protestar contra a decisão do presidente Emmanuel Macron de nomear o direitista Michel Barnier como primeiro-ministro. A decisão de Macron, tomada na última semana, é mais um golpe contra a esquerda, que venceu as eleições legislativas, mas não pôde indicar o primeiro-ministro.
O Ministério do Interior afirmou que 26 mil manifestantes protestaram na capital, Paris. Os manifestantes, por outro lado, estimaram o público em toda a França em 300 mil.
Barnier, de 73 anos, é um conservador e ex-negociador do Brexit da União Europeia. Isto é, um direitista, que, inclusive, já foi bastante próximo do Reagrupamento Nacional, de extrema direita. A esquerda, liderada pela França Insubmissa (LFI), acusou Macron de roubar a eleição depois que o presidente se recusou a escolher o candidato da aliança Nova Frente Popular (NFP), que ficou em primeiro lugar na votação de julho.
Em sua primeira entrevista como chefe de governo, Barnier disse que seu governo, que não tem uma maioria clara, incluirá conservadores, membros do campo de Macron e, ele espera, alguns da esquerda. Ao que tudo indica, no entanto, seu governo será apenas uma continuidade da política neoliberal criminosa de Emmanuel Macron, ao mesmo tempo em que irá fortalecer ainda mais a presença da extrema direita.
Natacha Butler, correspondente da Al Jazeera em Paris, disse que os manifestantes acreditam que Macron está permitindo que a extrema direita entre no governo com a escolha de Barnier.
“Dizem que Macron abriu a porta para a extrema direita ser mais poderosa do que nunca no cenário político da França”, disse ela. “Há muita raiva aqui, assim como muito senso de injustiça, e a sensação de que Macron zombou da democracia.”
O instituto de pesquisas Elabe publicou uma pesquisa na sexta-feira mostrando que 74% dos franceses consideram que Macron desconsiderou os resultados das eleições, com 55% acreditando que ele os roubou.