Uma reportagem publicada no último dia 27 pelo sítio norte-americano The New Yorker e intitulada The Haditha Massacre Photos That the Military Didn’t Want the World to See (Madeleine Baran), revela detalhes horrendos sobre os crimes de guerra cometidos por tropas dos Estados Unidos, no Iraque, em 2005. Batizado como Massacre de Haditha, os registros do crime grotesco detalha como, após um ataque com um artefato explosivo improvisado (IED) que matou um soldado americano e feriu outros dois, uma equipe de fuzileiros navais norte-americanos perpetraram uma série de assassinatos sistemáticos de civis. A matança não foi um ato isolado, mas parte de uma operação brutal que resultou na morte de 24 iraquianos inocentes, incluindo mulheres e crianças, em um dos mais graves casos de crimes de guerra registrados durante a ocupação americana no Iraque.
A invasão do Iraque pelos EUA, em 2003, foi justificada por falsos pretextos de armas de destruição em massa e ligações com o terrorismo. Essa intervenção militar, que foi amplamente condenada pela comunidade internacional, desencadeou uma guerra prolongada marcada por inúmeras violações dos direitos humanos e crimes de guerra. A ocupação teve impactos devastadores para a população iraquiana, aprofundando a instabilidade e a violência na região. A atrocidade em Haditha, relatada pelo The New Yorker, é um reflexo das práticas bárbaras e da impunidade que caracterizaram o envolvimento dos EUA no conflito.
Como exemplo da brutalidade exibida pelas forças americanas, citamos um trecho significativo da reportagem do The New Yorker:
“Na manhã de 19 de novembro de 2005, uma equipe de fuzileiros navais estava viajando em quatro Humvees por uma estrada na cidade de Haditha, no Iraque, quando seu comboio foi atingido por um I.E.D. A explosão matou um fuzileiro, o Cabo Miguel Terrazas, e feriu outros dois. O que se seguiu provocaria uma das maiores investigações sobre crimes de guerra na história dos Estados Unidos. Durante as horas seguintes, os fuzileiros mataram vinte e quatro homens, mulheres e crianças iraquianas. Perto do local da explosão, eles atiraram em cinco homens que estavam indo para uma faculdade em Bagdá. Entraram em três casas próximas e mataram quase todos os ocupantes. A vítima mais jovem tinha três anos e a mais velha, setenta e seis. Os fuzileiros mais tarde alegariam que estavam enfrentando insurgentes naquele dia, mas todos os mortos eram civis.”
O órgão informa que dois outros Marines registraram a matança com uma câmera digital. O procedimento era ir nos locais da matança, marcar os corpos com números e fotografá-los na sequência. As fotos tiradas acabaram sendo a prova do crime, sendo divulgadas pela reportagem de The New Yorker, sendo reproduzidas abaixo:
Quatro militares foram acusados de assassinato, contudo, as acusações foram retiradas após uma carta escrita pelo general James Mattis, que viria a se tornar Secretário de Defesa no governo do republicano Donald Trump. Na carta, Mattis defende os militares, declarando-os inocente. The New Yorker destaca que quando o caso terminou, em 2012 (governo do democrata Barack Obama), “a Guerra do Iraque havia terminado e histórias sobre o legado da ocupação dos EUA raramente recebiam atenção”, fazendo com que a denúncia não tivesse repercussão. Mesmo com crimes chocantes como o abaixo:
The New Yorker informa que a menina da foto tinha apenas cinco anos e se chamava Zainab Younis. Conforme a reportagem, “Salim, foi baleada na cabeça por um fuzileiro naval dos EUA. Zainab morreu em uma cama ao lado de sua mãe, irmãs e irmão. Um fuzileiro naval rabiscou o número onze em suas costas com um marcador Sharpie vermelho após os assassinatos, para diferenciar os mortos nas fotos”, continua o órgão norte-americano.
“Uma mãe, Ayda Yassin Ahmed, com 40 anos de idade, cercada por seus filhos mortos no quarto da família. Todos os que estavam na cama foram baleados e mortos pelos fuzileiros navais dos EUA. Da esquerda para a direita: Sabaa, dez anos de idade; Ayesha, três; Zainab (em primeiro plano), cinco; Mohammed, oito; e Ayda. A única sobrevivente foi uma menina de 11 anos, Safa, que se escondeu em um canto ao lado da cama durante o tiroteio.”
Asmaa Salman Raseef, 32 anos, e seu filho de quatro anos, Abdullah, jazem mortos no canto da sala de estar. O braço de Asmaa está em volta do filho, talvez em uma última tentativa de protegê-lo. Asmaa parece estar ferida na parte superior das costas. Asmaa parece estar ferida na parte superior das costas. Os investigadores militares determinaram que Abdullah tinha um ferimento de bala na cabeça.
O impacto de um crime de guerra geralmente está diretamente relacionado ao horror das imagens que chegam ao público. O abuso de detidos na prisão de Abu Ghraib tornou-se um escândalo internacional quando fotos foram publicadas. Os assassinatos de Haditha não tiveram um momento semelhante.
Algumas das imagens feitas pelos Marines acabaram no domínio público, mas a maioria nunca foi divulgada. Mostram, no entanto, que não há diferença entre a barbárie e a covardia, dos sionista e os crimes do imperialismo. São praticamente a mesma coisa.