O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, Sebrae, publicou um estudo com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do terceiro trimestre de 2023. Ele indicou que os negros correspondem a 52% dos donos de negócios no Brasil. Isso é equivalente a 15,2 milhões de pessoas de um total de 29,3 milhões. O dado pode indicar duas realidades opostas: o negro está em condições de superioridade ao branco no Brasil, ou o chamado “empreendedorismo” é uma farsa. Não é difícil saber qual das duas é a realidade.
O mesmo relatório afirmou que esse grupo não necessariamente está faturando mais. Entre pretos e pardos, o faturamento da maioria dos entrevistados gira em torno de até 2 salários mínimos, sendo mais de 77% do total de empreendedores que compõem essa parcela. Quando se fala de escolaridade, os resultados também destacam as diferenças: 45,1% têm somente até o ensino fundamental e apenas 13,2% têm ensino superior (incompleto ou mais).
O dado revela o oposto do que a propaganda neoliberal identitária gostaria de propagandear. O “empreendedor” no Brasil é, na realidade, um trabalhador sem direitos trabalhistas. A categoria mais famosa talvez seja o próprio motorista de aplicativo, que supostamente é um empresário, mas trabalha para uma gigantesca empresa multinacional. Nesse sentido, o Sebrae revelou que no Brasil a situação do negro é de menos direitos trabalhistas do que a população branca, algo que já não é tão impressionante.
A libertação do negro obviamente não virá por meio de nenhum “empreendedorismo”. Ela virá por meio da luta do negro nas organizações operárias. Ao mesmo tempo, é preciso organizar a autodefesa do negro, a maior vítima do aparato de repressão do Estado, que mata todos os dias dezenas de pessoas.